* Reportagem atualizada às 13h45, de 28/07/2020  

Do dinamismo das redes sociais e do senso de urgência da geração Z nasceu o TikTok. O aplicativo chinês surgiu há apenas quatro anos, mas foi 2020 que o levou definitivamente ao estrelato. Com a quarentena, vídeos virais (de celebridades e de anônimos) ganham a rede e criam novas formas de linguagem e de engajamento com o público. Agora, para a hotelaria, é interessante habitar esse ecossistema? 

Para quem ainda não está familiarizado, o TikTok é rede social mais cool do momento, principalmente entre os jovens. Não bastando isso, é também um fenômeno de crescimento. Entre as mídias sociais mais populares do planeta, o app chinês foi o que mais rápido atingiu a marca de 1 bilhão de usuários, aponta levantamento da FT Research, do jornal Financial Times. O infográfico que abre essa reportagem dá noção dessa acelerada expansão. Agora, a pergunta que fica é a seguinte: manterá sua relevância ou estagnará como Snapchat?
 
A resposta só o futuro dirá, mas falar da plataforma envolve outras cositas más… Uma denúncia recente e preocupante joga os holofotes sobre o app de vídeos de uma forma apimentada, digamos assim. Segundo o Anonymous, o TikTok nada mais é do que a ponta do iceberg de um ousada e complexa rede de espionagem do governo chinês. Em 1º de julho, a rede de hackers publicou em sua conta no Twitter: "Deletem o TikTok agora; se você conhece alguém que o utilize, explique que é essencialmente um malware operado pelo governo chinês que está conduzindo uma ação massiva de espionagem."

Em outro tweet no mesmo dia, a rede de hackers disse que a Apple “pegou” os chineses “dando uma olhada”, digamos assim, em alguns iPhones. Não só por isso, os Estados Unidos anunciaram a possibilidade de banir o TikTok de seu território. Tudo bem, há uma intensa guerra comercial entre China e a Terra do Tio Sam, mas vale destacar que, juntamente com outros apps do país asiático, o governo indiano já havia tomado essa medida radical. Teoria da conspiração ou verdade? Bem, se o Anonymous está dizendo…

A rede social chinesa rebate todas acusações, seja de práticas de segurança da informação ou mesmo de ser um "braço de espionagem" do governo chinês. Em nota, a empresa informa que leva a sério essas reivindicações "e estamos no processo de realizar uma revisão completa e determinamos que muitas delas são imprecisas ou refletem a análise de versões mais antigas do aplicativo que, em alguns casos, estão desatualizadas."

Em outro trecho, o TikTok informa que "está comprometido em respeitar a privacidade de nossos usuários e em ser transparente com nossos especialistas em comunidade e segurança sobre como o aplicativo funciona. Estamos constantemente nos esforçando para ficar à frente dos crescentes desafios de segurança e incentivamos nossos usuários a usar a versão mais recente do TikTok para que eles possam aproveitar a melhor experiência possível."

Sobre a acusação de espionagem, a empresa declarou: "O TikTok é de propriedade de investidores globais e possui uma equipe de gerenciamento baseada em todo o mundo nos mercados em que o aplicativo está disponível. O TikTok não está disponível na China e não fornecemos dados do usuário do TikTok ao governo chinês e não o faríamos se solicitado."

TikTok: conteúdo e como usar

Denúncias e espionagem à parte, o TikTok tem um forma de utilização diferente das demais redes sociais. Nela, não há espaço para impulsionamento de posts, técnica muito utilizada por plataformas como Instagram, Facebook e Twitter. Agora, voltando à hotelaria, faz sentido hotéis independentes e redes hoteleiras estarem ali presentes? E mais, é possível conquistar o público de forma orgânica?

Quem responde a essas questões é Rodrigo Barbosa, Community Manager do TikTok no Brasil. Sem compartilhar números, ele afirma que a rede cresce em popularidade a cada dia entre os brasileiros. Quanto à presença de marcas, Barbosa revela que a empresa vem estabelecendo uma série de parcerias no país. "Alguns perfis de marcas no Brasil recebem nosso apoio, como Guaraná Antarctica, UOL e Corinthians, entre outros", revela. 

Segundo o executivo, a presença do segmento de viagens dentro da plataforma é grande. A gigante Ctrip, por exemplo, está lá dentro. "Em nossa comunidade, milhares de criadores de conteúdo compartilham suas experiências viajando pelo Brasil e pelo mundo. Hotéis, agências de viagens e blogueiros podem tornar sua presença conhecida em nossa plataforma, simplesmente concentrando-se na produção de conteúdo criativo e envolvente", aponta.

Agora, como interagir com o público? A resposta não difere muito das outras plataformas: autenticidade é a palavra-chave. "As marcas devem permanecer fiéis a sua história, contando como querem que seja contada, enquanto também pensam no formato exclusivo do TikTok, garantindo que o conteúdo seja autêntico para a plataforma e a maneira como as pessoas o usam. O conteúdo do TikTok é único, às vezes surpreendente, e o que ressoa e se torna viral são os momentos da vida real", recomenda Barbosa.

Um exemplo recente de ação interessante dentro do TikTok foi da Meliá Hotels International. A rede espanhola ingressou na plataforma por meio de desafio com estudantes universitários. A ideia era não só marcar a estreia da marca na rede social, mas, por meio do concurso, dialogar diretamente a geração Z – e engajá-la, claro.

Barbosa: autenticidade é a palavra-chave para se destacar no TikTok

"O TikTok não é uma rede de conversão, mas para a marca começar a conversar com o usuário”, observa Alexandre Bessa, professor de Canais Digitais da ESPM-SP (Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo). “É o chamado topo do funil: um canal para você marcar sua presença, mostrar seus valores e desenvolver uma conversa para aprofundar o relacionamento", completa.

Planejamento e inspiração 

Diante disso, e pensando na estratégia de canais de comunicação dos hotéis, o objetivo dentro da rede não deve ser outro senão gerar awareness. “A partir dali criam-se propostas para uma possível conversão", destaca o professor, que, assim como Barbosa, diz que autenticidade e ligação com tom da marca são essenciais para colher bons frutos. “É preciso ter conhecimento muito claro das suas propriedades para que isso não soe forçado. E vale a pena olhar como hotéis lá fora estão tratando essa questão", recomenda.

Quanto ao público-alvo, apesar da rede se comunicar bem com jovens, há ainda diálogo com outros recortes. Quanto à produção de conteúdo, Bessa explica que a plataforma é feita para criar circuitos de conteúdos virais. "Você desenvolve uma linguagem própria que tem a ver com o seu DNA ou você contrata influenciadores que já estão dentro do TikTok para começar a criar conteúdos para sua marca", ensina. 

"Os vídeos imersivos e curtos do TikTok permitem que as marcas expressem seu conteúdo de forma criativa, usando formatos nativos e únicos para alcançar novos públicos, criar afinidade com a marca, direcionar o tráfego e conversas para fora da plataforma, que podem ser incorporadas em diferentes segmentos", finaliza Barbosa.

Caso ainda não saiba se o TikTok é uma boa ou não para seu hotel, a rede de vídeos chinesa indicou ao Hotelier News uma lista de perfis ligados ao turismo. Clique, confira, inspire-se e, claro, veja se faz sentido para sua marca: 

https://www.tiktok.com/@hurb 
https://www.tiktok.com/@destinosimperdiveis 
https://www.tiktok.com/@paixaoporviajar 
https://www.tiktok.com/@loucosporviagem 
https://www.tiktok.com/@maladeaventuras 
https://www.tiktok.com/@viagemegastronomia 
https://www.tiktok.com/@196sonhos 
https://www.tiktok.com/@prefiroviajar

(*) Crédito da capa: antonbe/Pixabay

(**) Crédito do infográfico: reprodução de internet/Financial Times

(***) Crédito da imagem: reprodução de internet

(****) Crédito da foto: Divulgação/TikTok