A unidade Transamérica do Recife é a primeira da
rede do segmento corporativo no Nordeste
(fotos: Filip Calixto)

 

Você vai ouvir por aí que Recife é a nova capital do Nordeste, que é um importante centro econômico em sua área, que suas imediações são classificadas como a maior aglomeração urbana nesta região do Brasil, que os números de investimentos empresariais na cidade crescem a cada ano, e assim sucessivamente – até esbarrar numa de suas praias, numa tarde de sol. Como sempre, os números e estatísticas importam menos. Verdade que esta capital possui evidências grandiosas de desenvolvimento, mas ainda assim não deixa de ser um belo cenário para renovadoras férias à beira-mar.
 
Foi esta cidade, de crescimento inegável e bonitas paisagens, a localidade eleita pelo THG (Transamérica Hospitality Group) para abrigar seu primeiro hotel corporativo na região Nordeste do Brasil. Em funcionamento desde o dia 8 de agosto, o Transamérica Prestige Beach Class International é o primeiro empreendimento da rede a ostentar em seu nome a bandeira Prestige, a mais luxuosa da cadeia hoteleira. O hotel, cujo aporte foi de R$ 75 milhões, se mostra preparado para atender à demanda crescente do público corporativo de passagem pela capital pernambucana.
 
São 95 apartamentos no pool, oito por patamar, espalhados em 35 andares, e todos com vista para o mar. Conta com restaurante para até 150 pessoas, fitness center, sauna, centro de convenções e piscina. O Transamérica Prestige já nasce sob a responsabilidade de ser referência para o THG, empresa pertencente ao conglomerado do grupo Alfa
 
Fundada em 1972, ainda com o nome Transamérica Companhia de Hotéis, a rede, que é 100% nacional, tinha como premissa criar e desenvolver as atividades da indústria hoteleira e implantar a infraestrutura necessária ao fortalecimento do turismo no Brasil.
 
Algum tempo depois, entrou de vez no mercado de administração hoteleira e iniciou um plano de expansão de negócios. Hoje, conta com 20 empreendimentos, localizados nas cidades de São Paulo, Sorocaba, Jundiaí, Rio de Janeiro, Curitiba, Vila Velha e o recém-inaugurado em Recife – somando mais de 4,8 mil apartamentos.   
 
Da área da piscina, a vista para a praia
 
As unidades da rede seguem a classificação internacional padrão, segmentadas em midscale, upscale e luxo. Cada uma delas, no entanto, têm identificação secundária que as categoriza. Os hotéis são nomeados em Classic, Executive, Prime, Prestige e Club.
 
Comemorando a inauguração do hotel e apostando que o mercado corporativo pode gerar bons resultados até em terras litorâneas, Paulo Celso Bertero, Heber Garrido, ambos diretores do THG, e Marcelo Augusto, gerente geral da unidade recém-inaugurada, narram ao Hôtelier News sobre planos, expectativas, opiniões e impressões da nova investida do grupo hoteleiro.
 
Por Filip Calixto*

 
  
Dois ângulos diferentes do lobby do hotel
 
Paulo Bertero: A construtora começou a desenvolver o projeto de construção do empreendimento, e aí entramos num processo, digamos assim, de concorrência. A edificação tinha todas as características de um bom hotel, o que foi mais um incentivo para o grupo Transamérica.
 
Heber Garrido: Foi um processo que começou em 2009. De lá até aqui, eles fizeram a escolha da administradora hoteleira entre as principais do País, nacionais ou internacionais. Foi uma negociação bem difícil, que durou cerca de oito meses, isso por conta da qualidade do empreendimento, do momento pelo qual passa o mercado hoteleiro da cidade, do tamanho da edificação e do tamanho da Moura Dubeux, que é uma grande empresa parceira, incorporadora responsável pela construção do edifício.
 
Paulo Bertero: Depois de um trâmite muito concorrido, com muitas operadoras hoteleiras no páreo, o Transamérica foi eleito para gerir o espaço com um contrato, que a princípio é de quatro anos.
 
Heber Garrido: Quando começamos a conversar com a Moura Dubeux, a gente interferiu nas plantas, sugerindo uma operação hoteleira que gerasse maior conforto possível para o hóspede. Participamos de detalhes da planta para poder disponibilizar para o cliente o melhor serviço possível. É um projeto muito interessante, pela qualidade, pelo posicionamento, pelo mercado em que ele está inserido.
 
Paulo Bertero: Apostamos no produto como um marco na hotelaria corporativa de Recife, pela qualidade e amplitude das instalações. Hoje você tem no mercado apartamentos com 22 m², 24 m². Os apartamentos deste empreendimento têm mais de 38 m², o que já é um diferencial.
 
Os apartamentos têm cerca de 38 m²
 
Heber Garrido: Já começamos com um empreendimento upscale, de alta qualidade, pois enxergamos que, fora o interior de São Paulo, a melhor opção para crescimento no País, até geograficamente, é o Nordeste.
 
Além de Recife, já estamos conversando com parceiros em mais três capitais nordestinas. Serão três novos projetos, só não podemos dar detalhes, pois ainda estão em negociação. Mas, por enquanto, estamos muito focados neste empreendimento, queremos consolidá-lo, e entendemos que é o principal cartão-postal que poderíamos ter para entrar com força aqui nessa região, onde o Transamérica mais quer crescer.
 
Pretendemos anunciar, pelo menos até o final deste ano, mais dois fechamentos de contrato em outras duas capitais da região. Esse é o momento de apostar no mercado corporativo.
 
Paulo Bertero e Heber Garrido, diretores do
Transamérica Hospitality Group
 
Transportando a filosofia do THG
Um dos principais objetivos da unidade Recife do Transamérica é manter a qualidade de atendimento. Para isso, uma tática de trazer alguns colaboradores em áreas específicas para auxiliar na implantação, foi aplicada. 
 
Paulo Bertero: Trouxemos alguns profissionais que já têm nossa filosofia, conhecendo nossos mecanismo e procedimento, fica mais fácil de se implementar uma cultura.
 
Gerência, controller e alguns cargos pontuais que consideramos estratégicos nós trouxemos de hotéis que já estão em operação. Entretanto, funções como camareira, recepção e algumas outras, nós contratamos mão de obra local.
 
Quando você traz cargos de chefia, isso é um facilitador para a implementação de uma filosofia de trabalho, pois são pessoas que conhecem nosso sistema.
 
Marcelo Augusto: Mesmo 95% de nossos colaboradores sendo locais e ainda não conhecendo com abrangência a filosofia da rede, aqui você encontra um atendimento mais específico. Isso se explica pelo número de colaboradores maior do que o convencional.
 
Paulo Bertero: Não vejo diferença na parte de atendimento do hotel daqui para os da região Sudeste. O atendimento dentro de um padrão, no qual o Transamérica trabalha, tem que ser bom independente de onde o hotel esteja situado. Tem que seguir esta diretriz de qualidade. Isso é uma situação que colocamos em todos os empreendimentos que administramos, até porque, a nossa marca está à frente do hotel. Se você tem uma má prestação de serviços ou um produto que não esteja em ordem, está maculando a sua marca.
 
“Se você tem uma má prestação de serviços ou um produto que
não esteja em ordem, está maculando sua marca”
 
Heber Garrido: Além de darmos atenção especial ao corpo de funcionários, a inovação é uma constante preocupação do Transamérica. Vamos trazer agora para cá uma operação de check-in e check-out que permite que o cliente faça essas operações pelo seu iPhone, pelo seu iPad, pela web. É uma inovação para a região, e até para a hotelaria nacional. O que nos possibilita fazer isso é que a plataforma tecnológica é própria, desenvolvida pelo THG. Isso também é uma forma de posicionar o produto. Podemos dizer que é o único da região que vai poder oferecer esse tipo de serviço.
 
É o equivalente ao que as companhias aéreas já têm: você pode fazer o procedimento de check-in via internet. O nosso, além do check-in, fará o check-out – podendo ser realizado em outras plataformas, como na própria televisão do apartamento. Tudo isso é possível porque a tecnologia é própria.
 
Cenário favorável
Além do hotel, estrategicamente localizado, no bairro de Boa Viagem, região nobre da capital pernambucana, o desenvolvimento da cidade foi outro fator que estimulou a implementação da nova unidade da rede Transamérica. A capital do frevo vem recebendo cada dia mais eventos corporativos, convenções de negócios e grandes feiras, nacionais e internacionais. Elementos que, segundo os representantes da cadeia hoteleira, elevam a confiança sobre os resultados do novo estabelecimento hoteleiro.
 
Paulo Bertero: Recife é, sobretudo, um mercado aquecido. A economia da cidade passa por um bom momento. Está acima da média da taxa de crescimento das capitais de outros estados. Isso é um fato gerador de demanda. Aliando isso à qualidade do produto que estamos oferecendo, acreditamos numa boa performance no mercado recifenho.  
 
O gerente geral do Transamérica Recife, Marcelo Augusto
 
Marcelo Augusto: Esta é a cidade do Nordeste com maior crescimento no momento. Todos os olhos estão voltados para cá. O município registrou crescimento até maior do que o próprio PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro. O desenvolvimento do Porto de Suape [Complexo Industrial, situado numa área de 13,5 mil hectares, entre os municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, Região Metropolitana do Recife, que possui dezenas de empresas], a instalação de uma nova fábrica da Fiat, numa das cidades próximas, e outras coisas que estão acontecendo na cidade geram motivação para que, não só este mas outros empreendimentos sejam lançados também.
 
As empresas que estão se instalando aqui necessitam de profissionais especializados em áreas específicas, profissionais que nem sempre são encontrados no entorno. Por isso as corporações têm que trazê-los de fora, de outros estados – o que gera público para morar e para se hospedar. A consequência foi um boom imobiliário muito grande, os imóveis valorizaram muito de alguns anos para cá. 
 
Heber Garrido: Acho que o município virou um destino de eventos. A exemplo de São Paulo, há muitos eventos corporativos acontecendo. As pessoas vêm aqui ou para visitar exposições ou para participar de convenções e grandes reuniões. Outros fatores são: a chegada de grandes empresas e a vocação hospitalar que a cidade tem. Há uma série de eventos que tornam o Recife uma localidade extremamente atraente e que geram público para os hotéis.
 
Marcelo Augusto: Ainda existem muitas construções paradas, que foram reativadas justamente para atender este público que aumenta a cada dia. A demanda só não é maior porque as áreas de eventos no entorno ainda são pouco desenvolvidas, mesmo o centro de convenções de Pernambuco ainda é pequeno para atender ao número de pessoas que passam por lá.
 
A cidade cresceu demais sem ter infraestrutura. Acho que agora os órgãos públicos estão sentindo essa necessidade e agindo para que ocorram melhorias em relação ao transporte e à segurança – que é um setor deficiente na cidade. Existem projetos para melhorias nestes setores, mas nenhum finalizado. A prefeitura tem, em mãos, projetos de urbanização entregues por construtoras, mas ainda, por questões burocráticas, isso não sai do papel. Existe uma série de providências que precisam ser tomadas para fazer com que esses projetos vinguem.
 
Engravatados como foco; sem abrir mão do lazer
Mesmo com belas paisagens, praias paradisíacas, construções antigas e cultura local em cada esquina, o turista de lazer, para os executivos hoteleiros, não é o foco principal. Os engravatados, que representam o mundo corporativo e suas muitas viagens e reuniões são agora o cliente número um e substituirão os viajantes sem preocupações.
 
Heber Garrido: Aqui em Recife, até anos atrás, o mercado de lazer era muito forte, principalmente com a presença de muitos turistas internacionais. Contudo, isso mudou muito, mudou não porque acabou esse público mas sim porque ele migrou para destinos como Porto de Galinhas, por exemplo. No sentido contrário, o público corporativo cresceu muito. Nos estudos que fizemos analisamos muito isso e constatamos que Recife, em se tratando de Nordeste, é um dos principais pontos de crescimento nesse segmento.
 
“Aqui em Recife, até anos atrás, o mercado de lazer era muito forte,
principalmente com a presença de muitos turistas internacionais”
 
Paulo Bertero: Nosso foco, com este hotel, é o mercado corporativo. Obviamente que um executivo vem, e gostando do hotel, pensa num dia voltar com a família para outra finalidade: o lazer. Uma coisa gera a outra.
 
Heber Garrido: É importante ressaltar que não estamos descartando o mercado de lazer, vamos atender este mercado. Mas assumimos, até arquitetonicamente, que somos um empreendimento corporativo. O que você vê aqui em Recife? O hotel, por está à beira-mar, tem uma tendência para o lazer, com decoração temática, estrelas do mar, elementos que lembrem o oceano. Aqui não, a decoração é sóbria, é um hotel corporativo. E é assim que queremos posicioná-lo, como o mais novo e o principal hotel corporativo da cidade.
 
Marcelo Augusto: Na realidade Recife não é mais uma cidade de lazer por falta de espaço para esta vocação. Acho que existe uma falha na divulgação do turismo local. Aqui existe uma gastronomia maravilhosa, pontos turísticos, praias muito bacanas como Tamandaré, Maria Farinha. Existem muitos destinos aqui e nada disso tem a visualização que merecia para que as pessoas conheçam melhor. A cidade hoje está muito vinculada ao público corporativo e, por isso, você não consegue ver nada de divulgação como destino de lazer. Existem lugares aqui muito bacanas, mas, não existe publicidade por parte dos próprios órgãos daqui. 
 
Paulo Bertero: Hoje nós temos um total de 20 empreendimentos, nas cidades de São Paulo, Sorocaba, Jundiaí, Rio de Janeiro, Curitiba, Vila Velha e agora em Recife. Temos também empreendimentos com negociações em andamento no interior de São Paulo e em Belo Horizonte. São transações ainda em fase de negociação, sendo todas parte de um período de expansão, pelo qual o Transamérica está passando.
 
Para o sucesso do Transamérica Prestige em Recife destaco três fatores: o momento da cidade, a qualidade do empreendimento e a força da marca Transamérica.
 


*A reportagem do Hôtelier News viajou à capital pernambucana a convite do THG.