Carro que do Projeto Turismo Responsável
(fotos: divulgação)

Este mês, um projeto um tanto quanto desafiador começa para dois membros da equipe do Portal Ecoviagens: a divulgação durante três anos, por meio de viagens em todo o Brasil, do que é fazer turismo responsável. Apoiados por parcerias firmadas com a Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta), a Associação Férias Vivas, a Aventura Especial, o Instituto de Hospitalidade (IH), o Programa de Certificação em Turismo Sustentável (PCTS), o programa PegaLeve!, a SOS Mata Atlântica e a Adventure Sports Fair, passarão por mais de 250 cidades do país levando, a cada uma, a mensagem sobre a importância da sustentabilidade no turismo.

Antes de cair na estrada, o diretor do Portal Ecoviagens, Marcelo Maestrelli, contou detalhes da ação para o Hôtelier News e abordou os benefícios que o Projeto Turismo Responsável pode trazer à hotelaria.

Por Karina Miotto


Marcelo Maestrelli, idealizador do Projeto Turismo Responsável

HN: Qual é o objetivo deste projeto?
Marcelo Maestrelli: Mostrar a todo o Brasil como é fácil fazer turismo responsável.

HN: O que é turismo responsável?
Maestrelli: É aquele que busca a sustentabilidade social, econômica e ambiental da região e comunidades locais, atendendo às necessidades do turista e, ao mesmo tempo, protegendo e incrementando as oportunidades para o futuro por meio de serviços oferecidos em harmonia com o meio ambiente local, povos e culturas de modo a beneficiar estas comunidades e não torná-las vítimas do crescimento do setor.

O turismo sustentável só será alcançado com a prática de forma responsável pelos profissionais do trade, poder público, ongs e visitantes. Diante deste cenário, o projeto irá levar a milhões de brasileiros conceitos sobre a importância de praticarmos o turismo de forma responsável.

 

HN: Quantos estados você vai visitar?
Maestrelli: Vamos visitar todos os 26 estados e o Distrito Federal em três anos a partir de Florianópolis. Passaremos pelas capitais na seguinte ordem: Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Macapá (AP), Belém (PA), Palmas (TO), Brasília (DF), Goiânia (GO), Teresina (PI), São Luis (MA), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Salvador (BA), Vitória (ES),  Rio de Janeiro (RJ). Depois retornamos à Florianópolis.

HN: Você vai ficar em média quanto tempo em cada cidade?
Maestrelli: Ficaremos cerca de cinco dias.

 

HN: Quais são as ações previstas no projeto?
Maestrelli: Ministraremos palestras aos empreendedores e profissionais do trade nas principais cidades turísticas do Brasil. As apresentações serão realizadas com apoio das secretarias de Turismo e levarão orientação e conscientização aos colaboradores abordando temas como: certificação em turismo sustentável e de aventura, implementação de tecnologias ambientalmente saudáveis, segurança e prevenção de acidentes em turismo e adaptação de estabelecimentos para a recepção de deficientes, entre outros.

São mais de 250 cidades por onde passaremos, mas infelizmente por falta de tempo, não será possível ministrar palestras em todas. Iremos priorizar as maiores, mais importantes para o turismo e as cidades nas quais tivermos apoio logístico e operacional da prefeitura.

Além disso, também vamos promover a campanha É fácil fazer turismo responsável, daremos entrevistas à imprensa local e nacional, faremos recepção aos jornalistas que desejem produzir matérias sobre o projeto, identificaremos ações responsáveis que já venham sendo praticadas por ongs, prefeituras, empresas e pessoas das comunidades e captaremos imagens e informações a respeito do potencial turístico das regiões visitadas.

HN: O que os internatutas podem encontrar no site do projeto, o Portal interativo do turismo responsável?
Maestrelli: O portal tem áreas de divulgação sobre tudo o que será abordado em nossas palestras pelo país.

Ele também ampliará a repercussão do projeto para o Brasil independentemente da localização física da equipe de campo que ministra as palestras, funcionando como um centro de divulgação e discussão sobre a prática responsável e sustentável do turismo com recursos de fóruns, notícias diárias, enquetes e reportagens para que profissionais de turismo, empreendedores, turistas, ongs e demais interessados no assunto possam discutir e debater livremente sobre a responsabilidade na prática do setor.

HN: Como vocês vão divulgar o projeto durante seu andamento?
Maestrelli: Produziremos matérias voltadas aos turistas e aos empreendedores, que serão publicadas em áreas distintas do Portal interativo do turismo responsável.

O objetivo é identificar ações responsáveis que estejam em prática nos pontos por onde a equipe móvel passar e divulgá-las para que sirvam de bons exemplos a serem seguidos por outras regiões deste vasto Brasil. Também temos a intenção de produzir um livro no final, mas isso dependerá de novos apoios que serão negociados após o início do projeto. 
 
HN: Quais benefícios este programa pode trazer à hotelaria?
Maestrelli: Serão benefícios para a hotelaria: conscientização do turista para que ele haja com responsabilidade em suas viagens, orientação dos empreendedores para que ofereçam seus serviços atuando em harmonia com a sustentabilidade ambiental, econômica e social do local e divulgação do potencial turístico do Brasil e dos benefícios da prática do turismo como melhoria da qualidade de vida.


Este quadro explica o que é praticar turismo responsável tanto para turistas
quanto para profissionais do trade

HN: Em suas viagens vocês vão entrar em contato com hoteleiros?
Maestrelli: Entraremos em contato prévio com as prefeituras, conselhos municipais de turismo ou associações de meios de hospedagens, dependendo da cidade. Ofereceremos gratuitamente nossa palestra de conscientização e orientação aos empresários. E será a prefeitura, comtur ou associação que vai ter que articular e convidar os donos de hotéis, pousadas e agências a comparecerem na apresentação.
   

 

HN: Quais os benefícios para a hotelaria do turismo feito de forma responsável?
Maestrelli: Se os hoteleiros oferecem seus serviços de forma responsável, atuando em harmonia com a sustentabilidade ambiental, econômica e social do local, ele pode (e deve) se promover por isso, divulgando aos clientes e à imprensa que se preocupam e colaboram com o desenvolvimento sustentável através do turismo. 

Porém, aqueles que forem mais longe e buscarem a Certificação em turismo sustentável, serão divulgados por meio de campanhas internacionais do Programa de certificação em turismo sustentável (PCTS) em sites como, por exemplo, o www.sustainabletourismbrazil.org, além de outros programas de divulgação do Brasil no exterior promovidos pela Embratur.

Se os hoteleiros se certificarem no Programa de certificação do turismo de aventura, estarão trabalhando em conformidade com as normas ABNT, além de atraírem muito mais clientes que, no futuro próximo, estarão buscando apenas serviços certificados pelo Inmetro em turismo de aventura.

HN: O projeto também apóia pessoas portadoras de deficiência?
Maestrelli: Sim. Se os hoteleiros adaptarem seus estabelecimentos para receberem os deficientes, estarão ampliando o mercado para um público que não é pequeno, além de estarem cumprindo com o respeito a estes turistas especiais, que são pessoas como nós e têm o direito de praticarem o turismo como nós.

Eis o tamanho do mercado dos turistas especiais: 14,5% da população brasileira (24 milhões). Claro que nem todos viajam. Porém, os que viajam (quando encontram estabelecimentos adaptados), sempre precisam de acompanhantes, então é, no mínimo, vezes dois….

O turismo responsável é o meio para chegarmos à sustentabilidade, que contempla a harmonia com a sociedade e uma das três bases da sustentabilidade é a inclusão social. Responsabilidade se refere não somente a cuidar do meio ambiente, mas também à forma como as pessoas podem interagir com ele de maneira harmônica e equilibrada.

Os deficientes hoje em dia não têm a possibilidade de conhecer a maioria das cachoeiras que se divulgam nos principais destinos de natureza. Ou seja, não estamos proporcionando condições para eles conhecerem as paisagens que tanto nos trazem prazer.

 

HN: Quais os valores de patrocínio, para quem quer ajudar neste projeto?
Maestrelli:  R$ 2,7 mil por um ano, R$ 4,5 por dois anos e R$ 6,3 mil por três anos.

HN: Você pode contar um pouco sobre o que te levou a idealizar esse projeto e as dificuldades que teve até conseguir concretizá-lo?
Maestrelli: Bem, já faz mais de 15 anos que trabalho viajando por esse Brasil e percebo que em alguns destinos existem movimentos liderados por prefeituras ou ongs que promovem o desenvolvimento sustentável através do turismo. Porém, na grande maioria dos destinos, vemos uma série de empreendedores tentando ter sucesso com suas empresas, querendo divulgar o turismo de suas regiões, mas sem se preocupar com as conseqüências do resultado desse turismo que eles tanto querem.
Quero dizer: se eles não buscarem formas de oferecer seus serviços em harmonia com a sustentabilidade de suas regiões, estarão prejudicando a comunidade, a economia, o meio ambiente e, consequentemente, o futuro de seus próprios negócios.

Por outro lado, em alguns destinos eu presencio e vivencio ações que promovem a sustentabilidade da região sendo praticadas por ongs, prefeituras, empresas ou mesmo pessoas físicas e que poderiam ser praticadas em outros destinos, mas não há esta comunicação. Aí entra o nosso projeto: captando bons exemplos e levando para mais localidades.

HN: Enfim, você percebeu a carência de informação e ação em turismo responsável e teve a idéia do projeto, é isso?
Maestrelli: Em duas linhas, yes!

HN: E quanto tempo demorou pra colocar essa idéia em prática, do pensamento à idealização?
Maestrelli: Iniciamos os trabalhos em janeiro de 2006. Portanto, até outubro, quando o colocamos em prática, foram dez meses.

Sobre as dificuldades, a maior delas é a mesma para qualquer projeto: falta de apoio. Todos acham o projeto excelente, uma grande iniciativa, porém são muito poucos os que apóiam financeiramente.

Serviço
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www.turismoresponsavel.tur.br