por Karina Miotto

Empresas que se preocupam com o meio ambiente e que fazem uso de recursos ecologicamente corretos melhoram a imagem no mercado, colaboram com a natureza e ainda economizam capital. É uma troca justa. Empreendimentos que colocam em prática a consciência ambiental reduzem a poluição, o consumo de energia, a contaminação e o impacto ambiental. Enfim, é um tipo de negócio em que todos saem ganhando.

O segmento hoteleiro não fica de fora. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, o mundo hoteleiro pode fazer uso racional de água, energia e gás, reciclagem de lixo e até mesmo investir na conscientização ambiental de hóspedes e funcionários. A afirmação da ABIH vem complementar as de Ricardo Mader, sócio-diretor da Hotel Investment Advisors (Hia), quando deu uma entrevista ao Hôtelier News sobre tecnologia sustentável na hotelaria.

Existem estudos que comprovam os benefícios da aplicação de tecnologias limpas – e meios de aplicação não faltam. Para aquecer a água, por exemplo, nada melhor do que energia solar. A economia é significativa. Um aquecedor solar gasta cerca de R$ 0,0035 por litro de água aquecida; um aquecedor a gás gasta R$ 0,64; um chuveiro elétrico, R$ 0,89. Esses números fazem parte dos dados do Programa de Energia da Universidade de São Paulo, publicados em 2003 na tese Aplicação de Tecnologias Limpas na Indústria Hoteleria para um Turismo Sustentável, feita por Marlene Martins Dias para a Faculdade Senac de Educação Ambiental. Quem quiser implementar aquecedores solares pode recorrer a instituições que entendem do assunto. A ong Sociedade do Sol (www.sociedadedosol.org.br) tem experiência no ramo e ajuda a tirar dúvidas de quem quiser substituir a energia elétrica.

O Hotel e Fazenda Rosa dos Ventos, que fica na região serrana do Rio de Janeiro, em Teresópolis, usa equipamentos solares há 29 anos. Até as piscinas externas são aquecidas dessa forma. De acordo com o hotel, o consumo de energia e os custos operacionais foram reduzidos. 

A instalação de um sistema de tratamento de esgoto para reuso da água é outra medida que pode ser aplicada em hotéis – e em outras empresas por aí também. Por que não começar a reaproveitar a água de chuveiros e lavatórios? Em 2003, a produção da Natura aumentou 27%, mas seu consumo de água caiu 4,5%, caminho seguido pela energia elétrica, que registrou queda de 9%.

Outra coisa para economizar mais água – lembremos, recurso natural não-renovável:  diminuir a vazão dos chuveiros, válvulas de descarga, bacias sanitárias e torneiras. Em tempos de recuperação do mercado hoteleiro, depois do “baque” de 2001 e 2002, o uso da ecoeficiência pode ajudar a diminuir muitos gastos. É um investimento a longo prazo que vale a pena para o hotel, para o hoteleiro, para o cliente e para o meio ambiente.

Por fim, a reciclagem de lixo. Esta ação, que aparentemente é mais popular que outras medidas, ainda não é aplicada em muitos hotéis, salvo raras exceções. O Pergamon Hotel é uma destas raridades. Recentemente, passou a reciclar latas, papel e vidro para revendê-los a empresas terceirizadas. De acordo com sua assessoria, a ação veio para “diminuir o uso dos recursos naturais, reduzir o consumo de energia e controlar a poluição do meio ambiente”. O Tropical das Cataratas também se preocupa com o meio ambiente e por isso reaproveita a água e recicla o lixo. Não à toa recebeu, em 2000, o ISO 14001 de qualificação ambiental.

Mais ação
Antes de inaugurar o barco-hotel de luxo Grand Amazon, que faz cruzeiros pelo rio Amazonas, a rede espanhola Iberostar criou um sistema de esgoto com tecnologia alemã chamado biodigestor. Os resíduos armazenados não vão para o rio e são descartados no porto de Manaus para encontrar o destino final: um aterro sanitário. De acordo com a empresa, nenhum detrito é despejado no Amazonas. “Nos preocupamos com o impacto ambiental”, afirma Orlando Giglio, diretor comercial da empresa no país.

João Allievi é presidente do Instituto de Ecoturismo no Brasil e também faz uso de tecnologias limpas no Refúgio de Montanha, espaço com chalés que mantém na Pedra do Baú. “Tenho compromisso com a conservação da natureza”.

Existem muitos órgãos que apóiam o uso de tecnologias limpas. O Roteiros de Charme (www.roteirosdecharme.com.br) é um exemplo. Associação hoteleira sem fins lucrativos, divulga a hotelaria que trabalha com responsabilidade social e ambiental. “Atualmente contamos com 44 hotéis. Faz parte de nosso critério de seleção a preocupação com o meio ambiente”, afirma Mônica Borobia, diretora ambiental da instituição.

Mais reação
Além de degradar menos o meio ambiente e de economizar capital com o uso de tecnologias limpas, hotéis e pousadas que demonstram essa preocupação com impacto ambiental e que adotam medidas ecoeficientes conquistam o respeito e a fidelidade de seus clientes. “Ganha pontos comigo”, afirma a jornalista Theresa Dino. O editor Fabiano Falsi complementa: “com certeza comigo também. Gostaria de ver mais estabelecimentos com esse tipo de iniciativa”. Em tempo: Theresa e Fabiano adoram viajar.

Agradecimento: Portal Ecoviagens