O Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol e, apesar de eventuais tropeços em alguns campeonatos – inclusive na final da única copa em que foi sede, em 1950 -, faz juz à sua reputação. Entretanto, sediar um evento deste porte, ainda mais para um país emergente que sofre com problemas socioeconômicos e estruturais, remete a desafios bem maiores do que nossos craques enfrentarão em campo.

Como estímulo, se bem recebida e comportada, a Copa pode plantar sementes férteis e gerar frutos no campo de desenvolvimento econômico do país, sobretudo nos setores turístico e hoteleiro, uma vez que os destinos tupiniquins receberão investimentos para ampliar e melhorar suas infra-estruturas até o mês da competição, e ficarão em evidência mundial.

Resta saber como os desafios estão sendo encarados, quais as necessidades – e as possibilidades reais de saná-las -, quando e como serão resolvidas. Em busca das respostas, a equipe do Hôtelier News ouviu autoridades e profissionais do trade para traçar um panorama sobre a viabilidade e a herança dos grandes eventos para o setor.

Por Fernando Chirotto, com colaboração da redação


Joseph Blatter, presidente da Fifa, ao anunciar
o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014
(foto: ricardolampert.files.wordpress.com)
O Ministério do Turismo aguarda cerca de 600 mil visitantes estrangeiros durante o mês da Copa. No caso do Pan-americano, o Rio de Janeiro recebeu 87 mil pessoas – entre brasileiros e estrangeiros -, incluindo prestadores de serviços, delegações, atletas e jornalistas. A movimentação econômica geral chegou a R$ 1 bilhão, sendo R$ 141 milhões destes gastos por pessoas de outros países.
No dia 25 de abril, o Ministério promoveu um seminário com a presença de Laurine Platzky, vice-presidente do Governo Provincial de Cabo Oeste, que falou dos preparativos da África do Sul para a Copa de 2010.

“O Ministério realizou o Seminário internacional: perspectivas e desafios para o turismo – Copa do Mundo de 2014 para promover a troca de experiências com países que já sediaram ou estão se preparando para a realização de grandes eventos esportivos, como Alemanha, Espanha, China e África do Sul. O objetivo era inserir o setor na agenda dos projetos ligados à Copa, apresentando desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentado do mercado de viagens no Brasil. O seminário foi apenas o primeiro passo para organizar o turismo voltado ao mundial de 2014. Outras ações estão sendo desenvolvidas como o planejamento sobre mobilidade urbana, já entregue ao governo, e outro relacionado à aviação regional, em mãos do Ministério da Defesa”, antecipam os colaboradores do MTur, entre eles Airton Pereira, secretário nacional de Políticas do Turismo.


Airton Pereira, secretário nacional de Políticas
de Turismo do Ministério do Turismo

(foto: divulgação)

Quando questionado sobre o maior desafio para fazer do Brasil um país apto para sediar a Copa, bem como os investimentos em reformas de infra-estrutura, melhorias em segurança, hospedagem, qualificação de empreendimentos e turismo receptivo, o Ministério afirma que já está agindo para viabilizar a realização do evento.

Estamos aptos a sediar a Copa do Mundo, tanto que fomos escolhidos pela Fifa. Estamos desenvolvendo ações voltadas para a competição de 2014 desde quando o Brasil foi anunciado oficialmente como país-sede do evento. Já temos o Estudo de Competitividade dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico, entre os quais estão 18 cidades concorrentes em que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) está focando um estudo. A partir daí os investimentos serão direcionados às necessidades identificadas. Há uma estimativa global de investimentos em turismo – mobilidade, acessibilidade e qualificação – na ordem de R$ 10 bilhões até 2014. É preciso lembrar que a Copa do Mundo é um evento da iniciativa privada e que ao estado cabem os investimentos públicos. O Ministério do Turismo, por exemplo, já gastou, até 2007, R$ 1,125 bilhão em mobilidade e acessibilidade nos destinos candidatos a sedes do mundial. Em ações de qualificação, neste mesmo período, investimos R$ 130 milhões”, afirma a entidade.


Frederico Silva da Costa,  secretário nacional
de Programas de Desenvolvimento do
Turismo do Ministério do Turismo

(foto: divulgação)

Sobre a herança que o evento deixará ao país, o órgão projeta grande crescimento do setor. “Todos os investimentos que o Brasil receber em infra-estrutura e serviços – ampliação do parque hoteleiro, revitalização de áreas urbanas e melhoria do receptivoficarão como um legado. Ao final, o turismo avançará muitos degraus e terá dado um salto de décadas em seu desenvolvimento”, completa.

Transporte aéreo

Uma das grandes questões a ser resolvida para a realização da Copa remete às condições da infra-estrutura aeroportuária do país. Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais da Azul Linhas Aéreas e ex-vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), informa que o número de embarques anuais no Brasil chega perto de 50 milhões, o que representa média 4 milhões de passageiros por mês. O executivo se baseia no número mínimo de rodadas que cada turista assistirá para calcular a quantidade de embarques durante o período.

“Supondo que cada viajante fique, em média, durante quatro rodadas da Copa – de um total de sete -, serão 4 milhões de embarques durante o período, o que dobrará o número mensal, sobrecarregando aeroportos e empresas aéreas”, projeta.

Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais
da Azul Linhas Aéreas e ex-vice-presidente da
Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag)
(foto: Fernando Chirotto)
De acordo com dados sobre as previsões dos números de passageiros e aeronaves em 2013, fornecidos por Febeliano após pesquisa no site da Infraero, os aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília poderão encontrar problemas mesmo antes da Copa.
 

* supondo CGH com 15.000.000 de pax ao ano
** supondo SDU com 3.200.000 de pax ao ano

*** Após cair para 10.002.008 pax em 2003,
o número voltou a crescer
“Em São Paulo, por exemplo, entre 2002 e 2007 o número de passageiros de Congonhas e Guarulhos aumentou de 24.349.405 para 34.061.029, o equivalente a um crescimento médio de 6,94% ao ano. Em compensação, a quantidade de aeronaves caiu de 426.682 para 393.524. Para 2013, estima-se que o número de passageiros chegue a 51 milhões. Entretanto, as capacidades previstas para São Paulo em 2013 correspondem a cerca de 41 milhões de passageiros e 527 mil aeronaves ao ano – mesmo número que a atual -, isso contando o Terminal 3 de Guarulhos, que deve incrementar o número de passageiros em 12 milhões. Desta forma, faltarão terminais, pistas e pátios”, alerta.

Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica)
(foto: Chris Kokubo)

“O caso de Brasília é ainda mais preocupante, uma vez que o crescimento médio de passageiros figura entre 12,91% ao ano. Para 2013, a previsão é de 23 milhões de passageiros e 134 mil aeronaves. Contudo, a capacidade prevista para o ano é de 15 milhões de passageiros (7,6 milhões acima da atual) e 322 mil aeronaves (mesma que a atual)”, explana.


Aeroporto Internacional de Brasília –
Presidente Juscelino Kubitschek
(foto: img240.imageshack.us)
Quando questionado sobre soluções para as necessidades aeroportuárias, afirma acreditar que há tempo hábil para as reformas, desde que as mesmas comecem imediatamente. “Para estar preparado para a Copa de 2014 o Brasil precisa aumentar muito a capacidade de seus aeroportos, em especial nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. São necessários investimentos não só em terminais e passageiros, mas também em pistas e pátios de estacionamento de aeronaves. No caso de São Paulo, é preciso que se inicie a construção do terceiro aeroporto metropolitano imediatamente. No Rio, deve-se revitalizar completamente os dois terminais do Galeão. Já em Brasília, um novo terminal de passageiros deve ser construído, além de uma extensão do metrô ao aeroporto”, conclui.

A Infraero, empresa pública responsável pela administração de 67 aeroportos nacionais, incluindo os de pequeno porte, por meio de Léa Cavallero, gerente de Imprensa, informou que “está em fase de levantamento da infra-estrutura aeroportuária necessária para atender à Copa. Para mapear toda a infra-estrutura necessária à realização da competição, foi celebrado um termo de cooperação técnica entre a União, por intermédio do Ministério do Esporte, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Associação Brasileira de Indústrias de Base (ABDib). Esse levantamento servirá não só para os próprios municípios se programarem como também para auxiliar a Fifa na escolha das cidades-sede. Os trabalhos, conduzidos pela ABDib, já estão em andamento, com visitas em todas as concorrentes. Após o anúncio das localidades, em março de 2009, será criado um Comitê Interministerial para Copa de 2014, coordenado pela Casa Civil”, antecipa.


Sérgio Gaudenzi, presidente da Infraero
(foto: divulgação)
Ao ser indagada sobre o tempo necessário para as reformas, declarou que “a Infraero tem consciência dos desafios, mas é importante deixar claro que dezenas de obras estão em andamento nos principais aeroportos brasileiros. A estimativa de investimentos nas estruturas de todo Brasil é de R$ 3,89 bilhões entre 2007 e 2010. Desse total, R$ 2,89 bilhões serão repassados pela União e R$ 1 bilhão como contrapartida da Infraero. Algumas das reformas são a construção do terceiro terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, que está previsto para terminar em 2012. No Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, será reformado o Terminal 1 de passageiros e concluído o Terminal 2, com gastos na ordem de R$ 400 milhões”, revela.

Reiterando a posição divulgada por Léa, Sérgio Gaudenzi, presidente da Infraero, afirma que os usuários podem ficar tranqüilos. “Vamos torcer para que outros setores trabalhem também, pois em relação à infra-estrutura aeroportuária não haverá problema. Hoje temos uma condição boa e, até lá, ela será ótima”, projeta.

Hospedagem
Uma das principais exigências da Fifa para as possíveis sedes é a qualificação dos parques hoteleiros, que, além de turistas, receberão membros da entidade máxima do futebol, imprensa, jogadores e autoridades de governos estrangeiros.

Os representantes da Match Services AG, empresa responsável pela seleção das cidades, venda e fabricação de ingressos para os jogos e tecnologia da informação, estão sediados em um escritório no Rio desde 2007, promovendo visitas aos candidatos, analisando os hotéis e orientando seus proprietários sobre os requisitos mínimos de hospedagem para fecharem os contratos.

De acordo com Paul Whelan, representante da empresa, a Copa engloba 214 países participantes, 376 canais de televisão, 43,6 mil programas de TV e 73 mil horas de emissão vistas por 715 milhões de pessoas. Durante palestra ministrada no Conotel, realizado em agosto no Rio de Janeiro, ele apresentou algumas notícias que apontavam baixa ocupação e diária média em queda na cidade de Pequim.

“Para que o mesmo não aconteça no Brasil, ou em qualquer cidade que se prepara para um evento do porte da Copa do Mundo ou da Olimpíada, é necessário um esforço de equipe para levar os hóspedes aos hotéis”, aconselha. Como case de sucesso foi citada a Alemanha, que após sediar o evento teve aumento de 31% de diárias vendidas para estrangeiros.


Paul Whelan, da
Match Services AG
(foto: Chris Kokubo)
Whelan ainda comentou que todas as diferentes classificações de empreendimentos – família Fifa, dos árbitros, base dos times, hotéis dos times nas cidades dos jogos, imprensa, patrocinadores, operadores e torcedores – possuem um mesmo contrato assinado, medida adotada para, segundo ele, “assegurar um tratamento justo para todos os meios de hospedagem”.

Na África do Sul
De acordo com informativo da Federated Hospitality Association of Southern Africa (Fedhasa), a Match contratará o mínimo de 55 mil UHs – entre hotéis e outros meios de hospedagem – para o mês da Copa.
 

Eddy Khosa, chairman da Federated Hospitality
Association of Southern Africa (Fedhasa)

(foto: Chris Kokubo)
Eddy Khosa, chairman da Fedhasa, também esteve no Conotel e falou sobre alguns dos benefícios que o evento traz. “O turismo já criou mais de 1 milhão de postos de trabalho na África do Sul. Nossos desafios são também oportunidades no setor político, legal, econômico e social, uma vez que, em nosso país, o HIV ainda mata muitas pessoas. Contudo, a Copa do Mundo é uma competição mundial e você não se dá conta até quando acontece no seu país, pois é diferente de qualquer outra realização. Devemos observar que é preciso preparar o país para que as heranças não se limitem às cidades-sedes”, declara.
 
Sobre os empreendimentos hoteleiros, destaca que a “reclassificação é importante para comprovar se os estabelecimentos são mesmo o que declaram. Estamos recebendo no nosso site cadastros de hotéis e outros meios de hospedagem, como bed & breakfasts e pousadas, que queiram ser oficiais”, finaliza.

Brasil

Atualmente o parque hoteleiro do país possui cerca de 25 mil meios de hospedagem, sendo 18 mil destes hotéis e pousadas. O faturamento figura na casa dos US$ 2 bilhões ao ano e os empregos gerados chegam a 550 mil. Entre os hotéis, aproximadamente 2,2 mil são associados à ABIH, totalizando 130 mil UHs, 75 mil empregos diretos e 100 mil indiretos.

Segundo Álvaro Bezerra de Mello, presidente da entidade, “o país comporta cerca de 5 milhões de turistas e, até a Copa, a idéia é aumentar para 9 milhões”.

Álvaro Bezerra de Mello,
presidente da ABIH Nacional
(foto: Chris Kokubo)
Em relação aos investimentos feitos para a Copa, o executivo defende ações cautelosas. “Estamos buscando soluções pertinentes no que diz respeito à hospedagem das pessoas que vierem para o evento. Não adianta construir hotéis que após o campeonato ficarão sem ocupação”, aconselha Mello, antes de sugerir uma outra solução para a questão da hospedagem. “Uma das alternativas é a vinda de cruzeiros marítimos, que poderão circular por diversos estados durante a competição. Assim não vamos desenvolver meios de hospedagem que poderão não ter sucesso após os jogos”, explana.

Presidentes de Associações Brasileiras da Indústria de Hotéis estaduais foram ouvidos, expondo os aspectos de seus destinos e propondo ações para receber a competição.

Rio de Janeiro
A cidade maravilhosa conta com um dos estádios mais emblemáticos do mundo, o Maracanã, que deve ser crucial em sua confirmação como sede. Para tanto, recebeu visitas dos representantes da Match, que analisaram as condições de hospedagem da região.

“Contamos com 28 mil quartos na cidade – segundo dados da TurisRio, o estado possui 75.381 UHs espalhadas por 3,5 mil meios de hospedagem – e pretendemos aumentar cerca de 1 mil por ano, o que somaria 6 mil até a Copa. Nossa ocupação geral está em torno de 67%, mas durante o evento com certeza chegará aos 100%. Contamos com 19 projetos que prevêem investimentos na ordem de R$ 1 bilhão, juntando verbas de iniciativas públicas e privadas, porém precisamos investir com cautela para não provocar uma overdose de oferta para pouca demanda, o que geraria quebra na receita. Já no caso de overbooking, os navios serão muito bem-vindos à cidade. Vamos arrendar e ancorar embarcações”, pondera Alfredo Lopes de Souza Júnior, presidente de ABIH-RJ.


Alfredo Lopes de Souza Júnior,
presidente da ABIH-RJ
(foto: divulgação)

Com o número de quartos regularizado, se faz necessária a capacitação de colaboradores, que atenderão a uma demanda turística maior e mais diversificada. “Já criamos o projeto ABIH faz o 1º Gol, no qual colaboradores de todos os departamentos, incluindo gerência, serão capacitados para o mês da Copa. As aulas serão ministradas por profissionais hoteleiros renomados”, adianta o executivo.

 
Estádios Jornalista Mário Filho (Maracanã) e 
Olímpico João Havelange (Engenhão), ambos no Rio

(foto: trekearth.com e odebrechtonline.com.br)

 

Contudo, a estrutura hoteleira não é o único aspecto necessário para que uma cidade possa sediar os jogos de forma competente. A hotelaria está diretamente ligada às necessidades turísticas, como transporte – aéreo e terrestre – e segurança.

“A questão da segurança não deve causar problemas. No caso do Pan, tivemos apoio extra de contigentes federais que deram conta. Outra prova disto é o carnaval, uma das festas que mais atrai turistas no mundo e sempre acontece no Rio. O transporte é o aspecto que mais me preocupa: tanto o aéreo como o terrestre são péssimos. Na região metropolitana, onde temos a maior concentração hoteleira, você demora horas para se locomover devido ao caos do trânsito, mesmo assim, acredito que a cidade tem potencial e fôlego para resolver essa questão, acho que vai dar tempo”, projeta.


O presidente fala com experiência de causa, uma vez que a cidade já sediou o Pan-americano de 2007. “Para os jogos foram construídas 8 mil UHs – só o Sofitel investiu R$ 40 milhões – e o Engenhão (Estádio Olímpico João Havelange), que também funciona como arena multiuso, recebendo shows e eventos, o que é ótimo para a cidade. Pesquisas feitas em outras sedes apontam que, em um período de cinco anos após a realização de grandes eventos ocorre incremento de aproximadamente 20% na ocupação dos hotéis”, conta.

 
Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão) e avenida Presidente Vargas durante engarrafamento, ambos no Rio
(fotos: desenvolvimento.rj.gov.br e cariocanocerrado.com)

Quanto à herança da Copa, se mostra confiante, sem esquecer de ressaltar a importância do apoio de órgãos públicos. “A imagem do destino será divulgada no mundo inteiro, o que te ajuda a colher esses frutos com captações de grandes eventos futuros. Por isso, governos estaduais e federais têm que montar um calendário para essas realizações. Os governantes precisam cuidar da ordem e segurança das cidades, garantindo o sucesso dos eventos. Uma cidade que tem uma das novas maravilhas do mundo – Cristo Redentor, eleito em 2007 – não pode ter esses problemas. É provável que o Maracanã, que já é um atrativo, seja o palco do final da Copa. Além disso, a cidade é o mais importante destino turístico do Brasil. Visitantes que estiverem por todo o país aproveitarão para passar por aqui durante o campeonato”, arremata.


Cristo Redentor, uma das novas maravilhas do mundo
(foto: Antônio Gaudério / bp2.blogger.com)

São Paulo
Na qualidade de maior pólo econômico e de serviços do país, a cidade de São Paulo aparece como uma da principais candidatas à  sede da Copa de 2014. Como toda grande metrópole, sofre com problemas de excesso de trânsito e nível de violência elevado. Nestes seis anos que antecedem o evento, há muito trabalho a fazer.

De acordo com Bruno Omori, diretor executivo da ABIH-SP, a cidade está plenamente capacitada na questão de hospedagem. “Contamos com cerca 2,5 mil hotéis no estado, o que deve representar algo em torno de 150 mil UHs. A quantidade de apartamentos exigidos pela Fifa será sanada apenas na capital paulista, que possui cerca de 40 mil UHs. Se contarmos da área metropolitana até Campinas, o número se aproxima dos 100 mil. A hospedagem definitivamente não preocupa, muitos hotéis de grande porte já assinaram com a Match”, afirma.


Bruno Omori, diretor executivo da ABIH-SP
(foto: Chris Kokubo)

Vale ressaltar que, com a realização do campeonato, grandes eventos corporativos serão antecipados ou postergados. “A ocupação do estado se encontra estabilizada, com mais de 65% em julho – só a capital ultrapassou 70%. Com a Copa esperamos ocupação equivalente à de grandes eventos como Fórmula 1, que atinge 100%. Creio que até 2014 algo em torno de 5 mil novas UHs serão implantadas na cidade, mas essas ações serão realizadas independentes da competição, acompanhando a real demanda local. Se desequilibrarmos a oferta e a demanda teremos problemas depois dos jogos”, alerta.

 
 
Perspectivas artísticas dos estádios Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) e Palestra Itália (Parque Antarctica) após reformados
e convertidos em arenas multiuso

(fotos: Fernando Chirotto)


Para a capacitação, ele adianta dois projetos idealizados pela ABIH, sendo um deles a ser implantado neste ano. “Até o final de 2008 entrará em vigor um programa realizado em parceria com a Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo do estado de São Paulo, que prevê a qualificação e certificação de colaboradores. Focaremos na área operacional, profissionalizando camareiras e garçons, entre outros. Também estive em Brasília e entreguei um projeto para análise do Ministério do Turismo, este mais abrangente, que pretende capacitar profissionais de todo o estado”, revela Omori.


(foto: acommunities.com)

Sobre a infra-estrutura, o diretor da ABIH-SP aposta em ações governamentais. “O projeto do trem bala já foi aprovado, bem como os novos metrôs, que devem ser entregues até 2012. As secretarias da cidade e do governo do estado investirão pesado para sediar a Copa. No quesito segurança, acredito que haverá um esforço maior por parte do governo, iniciativa privada e da própria sociedade, para que o evento seja realizado de forma harmoniosa. Como em oportunidades passadas, os municípios terão ajuda do exército e de outras entidades federais”, analisa.

 
Rede metrô-ferroviária antes e depois das obras. O projeto foi exposto no 8º Encontro da Arquitetura Engenharia Consultiva de São Paulo por Jurandir Fernandes, diretor presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa)
(fotos: Fernando Chirotto)

Por fim, comenta sobre os benefícios para as sedes da Copa e dos atrativos que devem tornar São Paulo uma delas. “A cidade tem uma super infra-estrutura, capaz de atender qualquer evento do mundo. Entre as 20 maiores rodovias do país, temos 17. Nosso três aeroportos também aparecem como os mais preparados. Temos um turismo completo, no qual o viajante pode fazer uma trilha no meio do mato, ir à praia ou até a museus, cinemas, shopping ou teatros em um curto espaço de tempo. Contamos com os melhores hotéis e também com a mão-de-obra mais qualificada do Brasil. Acredito que a competição será um grande sucesso, um marco que deixará um legado para a população. É um acontecimento que ABIH-SP apóia e vai participar”, encerra.

 
 
Centro Empresarial Nações Unidas, Avenida Paulista,
Parque do Ibirapuera e Museu do Ipiranga:
marcas registradas da capital
paulista
(fotos:
upload.wikimedia.org, cafeina.lowebrasil.com.br, bp1.blogger.com e nossosaopaulo.com.br)


Florianópolis
A capital catarinense figura entre os mais importantes municípios turísticos do país, sendo muito freqüentada por visitantes latino-americanos. Porém, se confirmada como uma das sedes da Copa, o destino também terá que investir em sua infra-estrutura.

“Em 2007, a Match esteve em Florianópolis e contratou 4,5 mil UHs no estado, situadas na grande Florianópolis e em seus arredores. Eu e o Luciano Schroeder, vice-presidente executivo da ABIH-SC, fomos escolhidos para representar a entidade no Comitê Executivo para a Copa de 2014, que ocorreu no dia 19 de agosto. O encontro foi excepcional, reunindo os ministros do turismo e esporte e entidades federais e estaduais para discutir quais ações são necessárias à cidade em curtíssimo, curto, médio e longo prazos”, conta Wilson Luiz de Macedo, presidente da ABIH-SC.

Wilson Luiz de Macedo, presidente da ABIH-SC

(foto: divulgação)

O empresário afirma que, para a plena atuação da ilha na recepção dos jogos é necessária uma reforma urgente no aeroporto internacional de Florianópolis (Hercílio Luz). “A pró-atividade do governo e da iniciativa privada, discutida no encontro com os ministros, é essencial para que as obras se tornem realidade. Além disso, estive reunido com representantes do trade turístico – Santur, Sebrae, Sindetur, Adeoc, FNHRBS – no dia 20 de agosto, quando criamos uma comissão para tratar exclusivamente das reformas do aeroporto. Cobraremos ações com caráter federal por parte da Infraero. A meta é realizar projetos para melhorar o transporte entre 2010 e 2013. Uma ação prevista é a construção de metrôs superficiais para facilitar o acesso à Florianópolis”, projeta.


Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis
(foto: farm1.static.flickr.com)

 

Segundo ele, uma das primeiras reformas a serem iniciadas é a ampliação do estádio do Figueirense – Orlando Scarpelli -, que será demolido e reconstruído como uma arena multiuso, nos moldes do Engenhão (RJ). Macedo informa que a capacidade total do estádio será ampliada de 25 mil para aproximadamente 41 mil pessoas.
 
 
Estádio Orlando Scarpelli antes e depois das obras e ampliação
(fotos: figueirense.com.br/img216.imageshack.us)
Quando questionado sobre o grande número de turistas, o executivo propõe ações cautelosas para atender todas as demandas. “Para a questão do segmento de eventos, que não realizará encontros durante a Copa, pretendemos remanejar as datas, garantindo a ocupação dos empreendimentos”, revela.

Ao falar sobre os atrativos de Florianópolis e a herança que o evento pode deixar à cidade, é tomado pelo otimismo. “A Copa não se faz só com futebol, mas também com turismo. Florianópolis é um dos principais pontos do país. Não existe risco de dar errado. Para a hotelaria é fundamental um campeonato do tipo, que terá a eficiência de um famtur, proporcionando ao visitante a oportunidade de vivenciar e testar o destino, prática que eu acredito ser a melhor para vender o local. Além disso, a cidade terá mídia gratuita, sendo divulgada para diversos países do mundo inteiro”, explica.

Recife e Olinda
Conforme publicado anteriormente pelo Hôtelier News após o Pernambuco para você – clique aqui para ler a notícia -, o estado está investindo pesado em ações de marketing, capacitação, obras turísticas e infra-estrutura. Com objetivo de crescerem no mercado como destinos, as cidades de Recife e Olinda se candidataram para sediar o evento.

De acordo com Sílvio Costa Filho, secretário de Turismo de Pernambuco, o planejamento da candidatura já está sendo realizado por órgãos turísticos. “Criamos um comitê para discutir e viabilizar a questão. Para Pernambuco receber os jogos, 3 mil UHs devem ser contratadas – atualmente conta com 19.919, número que passará para 20.736 com seis novos hotéis a serem implantados”, conta.


Sílvio Costa Filho, secretário de
Turismo do Pernambuco

(foto: Fernando Chirotto)

Outra ação a ser concretizada é a construção de um campo nos arredores das cidades. “Planejamos um novo estádio entre Recife e Olinda para atender os requisitos da Fifa”, adianta Samuel Oliveira, secretário de Turismo do Recife.

Samuel Oliveira, secretário
de Turismo do Recife
(foto: Fernando Chirotto)
Entre 25 e 29 de agosto, a Match esteve em Recife para se reunir com representantes da ABIH-PE. No encontro foram abordados cláusula contratuais referentes aos hotéis já contratados, entre eles o Dorisol Recife Grand Hotel, Hotel Atlante Plaza, Hotel Jangadeiro, Mar Hotel Recife, Marolinda, Park Hotel, Recife Praia Hotel, Summerville Beach Resort e Vila Rica Hotel.

 
“Com todos estes investimentos que estão sendo realizado pela parceria público-privado (PPP) não tenha dúvidas que seremos sede. Atualmente somos o estado que mais está injetando dinheiro no turismo. Será feita uma ponte com 6,2 Km de extensão e 300 m de comprimento entre a região metropolitana e o complexo Praia do Paiva, o que facilitará o transporte dos visitantes. Nosso aeroporto conta com um terminal amplo, que atenderá a demanda turística. Acredito em picos de 100% de ocupação durante o evento”, adianta José Otávio de Meira Lins, presidente da ABIH-PE.

 
Projeções da ponte que será edificada sobre o Rio Jaboatão, ligando a região metropolitana de Recife à Praia do Paiva
(fotos: divulgação)

“Temos uma diversidade cultural muito rica, que com certeza será apreciada pelos turistas. A Copa deixará muitos benefícios para nós, colocando o estado em evidência para o mundo e garantindo um grande fluxo de visitantes para os próximos anos”, vislumbra.


José Otávio de Meira Lins,
presidente da ABIH-PE

(foto: divulgação)
Confira abaixo algumas declarações de profissionais em setores ligados diretamente ao evento como hotelaria, turismo e arquitetura.

Carlos Alberto Amorim Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens
Estou preocupado com a infra-estrutura do país. Se preparar para sediar uma Copa não é só construir estádios. No caso do Pan-americano, podemos citar o Engenhão como uma boa herança, mas não vejo tantos benefícios diretos. Precisamos melhorar as condições dos portos, aeroportos e das estradas. Um trem bala entre Rio de Janeiro e São Paulo também é essencial. Além disso, já estamos atrasados para os preparativos. Se aplicarmos um planejamento sério a partir de agora, acredito que poderemos construir a estrutura necessária.
 

 
Mauro Schwartzmann, ex-presidente do Favecc e proprietário da Costa Brava Turismo

Ainda convivemos com uma crise aérea sem solução e quero ver levarem a Copa do Mundo a sério no Brasil. Como podem pensar em trazer milhares de pessoas para o país com uma rede de transportes sem trens, com estradas péssimas e um setor aéreo sem investimento sério, desacreditado pela Infraero e pela Associação Nacional de Aviação Civil (Anac). A hotelaria está fazendo a parte dela e corre o risco de ficar às moscas. Dá tempo e existe dinheiro para reverter essa situação, mas é preciso gente séria na liderança.

 


Marta Suplicy, ex-ministra do Turismo e candidata à Prefeitura de São Paulo

No caso de São Paulo, um fator importantíssimo que está preocupando muito o presidente Lula é a mobilidade urbana para a Copa de 2014. Não adianta fazer planos para construir o metrô quando faltarem dois ou três anos para o evento.

 
 
 

Gilberto Kassab, prefeito da cidade de São Paulo
 

São Paulo está se preparando para a Copa e não tenho nenhum receio quanto às boas condições da cidade para sediar a abertura do campeonato. Quanto às questões envolvendo o transporte, o orçamento para as linhas de metrô está sendo dobrado e o rodoanel também receberá investimentos, cumprindo as exigências que constam na cartilha dos itens necessários para a realização do evento. A previsão é que cerca de R$ 1 bilhão tenha sido investido em metrô até o final do meu mandato.

 

José Roberto Bernasconi, engenheiro e presidente do Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco)
A realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil configura-se como uma oportunidade única para o avanço do planejamento de nosso país e de sua infra-estrutura. Dezoito municípios brasileiros já postularam suas inscrições para sediar os jogos dos oito grupos, além dos treinamentos das 36 delegações, obedecendo ao caderno de encargos e requisitos da Fifa. Isso significa que mais de uma dezena de municípios terão de adequar suas estruturas urbanas para atender essa demanda.

 

Toni Sando, diretor superintendente do SPCVB
A Copa em si favorece muito o país, uma vez que é um evento pautado com hora marcada, o que estimula e facilita as obras de infra-estrutura, deixando um legado para a população. Em um primeiro estágio, associações hoteleiras estão negociando com representantes da Fifa para decidir os destinos. Já em um segundo momento, entra a capacitação de quem receberá os turistas, tarefa para a qual o SPCVB contribuirá por meio do programa Bem Receber. Estamos extremamente otimistas.

Serviço
www.abih.com.br
www.abih-pe.com.br
www.abih-sc.com.br
www.abihsp.com.br
www.costabrava.com.br
www.fedhasa.co.za
www.infraero.gov.br
www.match-ag.com
www.portalabav.com.br
www.prefeitura.sp.gov.br
www.riodejaneirohotel.com.br
www.setur.pe.gov.br
www.sinaenco.com.br
www.turismo.gov.br
www.visitesaopaulo.com
www.voeazul.com.br