domingo, 22/setembro
InícioNEGÓCIOSMercado6 tópicos relevantes para o balanço hoteleiro

6 tópicos relevantes para o balanço hoteleiro

Nas próximas semanas, as grandes redes divulgarão seu desempenho financeiro para o terceiro trimestre, fornecendo um vislumbre sobre tendências futuras. Em virtude disso, o Skift reuniu seis tópicos que podem ser tema centrais para o balanço hoteleiro. Embora muitos desses tópicos não estejam conectados à realidade brasileira, todas as gigantes do setor operam aqui, e, portanto, é importante que o mercado nacional fique atento ao cenário mundial.

6 tópicos para o balanço hoteleiro

A seguir você confere seis tópicos cruciais para entender o cenário macroeconômico adiante.


LEIA TAMBÉM


Grupos de eventos

Um dos primeiros tópicos abordados é a reserva de grandes grupos para reuniões e eventos, que vem ganhando destaque nos últimos meses. Ainda que as viagens de lazer sejam a ponta da lança na recuperação dos níveis pré-pandemia, isso quer dizer que para crescer é preciso ir além. A prioridade é a recuperação dos grupos de negócios, pois é a categoria onde há espaço para expandir e muito provavelmente, as gigantes hoteleiras reportarão sinais positivos e promissores para o segmento.

Energia na Europa

Para as redes com forte presença no continente europeu, a queda na oferta de energia, em função do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia, pode ser um grande desafio. Sem certeza do tamanho do impacto nos custos de operação hoteleira, Sébastien Bazin, CEO da Accor, com sede em Paris, afirmou que a energia normalmente responde por cerca de 8% dos custos totais. Segundo ele, o gasto pode chegar a até 25% do total, no pior cenário.

Câmbio e recessão

Com a forte valorização do dólar americano frente ao euro, os resultados das hoteleiras variam dependendo de onde coletam suas receitas. Empresas que contraíram empréstimos em dólar, mas recebem grande parte do faturamento em euro, por exemplo, serão as mais afetadas. No entanto, o forte turismo americano para a Europa, em virtude do poder de compra da moeda americana, ajuda os hoteleiros do continente.

A vantagem fica para aquelas que possuem grande portfólio de residências de marcas nos EUA. A incerteza econômica pode levar investidores a comprar imóveis no país, como ativo relativamente resiliente em termos de oferta e demanda. Essa expectativa se baseia primariamente nas previsões de recessão em vários países.

“Prevê-se que o crescimento global desacelere de 6% em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023”, projetou o FMI (Fundo Monetário Internacional) na semana passada. “Este é o perfil de crescimento mais fraco desde 2001, exceto pela crise financeira global e pela fase aguda da pandemia de Covid-19.”

Pipeline a longo prazo

O pipeline de hotéis segue crescendo, próximo do patamar mais alto de todos os tempos. A questão que fica é se esses planos estão considerando o cenário a longo prazo. Segundo a EuroIntelligence, vários mercados financeiros estão passando pelo que é essencialmente uma “crise de garantias”, visto que ações do banco central e flutuações cambiais afetam o valor dos títulos. Por este motivo, avaliar apenas a alta demanda de reservas para os próximos meses não é o suficiente.

É possível que investidores venham a encontrar empresas hoteleiras com preços mais atraentes em relação a outros ativos e suas apostas podem valer a pena. O que gera dúvidas é se várias empresas hoteleiras adotarão uma abordagem de precaução adequada e uma perspectiva global, não tendenciosa aos EUA.

Boom de lifestyle

As propriedades lifestyle garantem maior receita em suas ofertas de Gastronomia e vida noturna, atendendo também moradores locais em vez de se limitar a hóspedes. “Cerca de 2% dos hotéis de marca são hotéis lifestyle, mas essa modalidade também representa 10% dos hotéis em construção”, alega Sharan Pasricha, fundador e co-CEO da Ennismore, grupo adquirido pela Accor.

China frágil

Em contradição com a expectativa de muitos, a China deve seguir com sua política “zero Covid” até, pelo menos, o próximo ano. Isso ocorre principalmente em função da resistência do governo em aprovar o uso de vacinas RNA implantadas no resto do mundo. Portanto, mesmo que o país mude a política, há um alto risco de surtos disruptivos. Isso evita que viajantes chineses retornem aos destinos que dependem deste público, como a Tailândia, que possui muitos projetos de hotéis estagnados.

“Choque após choque após choque”, descreveu Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o cenário macroeconômico atual. “Temos que realmente trabalhar para mudar nossa mentalidade para ser muito mais cautelosos e estar preparados para muito mais incertezas”, conclui.

(*) Crédito da foto: Markus Winkler/Unsplash