Chegando ao último estado do centro-oeste brasileiro, o Hotelier News desembarca no Mato Grosso do Sul para entender como anda a retomada. Destino do ecoturismo, a cidade de Bonito lidera na região, que, assim como em outros estados, como por exemplo no Mato Grosso, cresce o turismo de lazer enquanto o corporativo ensaia retomada.
“Ainda estamos enfrentando momentos delicados devido a pandemia do coronavirus, mas algumas regiões já apresentam melhoras significativas em sua demanda, é o caso da região de Bonito e Bodoquena que estão obtendo índices favoráveis de taxa de ocupação impulsionados principalmente pelo turismo regional”, contextualiza Marcelo Mesquita, presidente da ABIH-MS e do Conselho Estadual de Turismo do MS.
Já a região Campo Grande, que tradicionalmente tem uma demanda maior no corporativo e eventos empresariais, ainda registra baixos índices de ocupação nos hotéis. “Alguns outras cidades como Dourados e Três Lagoas apresentam melhora nesses números, impulsionados principalmente pelo bom desempenho do agronegócio da região”, complementa o presidente.
Os índices médios de ocupação variam de região para região. “Em outubro de 2020 Campo Grande fechou com uma média de 31%, Bonito já tem um cenário mais favorável com 60%, Dourados, 55% e Três Lagos, 52%”, divide Mesquita.
Mesquita: ainda estamos enfrentando momentos delicados na retomada
Retomada do ecoturismo
Usufrui dos bons números de Bonito o Hotel Zagaia. Apesar de fechado durante 102 dias, o empreendimento prevê uma rápida recuperação, com perspectiva de chegar aos números pré-covid em menos de um ano. “A retomada está em alta. Como único destino de ecoturismo próximo aos grandes centros e, também, destino turístico já consolidado e frequentado pelos sul-mato-grossenses, estamos com taxas altas de ocupação”, diz Guilherme Miguel Poli, diretor e presidente do Zagaia.
Para a retomada local, o hotel voltou a operar sob vigência de protocolos de biossegurança específicos para cada atividade. “São sete atividades no total. No caso da hotelaria, tivemos restrições em áreas sociais, principalmente de Alimentos e Bebidas, como por exemplo distanciamento social, uso obrigatório de máscara e higienização das mãos, entre outros processos novos para diminuir qualquer possibilidade de contaminação”, explica Poli.
Visando atrair o público regional, não só do estado como também das regiões vizinhas, o hotel tem incentivado as viagens de carro enquanto as companhias aéreas e aeroportos estão voltando a normalidade de operação. “Neste mês de novembro, hospedamos muitos turistas de outros estados, a maioria de carro, pois bonito está 1.200 km da capital de São Paulo e isso tem nos ajudado. Além disso as estradas são boas”, pontua o diretor e presidente.
Poli: a retomada está em alta
Os números de Campo Grande
Situado na capital do estado, o Deville Prime Campo Grande vivencia um momento diferente na retomada. “O cenário atual da cidade ainda enfrenta momentos delicados devido ao momento em que vivemos. A cidade sempre teve como base de ocupação dos hotéis os segmentos corporativo e de eventos. Ambos os segmentos ainda permanecem com um baixo volume devido a pandemia e seus efeitos”, analisa David Silva, gerente de hospedagem do hotel.
Fechado ao longo de cinco meses, o Deville opera hoje com 50% do inventário de apartamentos fechados. “Ao compararmos com o mesmo período de 2019, tivemos uma queda de 60% em nossa taxa de ocupação. Após a reabertura, nossa taxa média de ocupação está em 34%”, revela o gerente.
Apesar de números mais baixos, o hotel já conseguiu atingir o ponto de equilíbrio. “Mas isso foi possível devido a renegociações que tivemos com vários fornecedores e ainda mantemos parte de nosso staff no regime de contrato suspenso”, explica Silva. “As perspectivas de atingirmos os números que estávamos performando antes da pandemia somente para o segundo semestre de 2021 e caso haja uma vacina eficaz que possa controlar a pandemia”, pontua.
Operando há cinco anos na região, o hotel recebe um público diferente no período de pandemia. “Um novo cenário surgiu com hóspedes locais que buscam um dia de relaxamento e longe da rotina de quarentena. E muitos hóspedes do estado do Mato Grosso do Sul que vem a Campo Grande para realizarem viagens curtas e com veículo próprio com o intuito de realizarem compras e usufruir de uma gastronomia diferenciada”, explica Silva.
Silva: um novo cenário surgiu com hóspedes locais
ABIH-MS e o diálogo com o governo
Visando auxiliar o segmento e amenizar os impactos da crise, a ABIH-MS, desde o início da crise, mantém diálogo junto ao Governo do Estado via Fundação de Turismo. “Porém, junto ao poder municipal, foi mais difícil mantermos diálogos com os diversos municípios da região devido a postura tomada por cada um para enfrentamento da pandemia ao longo deste últimos 7 meses”, comenta o presidente.
Já na capital, houve melhor diálogo e todas as tratativas com o poder público foram sempre favoráveis aos empreendimentos hoteleiros. “Agora entramos numa nova fase de negociarmos alguns descontos no IPTU e outros tributos municipais para os próximos três anos visando com que os empreendimentos hoteleiros possam obter melhor desempenho em suas atividades. Outro ponto importante foi a direta contribuição da ABIH-MS para a formatação de campanhas de marketing visando a retomada do turismo no Estado junto a Fundação de Turismo”, finaliza Mesquita.
(*) Crédito da foto da capa: Eduardo Segura/Pixabay
(**) Crédito das fotos dos executivos: divulgação