Economia em foco na Lacte 24
Na volta da pausa para o almoço, um tema que interessa diretamente a hotelaria: negociações corporativas. Com o tema Desafios do novo cenário de tarifa fixa x farifa flutuante, o painel abordou uma das oportunidades mais firmes para os hotéis elevarem a diária média nos próximos anos.
Participaram do debate Joyce Macieri (Minerva Foods), Juliana Nogueira (Master Hotéis), com Liliana Moreira (TP Corporate). Na sequência, foi a vez de Guilherme Dietze, coordenador do Conselho de Turismo da FecomercioSP, assumir a plenária para falar de perspectivas econômicas.
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Na palestra Cenários e estratégias para 2024 – a economia brasileira e as tendências em viagens corporativas, Dietze deu uma visão do ambiente dinâmico e alguns insights sobre como o mercado de viagens corporativas vai operar diante desse contexto.
Ao mostrar a curva de desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil nos últimos 25 anos, Dietze mostrou que a performance tem grande influência do ambiente externo. “Esse gráfico mostra que o Brasil tem um alto grau de dependência da economia internacional, principalmente pela demanda da commodities agrícolas e minerais”, comentou.
Para 2024, as economias com maior fluxo comercial com o Brasil (EUA e China) têm perspectivas mais modestas de crescimento frente ao ano passado. “Diante disso, temos que olhar para a economia interna, o que nos deixa expostos aos problemas estruturais do país. Carga tributária alta, baixa produtividade, perda de competitividade, juros elevados, contas do governo no vermelho… são vários entraves”, disse.
Mesmo diante desse ambiente, o segmento corporativo está mais otimista, assim como a hotelaria. A expectativa é de crescimento, mas em bases mais baixas do que nos dois últimos anos. “Bom destacar que, em 2023, o setor atingiu R$ 119 bilhões em receita, alta de 11,3% frente ao ano anterior, no melhor resultado desde 2014. Bem, para 2024, podemos optar pelo conceito do copo meio cheio ou meio vazio”, afirmou.
No primeiro espectro, Dietze aponta que a demanda segue em patamar elevado, seja nos hotéis ou na aviação. Na outra ponta, os preços estão elevados”, destacou. Para fechar, o coordenador da FecomercioSP pontuou alguns desafios para o turismo nacional e, claro, para o segmento corporativo:
- Crescimento mais lento, até em função da base alta de comparação
- Limitação do aumento da oferta na aviação
- Mão de obra também segue como desafio
“Esses pontos somados tendem a levar a alta nos preços do setor, o que pode ser uma barreira para um crescimento mais robusto”, finaliza.
IA entra em debate no palco do Lacte
Aberto ontem (26), no WTC Events Center, em São Paulo, o Lacte 24 segue sua programação hoje (27), com muito conteúdo sobre o mercado de viagens corporativas. Com um formato inovador, no qual várias palestras são realizadas simultaneamente em um grande palco central, o encontro se encerra logo mais com um público superior a edição passada, que recebeu por volta de 1,3 mil profissionais do turismo.
O dia foi aberto com os chamados minilabs, que abordam diferentes assuntos relacionados à indústria de viagens. Destaque para o painel ESG: o que você precisa saber para os bids de viagens e eventos. A abertura e a programação da plenária começou a partir das 10h30 e, logo de cara, um conteúdo sobre Sabedoria Ancestral, que teve a participações de Cacique Babau, Solange Barbosa e mediação de Samanta Lopes (Agência um.a).
O conteúdo mais técnico, digamos assim, começou a partir das 11h30, com quatro painéis realizados simultaneamente no segundo dia de Lacte. A reportagem do Hotelier News optou cobrir Entre Bytes e Emoções: Navegando nas Dores e Delícias da Inteligência Artificial, que teve participação de Juliano Kimura, palestrante e consultor na área de tecnologia, e Claudio Cordeiro, diretor de Produtos e Ofertas Hospitalidade da TOTVS.
Cordeiro subiu primeiro ao palco e falou sobre IA (Inteligência Artificial), suas aplicações, mas sobretudo, os cuidados necessários prévios para tirar melhor uso dessa tecnologia. Para exemplificar melhor, o executivo da TOTVS mostrou um vídeo de um carro de F1 andando em uma pista de terra – com dificuldades, obviamente – para mostrar como esse trabalho prévio é vital.
“Para qualquer um que assiste ao vídeo, fica claro que o carro é, com certeza, a tecnologia neste vídeo. Outro ator relevante é quem pilota, e muitas vezes passamos batidos nessa escolha de quem vai operar essa inovação. O terceiro ponto é a pista, em que existe uma analogia explícita com a relevância dos processos e dados, principalmente falando de IA.”
Cordeiro destacou que criar uma cultura de dados dentro das organizações é muito importante. “Ter dados equivocados leva a tomada de decisões ruins. Então, é fundamental ter qualidade nos dados para ter resultados melhores. Eficiência é fundamental”, comentou. “Outro ponto importante é os gestores também saberem exatamente a dor que desejam resolver com a tecnologia. Fazer o contrário, ou seja, comprar a tecnologia sem saber o que deseja resolver, normalmente dá errado.”
Mudanças e transformações
Palestrante contratado pelo Facebook no passado para falar sobre como as redes sociais ajudam empresas e pessoas a obterem melhores resultados comerciais, Kimura subiu ao palco do Lacte logo na sequência. “Hoje, estou aqui para falar sobre como a IA é e será importante. Não há muita diferença”, brincou.
O especialista destacou que as muitas mudanças culturais ocorrem na sociedade atualmente, gerando transformações muito rápidas de costumes. “chegamos ao ponto que o score nas redes sociais define quem é mais relevante ou não para certos tipos de funções”, comentou.
Com qualquer pessoa atualmente distante poucos cliques do conhecimento, o foco das pessoas e das empresa pode mudar. “Vivemos uma era da agilidade e a tecnologia vai nos permitir elevar a produção humana. A IA é um exemplo claro disso. Pode-se fazer designs de qualidade em segundos. Agora, será que estamos preparados para passar por todas essas mudanças mesmo?”, questionou.
(*) Crédito das fotos: Hotelier News
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