sábado, 21/setembro
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Intenção de consumo perde fôlego em março, revela CNC

No começo do ano, o indicador ICF (Intenção de Consumo das Famílias) já havia chegado ao maior patamar desde 2020. Desde então, a expectativa de consumo no Brasil seguiu crescendo, mas o otimismo passou a dar sinais de perda de fôlego. Em março, o ICF avançou 0,8% – descontado os efeitos sazonais – chegando a 96,7 pontos. Apesar disso, o avanço foi bem menos expressivo em um ano e o número segue abaixo da zona de avaliação positiva (100 pontos) desde 2015. 

Os dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) também apontam destaque de crescimento mensal pelo terceiro mês consecutivo na perspectiva de consumo. Chegando a 103,6 pontos, com crescimento de 3,2%, o indicador tem avançado mais que o nível de consumo atual desde outubro do ano passado. Isso indica que as famílias anseiam por condições de consumo melhores no futuro.

Já a proporção de consumidores com avaliação positiva da renda atual ficou estável, em 34,9%. “Essa expectativa é muito positiva e reflexo de uma inflação mais controlada. Mas mostra, também, um desafio para a renda imediata”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.


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Acesso ao crédito

A pesquisa da CNC revela ainda que 37% das famílias afirmam enfrentar maior dificuldade para ter acesso ao crédito. Tanto é que o índice que mede a facilidade das compras a longo prazo caiu 0,8% e se mantendo no quadrante negativo (90,5 pontos). Além disso, três em cada quatro consumidores consideram que o momento não é favorável para aquisição de bens duráveis. “O crédito está mais caro e seleto, principalmente para os consumidores de menor renda, e tem levado cada vez mais famílias a repensar compras de longo prazo”, pontua Izis Ferreira, economista da CNC responsável pelo estudo.

Recortes de renda e gênero

Diferentemente de fevereiro, a intenção de consumo cresceu mais entre os mais ricos em março, com alta de 2,2%. Já a satisfação com o emprego atual avançou mais entre os consumidores de rendas média e baixa no primeiro trimestre, acumulando queda entre os de renda mais elevada. Na avaliação da CNC, isso indica que os mais ricos apresentam maior frustração em relação ao emprego, visto que o mercado de trabalho tem contratado pessoas com menor nível de escolaridade e menores salários, consumidores nas faixas de menor renda.

A pesquisa também apresenta recortes de gênero, revelando crescimento elevado do otimismo entre as mulheres este ano. Ainda que a intenção de consumir do público feminino ainda esteja em nível baixo, o indicador avançou mais em março (1,5%), do que entre os homens (0,6%). As mulheres também estão mais satisfeitas com o acesso ao crédito e compras a prazo, tanto que estão proporcionalmente mais endividadas do que os homens, segundo dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) apurada pela CNC.

(*) Crédito da foto: Tumisu / Pixabay