Segundo levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Brasil gerou 241,7 mil empregos formais em fevereiro. O número supera, com folga, as 83,2 mil vagas abertas no mês anterior. Entretanto, em relação ao mesmo período de 2022, houve queda de 26,4%. No mês passado, foram criados mais de 328 mil novos postos de trabalho, aponta a Folha de S. Paulo.
No mês passado, o houve 1,95 milhão de admissões e 1,70 milhão de desligamentos, ficando acima da expectativa, visto que uma pesquisa da Reuters apontava que era esperada a criação de 161 mil empregos. Na comparação com o ano anterior, o número de admissões caiu 6,7%, enquanto os desligamentos retraíram 1,7%. Ante janeiro, as admissões tiveram incremento de 2,7%, e as demissões caíram 5,8%.
No acumulado de janeiro e fevereiro, foram abertas 326,3 mil vagas, resultado mais baixo para os dois primeiros meses do ano desde a reformulação do Caged, em 2020.
Outros dados
Dos 241,7 mil empregos gerados em fevereiro, 77,3 mil são atípicos (trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários e aqueles com carga de até 30 horas semanais). O maior número de vagas (152,2 mil) foi para empregos com faixa de remuneração de um salário mínimo a um salário mínimo e meio, e para trabalhadores com ensino médio completo (146,1 mil).
Os dados do Caged se referem somente aos empregos com carteira assinada, de acordo com informações dadas pelas empresas. O setor de serviço liderou a criação de vagas em fevereiro, com a abertura de 146,2 mil postos de trabalho. Em seguida, aparece a indústria geral, com 40,3 mil vagas. Os setores de construção (22,2 mil) e agropecuária (16,2 mil) aparecem em seguida. Somente o setor de comércio registrou saldo negativo, com perda de 1,3 mil postos de trabalho.
Fabio Bentes, economista sênior da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), lembra que os meses de janeiro e fevereiro são historicamente ruins para o comércio. As vendas desaceleram e isso se reflete no mercado de trabalho.
“Fevereiro de 2022 destoa, por terem sido 13 mil vagas abertas. Agora, são 1,3 mil perdidas. É um sinal de que o primeiro semestre vai ser difícil: a inflação não está solucionada, e os juros reais também não ajudam. Como parte do comércio depende das vendas a prazo, é um problema a mais, com juros chegando perto de 60% ao ano para o consumidor”, pontua.
Além disso, ele atribui o desempenho positivo dos serviços a uma demanda reprimida por esse tipo de consumo, que tem ficado acima do nível pré-pandemia. “A inflação de serviços também não atingiu nível tão forte quanto a de bens. E os juros não pesam tanto sobre os serviços quanto sobre o comércio”, explica.
Recorte regional
As cinco regiões do Brasil tiveram aumento nos empregos com carteira assinada em fevereiro. O salário médio das admissões no período foi de R$ 1.978,12, retração de 2,47% em relação ao mês anterior, ou seja, R$ 54,14 a menos.
Nesse recorte, São Paulo (65,4 mil vagas), Minas Gerais (26,9 mil) e Paraná (24,1 mil) foram os estados com maior saldo. Já em relação ao menor número de vagas geradas, aparecem Roraima (220), Alagoas (160) e Amapá (139).
(*) Crédito da capa: Amanda Perobelli/Reuters