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Três perguntas para: Gustavo Viescas

Diante daquela rixa entre Brasil e Argentina no futebol (boba, é bem verdade), para muitos brasileiros é difícil mencionar que existem hermanos gente boa. Agora, vamos ser sinceros, eles existem aos montes. Nos escritórios da Wyndham Hotels & Resorts espalhados pela América do Sul, por exemplo, há vários. Inequivocadamente, Gustavo Viescas é um deles.

Bom de conversa e sempre atencioso com a imprensa, Viescas é daqueles portenhos típicos: adora futebol e sua cidade natal, além de viajar com a família. Aliás, tirar alguns dias na época de inverno para ir ao Sul da Argentina para esquiar com sua filha Malena é algo de que ele não abre mão todos os anos. “Também gosto muito de nadar no meu tempo livre”, revela o recém-empossado presidente da Wyndham para América Latina e Caribe.

Torcedor do Independiente, Viescas também não abre mão da pelada com os amigos às segundas-feiras. “Hoje, meus joelhos já estão dizendo ‘enough‘. Então, o que consigo fazer é dedicar uma hora ao futebol e outras três horas para colocar o papo em dia com os amigos”, brinca o executivo.


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Aos 44 anos, Viescas é casado e, além de Malena, também pai Franco e Lucía. Nascido e criado em Buenos Aires, ele costuma dizer que foi escolhido pela hotelaria. “Quando ingressei no setor, estava em uma área completamente diferente, estudando Advocacia. De repente, a oportunidade apareceu e mudei”, afirma.

Formado em Economia e com mestrado em Finanças, Viescas começou sua trajetória na RCI, onde trabalhou por 19 anos. Em seguida, mudou para a Wyndham no final de 2016. “Se considerarmos a íntima relação entre RCI e Wyndham, então posso dizer que trabalhei em uma única empresa nesses meus 25 anos de carreira”, destaca.

No Três Perguntas de hoje (25), o Hotelier News recebe o executivo para um bate-papo sobre o aumento da presença da rede no Brasil, novas estratégias, entre outros pontos. Confira!

Três perguntas para: Gustavo Viescas

Hotelier News: A Wyndham tem uma boa presença no Brasil em comparação com outras redes internacionais. A que você atribui esse sucesso? Qual é o lugar do Brasil na estratégia de expansão da Wyndham? Onde você gostaria de ver o mercado brasileiro daqui a cinco anos?

Gustavo Viescas: O principal impulsionador desse sucesso é o fato de que a Wyndham tem um time exclusivo para o Brasil. Ou seja, são 24 bandeiras, 9 mil hotéis ao redor do mundo, canais de distribuição e tecnologia, mas tudo isso é combinado com a estrutura local, com uma equipe muito eficiente em todas as áreas do negócio, como Vendas, RM, Operação… Temos um pessoal muito qualificado. São 25 executivos dedicados à expansão no Brasil.

Obviamente, o time aumenta à medida que o negócio vai crescendo. Hoje, temos 37 hotéis no Brasil e atribuo esse sucesso às pessoas e ao poder de nossas estratégias de distribuição aliadas à tecnologia.

Na nossa estratégia de expansão na América Latina, o Brasil é o segundo mercado mais importante, ficando atrás apenas do México. É um país que tem tudo, com belos destinos e que atrai hotéis com diferentes propostas. A América Latina foi a região onde assinamos o maior número de contratos no ano passado e, neste cenário, daqui a cinco anos visualizamos o Brasil no topo.

HN: Outras grandes redes internacionais, como Marriott e Hilton, estão voltando atenções para o segmento econômico, que é um dos pontos fortes tradicionais da Wyndham. A Marriott, por exemplo, comprou o City Express e está montando uma equipe de Desenvolvimento no Brasil. Ainda sobre o meu país, a Accor tem 200 ibis e uma boa presença digital. A Wyndham pretende entrar nessa luta ou vai focar em outros segmentos?

GV: A força da Wyndham são os segmentos econômico e midscale. Chegamos há muito tempo a esse mercado e temos bom posicionamento, com muitas bandeiras e sabemos como fazer negócios por aqui. Assim, acredito que, para ter o nosso sucesso, esses outros players precisam desenvolver esse know how e entender que é um segmento completamente distinto do upper-midscale ou luxo. A Marriott, por exemplo, está lançando uma marca midscale na América Latina.

Mas fazer negócio na região não é a mesma coisa de fazer no Brasil. Por isso, a Wyndham tem um time para atuar apenas no país, entendendo todas as regras do mercado. Não é fácil fazer negócio no Brasil, mas precisamos ficar nesse destino, que tem muitas especificidades e atrai muitos investidores.

HN: E como a Wyndham vê essa estratégia de expansão na América Latina? Com desenvolvimento orgânico ou você está olhando a possibilidade de comprar uma operadora, como foi feito na Argentina há alguns anos? Em relação ao modelo, seria por meio de franquias ou contratos full service?

GV: Tradicionalmente, a Wyndham cresce a partir de aquisições de outras marcas e, no Brasil, não será diferente. Temos algumas possibilidades em análise, inclusive. O que procuramos sempre é uma marca com bom posicionamento de mercado, que nos ofereça também a possibilidade de escalá-la regional e internacionalmente.

Em relação à multipropriedade, continuamos acreditando no potencial do segmento, mesmo com as instabilidades atuais. Agora, é importante cita que esse ciclo atual é algo absolutamente normal, que acontece em muitas outras indústrias. São momentos distintos, nos quais o setor cresce, cai e, em seguida, volta a avançar. O Brasil conseguiu desenvolver a multipropriedade com uma estrutura muito particular e forte, o que não acontece em outros países da região.

Para o futuro, queremos trazer bandeiras com boa projeção regional. Então, nosso foco será desenvolver as marcas que já temos.

(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News