sábado, 21/setembro
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Equipotel: último dia de painéis debate A&B e atuação do concierge

Equipotel: papel da gastronomia nos negócios hoteleiros

No último dia de palestras no espaço Hotel Trends 2024, área de conteúdo do Hotelier News na 61ª edição da Equipotel, a gastronomia foi o foco das discussões. O primeiro painel, A importância da gastronomia e mixologia nos negócios hoteleiros, contou com as participações de Edinalva de Jesus Silva, gerente de Bares e Restaurantes do Hotel Unique; e Marcelo Traldi, consultor especializado em Gastronomia.

O bate-papo foi mediado por Raphael Martini, gerente geral do Novotel Morumbi, que trouxe um questionamento importante logo no início: como a gastronomia influencia na experiência do hóspede? Respondendo à pergunta, Edinalva pontuou que, ao longo dos anos, as expectativas mudam e as exigências estão sempre subindo. “Por este motivo, é preciso que os hotéis inovem e se atualizem, porque o hóspede vem com muita vontade e expectativa de viver novas experiências gastronômicas”, explicou.


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“Ao longo dos anos, no Unique, criamos inteligências para conseguir aumentar nossa operação com qualidade, entregando uma gastronomia diferenciada e que, sem dúvida, contribui muito para a satisfação do hóspede em relação ao nosso empreendimento”, acrescentou, em sua participação no debate da Equipotel.

Traldi, por sua vez, afirmou que a relação dos hóspedes com a gastronomia mudou significativamente ao longo do tempo. “Precisamos pensar em estruturar produtos diferenciados. Hoje, os produtos de A&B são flexíveis, com uma estrutura inovadora. E com inteligência de negócios, sabemos o que será vendido, criando processos produtivos que atendam às expectativas do cliente”, salientou.

Mudança de processos

Durante o painel do último dia da Equipotel, Edinalva reforçou que a busca de soluções para a operação de A&B é essencial. “Estamos falando de oferecer diferenciais que façam com que aquela experiência fique na memória do cliente e o estimule a retornar”, disse.

Equipotel - A&B (Interna)
Painel abordou mudanças no A&B ao longo dos anos

“Há 20 anos, se falava muito em gastronomia internacional. Então, o maior volume de produtos importados que um hotel tivesse mostrava o poder dele de construir novas experiências. Hoje, a tendência é justamente o contrário, com uma busca cada vez maior por produtos tipicamente nacionais para criar experiências que reforcem a identidade brasileira”, completou.

Traldi, por sua vez, reforçou que um dos pilares da hospitalidade é justamente o acolhimento. “E esse princípio precisa se mostrar dentro da gastronomia, respeitando escolhas, restrições e preferências. É isso que cria as grandes experiências”, explicou.

Na conversa, os participantes reforçaram que, atualmente, a hotelaria vive um forte cenário de personalização da experiência. Mas no A&B, mais especificamente no café da manhã dos hotéis, isso se torna um desafio maior.

“Trabalhamos com o intuito de oferecer a maior oferta possível e, no dia a dia, conseguimos atender diversas preferências. Ainda assim, em muitos casos há um nível maior de exigência, e o nosso time já trabalha considerando essas possibilidades”, analisou Edinalva.

O painel também abordou investimentos e inovações no A&B hoteleiro. Questionados sobre o papel dos recursos tecnológicos, os participantes destacaram que os hotéis, hoje, estão cada vez mais integrados com essas soluções.

“A tecnologia contribui para analisar dados e transformá-los em ações, integrações e mudanças nos processos, visando satisfazer o cliente e criar um relacionamento mais próximo com ele”, finalizou Traldi.


Qual o papel do concierge na hotelaria?

O último painel do dia, intitulado Concierge: afinal, ainda há demanda para essa posição?, contou com as presenças de Anderson Azevedo, chef concierge do Copacabana Palace e presidente da Les Clefs d’Or Brasil, e Livia Garcia, diretora Operacional do Copacabana Palace.

A conversa, mediada por Nayara Matteis, editora do Hotelier News, foi iniciada com um retrospecto da evolução da profissão de concierge no setor hoteleiro. “Vocacionalmente, o concierge nasceu para atuar em grandes hotéis, principalmente nos de luxo. E, ao longo do tempo, é um profissional que se tornou referência em informação e, principalmente, entrega de experiência”, comentou Azevedo.

Livia, em seguida, reforçou a importância da função. “Hoje em dia, o trabalho do concierge acontece dentro e fora do hotel. Dentro, fazendo networking, e fora atuando em networking. É uma função extremamente desafiadora, mas é justamente isso que faz a diferença”, complementou a executiva do empreendimento carioca.

Atuação do concierge

Durante o painel da Equipotel, Nayara questionou os participantes sobre a necessidade de o concierge seguir se atualizando. Livia, com forte atuação no exterior, destacou que, fora do Brasil, a atuação do concierge é extremamente forte, diferentemente da realidade do nosso país.

“Assim, conseguimos fazer investimentos para recrutar este profissional para o nosso time, porque é ele que garante a melhor experiência e, literalmente, facilita a vida do hóspede. A nível de setor, de modo geral, estamos sentindo uma evolução gradual”, analisou.

Neste sentido, o presidente da Les Clefs d’Or Brasil endossou a atuação da entidade na formação de concierges. “Hoje, somos uma associação gigante, que une hoteleiros no mundo inteiro. São 4 mil membros, 535 cidades atendidas. Então, costumamos dizer que em qualquer esquina do mundo, tem um profissional Les Clefs d’Or para ajudar, e isso é muito positivo”, reforçou Azevedo, reforçando que o profissional, hoje, é o “guardião da excelência em serviços” nos hotéis.

Equipotel - Painel_concierge
Debate abordou importância do concierge no setor

Outro assunto levantado no bate-papo foi a transformação digital. Os participantes analisaram a participação dos recursos tecnológicos na função. “A tecnologia veio para ajudar em todos os âmbitos, facilitando muito a atuação do concierge. Os recursos chegam para complementar a atuação desse profissional, mas o fator humano sempre vai existir, porque a personalização passa muito por mãos humanas”, pontuou Livia.

Reforçando este pensamento, Azevedo acrescentou que o hóspede, até hoje, ainda confia muito na atuação do concierge no sentido de oferecer a melhor experiência possível. “Quando não estamos trabalhando no hotel, estamos explorando os destinos para buscar referências e as melhores indicações para os nossos visitantes”, disse.

Sobre a escassez de mão de obra, não só para a função, mas no setor, de modo geral, Livia reforçou que a jornada 6×1 ainda é um fator muito forte, que contribui com essa dificuldade de encontrar profissionais. “As novas gerações são muito imediatistas em relação ao crescimento na carreira, e as questões salariais também dificultam um pouco. Então, é preciso rever todo este cenário se quisermos ter uma mudança efetiva”, concluiu.

“Há pessoas vocacionadas para este setor. Mas obviamente há uma dificuldade de encontrá-las. É um grande desafio, mas seguimos em busca dessas pessoas em universidades, em centros de formação. A tendência é que o cenário mude positivamente, mas é preciso trabalhar arduamente para atingir este objetivo”, finalizou Azevedo, fechando a grade de palestras do Hotelier News na Equipotel.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian e Lucas Barbosa/Hotelier News