Nos últimos dois anos, a empolgação em torno da IA (Inteligência Artificial) generativa tem sido evidente na indústria de viagens. Neste cenário, Brian Chesky, CEO do Airbnb, aponta como empresas do setor podem evoluir utilizando o recurso, revela o Phocuswire. No entanto, a transformação ainda não aconteceu e há um longo caminho a ser trilhado.
“Acho que a IA vai mudar o mundo muito mais do que as pessoas percebem. Também acho que vai demorar mais do que muitos imaginam. Nesta década, as mudanças não serão tão grandes quanto pensam, mas na próxima, serão muito maiores”, ressalta o executivo. As expectativas criadas pelos líderes da indústria em relação à IA foram exageradas? A transformação impulsionada pela IA generativa está acontecendo tão rápido quanto previsto? Essas perguntas são relevantes, especialmente com o segundo aniversário do lançamento do ChatGPT se aproximando.
Mike Coletta, gerente sênior de Pesquisa e Inovação da Phocuswright, destaca que há uma grande dicotomia sobre a IA, o que dificulta a compreensão de sua evolução. “Por um lado, é a tecnologia que mais evolui na história. Por outro, os humanos têm um ritmo mais lento, tanto na compreensão quanto no uso da tecnologia. Assim, é fácil acreditar que a mudança será rápida, mas a IA só pode avançar na medida em que as pessoas conseguem acompanhá-la”, explica.
Perspectivas
Sundar Narasimhan, vice-presidente sênior da Sabre, comenta sobre o grande volume de capital sendo investido em IA e prevê que, em breve, os investidores começarão a exigir retornos. Ele destaca que, em comparação com outras tecnologias emergentes, como blockchain ou realidade aumentada/virtual, o recurso está mais pronto para ser integrado a produtos. Embora a adaptação ao mercado possa ser um desafio, o executivo acredita que casos de uso interessantes surgirão nos próximos anos.
Amy Read, vice-presidente de Inovação da Sabre, ressalta que, embora a IA já esteja presente há algum tempo, o lançamento de chatbots voltados ao consumidor impulsionou o hype e os investimentos. Ela acredita que a ferramenta é, de fato, transformadora, mas que levará tempo para que seu potencial seja plenamente alcançado, comparando a situação ao boom e bust da era pontocom.
Line Crieloue, vice-presidente de Imagem da Accor, endossa a importância de distinguir a IA da IA generativa. Ela explica que a IA já vem causando impactos em áreas como gestão de receitas e personalização. No entanto, a IA generativa, apesar de estar em rápido desenvolvimento, ainda precisa de melhorias, como a redução de erros e o treinamento de modelos para funcionar em ambientes multilíngues e multiculturais. A executiva também aponta que, embora já existam casos de uso significativos, alternativas mais complexas de utilização levarão tempo para serem implementadas.
Sanjay Mohan, diretor de Tecnologia da MakeMyTrip, concorda que o hype em torno da IA generativa foi exagerado, mas acredita que a realidade eventualmente atenderá às expectativas. Ele reconhece que a indústria ainda está nos estágios iniciais, mas vê enorme potencial na tecnologia, que, segundo ele, veio para ficar.
Ele diz que, ao longo desta década, a IA cumprirá as promessas feitas. Além disso, o executivo pontua que o recurso já está mostrando resultados na MakeMyTrip, onde foram lançadas ferramentas que utilizam análise de conteúdo e voz em idiomas regionais, o que tem sido bastante útil. A empresa está otimista quanto ao futuro da IA e continuará explorando como ela pode transformar a experiência de viagem.
(*) Crédito da foto: Freepik