quinta-feira, 14/novembro
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FHAN 2024: 1º dia debate ESG, distribuição e orçamentos

FHAN: o que esperar da hotelaria em 2025?

Para encerrar o primeiro dia da programação FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação do Nordeste 2024), Henrique Campolina, sócio da Noctua Advisory, apresentou os resultados da Pesquisa Orçamentos Hoteleiros 2025, divulgados no Hotel Trends Orçamentos, no dia 2 de setembro, em São Paulo.

Com foco em tendências e desafios para o próximo ano, Campolina começou dando um panorama da hotelaria no Brasil. “O mercado de aviação teve uma queda brusca no final de 2019 e início de 2020 devido à pandemia. Agora, está próximo de voltar ao contexto antes desse período. Os preços dos bilhetes aéreos devem normalizar. Há uma diminuição de gastos dos brasileiros no exterior e há uma tendência de evolução do mercado interno no ponto de vista de viagens, especialmente se tratando do turismo de lazer”, relatou.


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Dentre os números apresentados por Campolina, existem pontos de atenção para oportunidades. “Há uma recuperação de preços e de mercado hoteleiro em 2024 em relação a 2023, no entanto, a diária média real está abaixo do pico histórico, que foi em 2013, segundo dados do FOHB. Isso quer dizer que é possível obter mais valor de diária média e aumentar o preço”, afirmou.

Henrique Campolina
Campolina apresentou dados da pesquisa de orçamentos

Perspectivas

Sobre a percepção do mercado hoteleiro para o próximo ano, o especialista demonstrou otimismo. “As diárias seguem em crescimento, cruzeiros voltaram a índices maiores do que nos últimos anos, no entanto, há espaço para o setor hoteleiro de luxo, que está aquecido, além de uma grande procura por eventos, entretenimento e atrações”, destacou.

A pesquisa, que contou com a colaboração de 500 hotéis brasileiros, aponta que mais da metade dos empreendimentos acha os orçamentos consistentes (53%), apesar do mercado ser considerado conservador. “Acesso e análise de dados são os principais gargalos para a elaboração desses orçamentos”, avaliou o especialista.

“Ao menos 50% dos hotéis pretendem investir em 2025. E quanto mais novo o seu hotel, mais se pode cobrar por ele”, destacou Campolina. Mas nem tudo se resume a boas notícias. O grau de confiança na demanda de lazer é menor no próximo ano, o que significa menos expectativa de crescimento nesse segmento.

Dentre os desafios apontados pela pesquisa estão: menor confiança em lazer e eventos; expectativa de aumento de tarifas negociadas modesta; custos hoteleiros crescendo acima da inflação; ambiente econômico na demanda corporativa incerto. “Quanto mais dados o hoteleiro tiver, melhor pode se preparar para as dificuldades e influências do negócio”, concluiu Campolina.


Estratégia multicanais é debatida no FHAN

Dando continuidade à programação do FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação do Nordeste 2024), o painel Distribuição: como montar uma boa estratégia omnichannel? abordou estratégias multicanais no setor hoteleiro. O bate-papo, mediado por Henrique Campolina, sócio da Noctua Advisory, contou com a presença de César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management, e Eduy Azevedo, CEO da Upsell.

Em sua fala, Nunes citou os diversos desafios na conexão dos canais de vendas dos hotéis, que vão desde a área de conectividade a paridade tarifária. “O maior desafio é dar rentabilidade desde o início na distribuição, pensando na receita e no lucro”, afirmou.

Sobre os o mix de canais Eduy Azevedo é categórico: distribuição, venda e operação devem andar de mãos dadas. Com vasta experiência em operadoras, o executivo alertou sobre o dinamismo do mercado.“As mudanças ocorrem diariamente e se faz necessário que os hoteleiros fiquem atentos e entendam todo o universo de OTAs”, disse.

“A melhor estratégia é vender mais e melhor em todos os canais, além de ter capilaridade para não depender de ninguém”, continuou Azevedo.

palestra 2
Executivos debateram estratégias para a venda direta

Estratégias e investimentos

Nunes revelou que a Atrio tem investido, além de soluções de mercado voltadas para a gestão de canais, na estratégia que destina um número limitado de UHs por meio de venda. “Para melhorar a rentabilidade, temos limitado a quantidade de apartamentos disponíveis em cada canal”, contou. “Vender apartamento abaixo da margem é um erro que não se pode cometer, o foco tem que ser na rentabilidade. O hoteleiro precisa estar capacitado em como o mercado está girando, mesmo se tratando de hotéis menores e familiares”, aconselhou.

Azevedo complementou com uma série de investimentos que precisam ser feitos para facilitar a venda sem intermediários. “A venda direta é o sonho do hoteleiro, sem precisar pagar comissão. Falando de hotelaria de lazer, o site precisa ser bem feito, mas também estar presente nas redes sociais investir em tráfego pago. É um conjunto de ações que precisam ser feitas para gerar a venda direta para o consumidor”, defendeu.

Sobre a jornada do cliente focada em qualidade, Nunes alertou sobre a preocupação com meios de avaliação online, como a Booking, TripAdvisor, Google e Reclame Aqui. “A recepção precisa ficar atenta para estimular o hóspede a avaliar, além disso é preciso personalizar as respostas nas reclamações e se preocupar em comentar os elogios. Isso afeta a sua rentabilidade, pois os clientes estão atentos a essas questões e podem definir a compra pelas avaliações”, declarou.


FHAN inicia edição 2024 com debate sobre ESG

Dando início ao FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação do Nordeste) 2024 que segue até amanhã (3), e acontece dentro da HFN (Hotel & Food Nordeste), no Pernambuco Centro de Convenções, o primeiro tema debatido foi ESG. A palestra Como iniciar o processo de ESG em seu hotel? abriu a programação, que tem curadoria do Hotelier News. e organização da ABIH-PE (Associação da Indústria de Hotéis de Pernambuco). A discussão foi comandada por Juliana Mesquita e Luciana Raposo, arquitetas especializadas em sustentabilidade.

Com mais de 25 anos de atuação no mercado de desenvolvimento de negócios hoteleiros, Juliana, que é consultora e CEO da Koncept Life, elencou as vantagens de se investir em ESG: reduzir o impacto ambiental, melhorar a imagem do empreendimento, atrair clientes engajados e minimizar custos operacionais.

A especialista destacou no FHAN que o ESG representa impacto ambiental positivo, contribuição social e transparência no dia a dia. Para começar os trabalhos, Juliana esclareceu a diferença entre sustentabilidade e a sigla. “Sustentabilidade é o macro, uma empresa que desenvolveu essa estratégia tem uma ampla caminhada, visto que é um processo de longo prazo, que demanda melhorias contínuas. Já o ESG é uma orientação para que as companhias comecem o processo de sustentabilidade”, explicou.

Seguindo com sua fala, Juliana salientou que, para começar processo, é preciso realizar uma avaliação inicial e planejamento de práticas ambientais, sociais e de governança. “Para, então, definir metas alinhadas à missão e valores do hotel”, reforçou. “É preciso entender a situação de cada empreendimento hoteleiro independente do porte”, complementou.

Para promover a mudança de comportamento dos colaboradores e hóspedes, Juliana enfatizou que é preciso engajamento da gerência, diretoria e todos os funcionários no desenvolvimento de ações de sensibilização. “Existem pesquisas que afirmam que um terço de toda alimentação de hotel vai para o lixo. É essencial evitar esse desperdício e já existem soluções para reduzir esse problema”.

primeira palestra
Arquitetas debateram ações ESG no FHAN

Consumo consciente

A redução do consumo de energia e água, assim como o uso de fontes renováveis também foram abordados pela palestrante no FHAN. “Dentro do processo de eficiência, é preciso saber se o hotel está consumindo a energia da forma certa, se a iluminação está dimensionada corretamente, se os ar condicionado e equipamentos têm manutenção constante. Tudo que tem um gasto maior é um desperdício, e é muito importante gerenciar despesas desnecessárias dentro desse contexto”, aconselhou.

Questões de responsabilidade social, como apoio às comunidades locais, incentivo da compra de pequenos produtores e voluntariado foram apontados como tópicos relevantes. Mas além das práticas, Juliana salientou que é preciso avaliação e melhorias contínuas. “É preciso estabelecer KPIs com métricas para quantificar, monitorar o desempenho e o progresso das ações do hotel, além de criar relatórios regulares para documentar e comunicar o processo e os resultados alcançados para melhorar as práticas adotadas”.

A especialista ainda pontuou a importância das certificações. “Certificação gera valor e promove melhoria nos preços das diárias, reconhecimento midiático, público e dos clientes”, avaliou. “Implementar práticas sustentáveis e ESG é uma jornada contínua que requer compromisso e adaptação às mudanças nas expectativas do mercado e nas regulamentações”, conclui.

Assinando por quatro anos o projeto Hotel Cor dentro da HFN, Luciana lembrou diversos hotéis assinados por ela com foco sustentável. Especialista em gestão de políticas ambientais, a arquiteta reforçou que independente do porte do empreendimento, o projeto pode ser pensando tanto na parte funcional como na sustentabilidade, com atenção para o reuso da água, energia elétrica, reciclagem de resíduos sólidos e governança.

“É preciso conhecer bem o terreno e a população do entorno. O bom uso da orientação solar torna o projeto bem iluminado e bem ventilado, assim como considerar a eficiência energética e o uso de mão de obra local na contratação já são bons parâmetros para a implementação do ESG. Uma boa arquitetura é necessariamente sustentável”, finalizou Luciana.

*Por Marília Gilka

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News