Entrando na terceira fase do Hotel Trends ESG, aberto hoje (8), a Dimensão Ambiental foi comandada por Juliana Mesquita, CEO da Koncept Life. Abrindo o debate sobre o tema, Camilo Terranova, diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da NM2, apresentou as tecnologias da empresa para melhorar o tratamento de esgoto, como o uso de ozônio, destacando a importância da reutilização da água.
Durante a palestra Responsabilidade Ambiental: da obrigação às oportunidades, Terranova, compartilhou as soluções da empresa, que visam eliminar micróbios residuais e garantir um tratamento mais eficiente
O debate também trouxe dados preocupantes sobre o cenário de saneamento no Brasil. Mais de 150 milhões de pessoas no país não têm acesso a tratamento de esgoto e cerca de 100 milhões sequer possuem coleta de esgoto. No setor hoteleiro, Terranova ressaltou que a água desempenha um papel fundamental, tanto em processos internos, como a lavagem de enxovais, quanto em atrativos naturais próximos aos hotéis, como cachoeiras. “A presença da água é mais abundante do que se pode imaginar no setor hoteleiro”, afirmou o executivo.
Terranova explicou que um dos principais desafios para o avanço de uma economia circular é garantir que as tecnologias ambientais não transfiram a poluição de um lugar para outro. Ele compartilhou um exemplo de sucesso da NM2, que alcançou 99,8% de remoção de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), sem gerar lodo ou utilizar produtos químicos. Apesar de a água tratada não ser potável, ela pode ser reutilizada em atividades como a limpeza de espaços abertos.
O tratamento descentralizado desenvolvido pela NM2 oferece uma abordagem competitiva para universalizar o saneamento básico. No entanto, o uso de substâncias químicas ainda é exigido em alguns processos, o que Terranova considera uma limitação imposta pela legislação vigente. Ele destacou também os resultados obtidos pela empresa em projetos de larga escala, que beneficiam cerca de 9 mil pessoas, em loteamentos e edifícios residenciais.
Entre os projetos hoteleiros da NM2, Terranova mencionou um hotel em Campos do Jordão com 155 apartamentos, que atende aproximadamente 500 pessoas em uma rede de esgoto de 2,2 km. Esse empreendimento é a primeira multipropriedade a adotar o sistema da empresa, com a instalação de infraestrutura de tratamento fora de contêineres, o que foi um desafio superado com êxito pela equipe.
Eficiência energética e gestão de resíduos
Seguindo com a Dimensão Ambiental do Hotel Trends ESG, Juliana mediou o painel A responsabilidade ambiental e a inteligência estratégica que traz resultados para os negócios e o planeta. O bate-papo teve a participação de Marcelo Varlese, diretor Comercial da GreenYellow; Eduardo Prates, CEO da Eco Circuito; Damaris Gonçalves Padilha, sócia fundadora e diretora de Sustentabilidade da Neutraliza; e Eliete Ferreira, gerente de ESG do Grupo La Torre Resort.
O debate foi focado em estratégias ambientais com potencial para gerar resultados tanto para os negócios quanto para o meio ambiente. Juliana destacou o impacto ambiental do setor hoteleiro e sugeriu que o processo de descarte de alimentos preparados em eventos e buffets seja reavaliado para seguir práticas mais ecológicas.
Varlese apontou a redução das emissões de gases do efeito estufa como um desafio prioritário para as empresas. Segundo ele, a GreenYellow atua diretamente nesse cenário, financiando integralmente os projetos de seus clientes. “Temos empresas que oferecem soluções para que outras descarbonizem seus processos, e essa é uma vantagem competitiva importante”.
No que diz respeito ao mercado livre de energia, Varlese mencionou que a migração de empreendimentos hoteleiros para esse modelo tem resultado em redução de tarifas. O executivo também apontou o barateamento de sistemas de energia solar como uma oportunidade para diminuir custos, embora a otimização do consumo de energia ainda seja um desafio a ser superado. Segundo ele, sistemas de ar condicionado, aquecimento de água e iluminação são os maiores consumidores de energia no setor e podem ser reavaliados para uma abordagem ESG.
Gestão sustentável de resíduos e impacto social
A Eco Circuito apresentou uma tecnologia que transforma a gestão de resíduos das empresas, criando aterros ambientais. “Nosso objetivo é prevenir o desperdício e promover mudanças contínuas”, afirmou Prates. Ele explicou que, ao envolver os hóspedes e gerar dados sobre o descarte de resíduos, as companhias podem entender melhor os motivos por trás dessas práticas e otimizar seus processos.
Damaris reforçou a necessidade de as corporações ampliarem seus horizontes e adotarem práticas mais sustentáveis. “Nosso foco é reduzir e compensar: desde as emissões de carbono até o descarte de resíduos e o transporte de colaboradores”.
Eliete compartilhou sua experiência na implementação de práticas sustentáveis no La Torre Resort. Ela enfatizou que a coleta dos aterros pode variar entre 300 a 500 toneladas e que o resort conseguiu reduzir em 25% suas despesas. A gerente ainda m destacou que a transformação da mentalidade das pessoas é um dos maiores desafios no processo de adoção de práticas ESG.
(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News