quinta-feira, 14/novembro
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Inflação sobe 0,44% em setembro, com impacto de energia elétrica e alimentos

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de 0,44% em setembro, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), segundo divulgado pela Folha de S. Paulo. O aumento, que já era esperado no mês de agosto, foi influenciado, principalmente, pelos preços da energia elétrica e dos alimentos.

Esse índice reverte a deflação de 0,02% observada em agosto e marca a maior alta para o mês de setembro desde 2021. No acumulado de 12 meses, o IPCA passou de 4,24% até agosto para 4,42% até o último mês, aproximando-se do teto da meta de inflação do Banco Central para 2024, de 4,5%.

Entre os nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IBGE, habitação e alimentação foram os que mais contribuíram para a alta no IPCA. O setor de habitação, com avanço de 1,80%, foi fortemente impactado pela elevação das tarifas de energia elétrica, que subiram 5,36% em setembro. Essa variação ocorreu em razão da ativação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que encareceu as contas de luz.


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Impacto climático

A seca severa no Brasil tem dificultado a geração de energia nas hidrelétricas, o que contribuiu para o aumento das tarifas. A crise climática intensifica o uso de energia, e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já acionou a bandeira vermelha patamar 2 para outubro, o que pode elevar ainda mais os preços no próximo mês, explicou o IBGE. Esse cenário pressiona a inflação no setor de energia, essencial para os custos de famílias e empresas.

Já no setor de alimentação e bebidas, o IPCA subiu 0,50%, encerrando uma sequência de dois meses de queda. A alimentação no domicílio teve alta de 0,56%. André Almeida, técnico do IBGE, destacou que a seca também foi determinante para a elevação nos preços de itens como carne bovina e frutas. “Falando especificamente das carnes, a forte estiagem e o clima seco foram fatores que contribuíram para a diminuição da oferta. É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática”, disse.

Entre os alimentos que registraram alta, o mamão subiu 10,34%, a laranja-pera aumentou 10,02%, e o contrafilé registrou alta de 3,79%. Em contrapartida, produtos como cebola (-16,95%), tomate (-6,58%) e batata inglesa (-6,56%) tiveram redução nos preços.

Expectativas de inflação e impacto nas metas

Para 2024, o objetivo é manter a inflação em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, variando entre 1,5% e 4,5%. A aceleração observada em setembro coloca o índice mais próximo do teto da meta.

A expectativa do mercado financeiro era de uma inflação de 0,46% para o mês, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg, com previsões variando entre 0,39% e 0,60%. O resultado final de 0,44% ficou ligeiramente abaixo dessas estimativas, mas ainda demonstra a pressão inflacionária presente, especialmente devido à crise climática e suas consequências diretas nos preços de energia e alimentos.

Com o impacto da estiagem e a tendência de continuidade do aumento nos preços da energia em outubro, é provável que a inflação continue pressionada até o final do ano, o que reforça o desafio do Banco Central em atingir a meta de 3% para 2024.

(*) Crédito da foto: Pixabay