Desde o ano passado, a Gramado Parks enfrenta uma situação delicada com seus principais credores. Em abril de 2023, a empresa gaúcha de turismo e hospitalidade teve seu pedido de recuperação judicial aprovado, e ontem (30), o juiz de Direito Darlan Elis de Borba e Rocha, da Vara Empresarial Regional de Caxias do Sul (RS), homologou o plano sem ressalvas, entendendo que ele atende a todos os requisitos legais.
O plano proposto pela empresa prevê uma ampla reestruturação de suas unidades de negócios, com mudanças na gestão, renegociação de contratos essenciais que representam custos operacionais e uma significativa redução de despesas administrativas. Além disso, o plano oferece diversas opções de pagamento a clientes, fornecedores, financiadores e prestadores de serviços.
Na assembleia geral realizada em abril deste ano, o plano de recuperação judicial da Gramado Parks foi aprovado por mais de 2 mil credores, correspondendo a 98,5% dos votos. Ronaldo Costa Beber, CEO da empresa, afirma que, mesmo durante as negociações, foram implementadas economias substanciais e medidas para assegurar a sustentabilidade dos negócios.
Segundo o executivo, o objetivo é otimizar os custos operacionais e reduzir as despesas administrativas. “Isso nos permitirá obter maior margem de lucro, possibilitando o pagamento a todos os credores e, em breve, atrair investidores interessados em rentabilidade”, comenta.
Recuperação judicial
A aprovação do plano da Gramado Parks prevê a negociação para quitação de aproximadamente R$ 400 milhões em dívidas, conforme aponta o portal Acontece Gramado. Outros R$ 700 milhões já teriam sido renegociados com os credores.
De acordo com Beber, durante as negociações, a empresa conseguiu reduzir em mais de R$ 40 milhões seu custo anual, devido a diversas iniciativas de reorganização que possibilitaram, inclusive, a retomada de obras.
“A homologação do plano de recuperação judicial proporciona previsibilidade em nosso fluxo de caixa, permitindo que, de um lado, possamos iniciar os pagamentos aos credores e, de outro, garantir tranquilidade operacional para buscar melhores margens de rentabilidade, sem comprometer o encantamento dos clientes, que nos rendeu inúmeros prêmios no último ano, mesmo em recuperação judicial”, reforça.
O plano também prevê a extensão dos prazos de dívida com bancos públicos, a possibilidade de deságios e prazos mais curtos para pagamento aos fornecedores que mantiverem os serviços prestados à Gramado Parks. Consumidores, por sua vez, podem optar por receber créditos em diárias de hotéis, ingressos de parques ou até mesmo utilizá-los como entrada na compra de unidades nos resorts da empresa.
Cronologia
As dificuldades da Gramado Parks começaram com a pandemia e se agravaram com o aumento da taxa Selic. Nas emissões de CRIs, as empresas do grupo cederam à Fortsec a receita de vendas das frações para quitação dos credores, enquanto o restante seria destinado ao caixa. No entanto, juros altos, queda nas vendas e a crise econômica afetaram severamente o faturamento da companhia.
Entre as empresas do grupo que entraram em recuperação judicial estão a GPV, focada em multipropriedades; a ARC Rio, que gerencia rodas-gigantes; e a BPO, do setor de administração de parques.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Gramado Parks