quinta-feira, 14/novembro
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Short-term rental pode ter futuro definido com diálogo

O short-term rental, que têm aparecido em diversos destinos ao redor do mundo, precisa de diálogo para continuar expandindo.

Com cenário já conturbado em Barcelona e Nova York, além de Cidade do México e Málaga passando também por restrições das autoridades locais, o short-term rental pode ter ligado o sinal de alerta. A medida que o incômodo gerado à hotelaria tradicional cresce, o segmento acumula dúvidas sobre seu futuro. O diálogo, na visão de quem entende deste negócio, é o melhor caminho.

É o que acredita Pedro Pongelupe, CEO da OZPED e presidente da ABLT (Associação Brasileira de Locação Por Temporada). Para ele, apesar de retrocessos vividos em alguns locais, é possível esperar boas coisas do short-term rental. Até porque, caso as negativas persistam, a perda é do  setor hoteleiro como um todo.

“O futuro é promissor, especialmente com a crescente demanda por hospedagem flexível que se adapta aos novos estilos de vida, trabalho e lazer. A digitalização também é um ponto positivo e deve continuar acontecendo. Entretanto, se medidas rigorosas como as de Barcelona e Nova York se tornarem comuns, o futuro do short-term rental pode enfrentar desafios significativos, especialmente nas grandes cidades”, comenta.


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A consequência disso, segundo ele, será a falta de acomodações hoteleiras nas grandes cidades, já que o modelo de curta temporada compõe parte importante desta oferta. “Muitas cidades não têm capacidade neste sentido para suportar a quantidade de turistas que chegam. O aluguel por temporada, dessa forma, é importante para equilibrar o setor”, completa o executivo.

Short-term rental - Airbnb - ABLT - Brasil e mundo - restrições
Pongelupe: um caminho colaborativo é sempre melhor

A partir dai, chega-se na ideia da conversa e diálogo propostas por Pongelupe como solução para embates ideológicos no setor. Essa habilidade, aliás, define até mesmo se o short-term rental continuará prosperando e não somente sobrevivendo em meio a retaliações.

“As parcerias entre o setor e governos locais ao redor do mundo podem ajudar a estabelecer regras justas. Os interesses tanto dos proprietários quanto das comunidades locais podem ser atendidos dessa forma”, diz.

Como exemplo, ele cita a COP 30, que acontece em Belém, em 2025, contando com esforços do governo estadual, em conjunto com Airbnb e Booking, para ter mais hospedagens de locação por temporada. Este tipo de diálogo que, em sua perspectiva, pode garantir a continuação do segmento.

“A transparência na regulamentação, com limites equilibrados e medidas de segurança, pode ajudar a evitar proibições mais rígidas. O setor pode adotar autorregulamentações, melhorar a qualidade do serviço e implementar padrões mais altos de segurança e manutenção, o que beneficia locadores por temporada, proprietários e comunidades. Um caminho colaborativo é sempre a melhor maneira de garantir a sustentabilidade do STR e evitar proibições”, pontua.

Cenário brasileiro

No Brasil, de maneira específica, não há perspectiva de incômodo à prática do aluguel de curto prazo. Com a criação recente da ABLT, sob comando de Pongelupe, a expectativa por aqui é até positiva em relação ao que vem acontecendo na América do Norte e na Europa. Sobre isso, o próprio executivo explica o porquê a tendência é de aquecimento no panorama doméstico.

“Entendo que o desafio é grande, porém o mercado brasileiro não é similar a essas capitais europeias e norte-americanas em diversos aspectos, incluindo o perfil e o volume de turistas. Barcelona, por exemplo, recebe cerca de 27 milhões de turistas por ano, enquanto Nova York atrai mais de 60 milhões. Em comparação, cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, recebem números menores, com cerca de 5 a 10 milhões de turistas anuais. Esse contexto diferente torna o impacto das locações por temporada menos concentrado em nossas cidades, o que abre mais espaço para uma regulamentação equilibrada que apoie o setor sem comprometer a vida urbana”, explica Pongelupe.

A partir disso, o executivo trata com bastante otimismo a possibilidade do short-term rental se desenvolver no Brasil de maneira sustentável e adaptado às necessidades locais. Isso diminuiria, portanto, as chances da proliferação de restrições mais severas, o que alguns mercados internacionais já enfrentam.

Perdas

Para além de redução na oferta hoteleira, Pongelupe entende que restringir mais o short-term rental coloca em xeque também questões financeiras. Isso respingaria não só em consumidores e anfitriões, mas no próprio setor em si.

“Proibições podem limitar o acesso dos consumidores a opções de hospedagem, impactando negativamente o turismo, as receitas de municípios e a geração de emprego. Além disso, comunidades locais perdem a oportunidade de investir em novas atividades econômicas e de atrair visitantes que movimentam pequenos negócios”, avalia.

Procurado pelo Hotelier News, o Airbnb também deixou sua visão como companhia sobre o que acontece ao redor do mundo quanto aos aluguéis de curta temporada. Além de se colocar como facilitador para que viajantes tenham hospedagens mais acessíveis, dados também foram trazidos para justificar a importância deste segmento atualmente.

“O Airbnb acredita que, para criar boas políticas, precisa estar próximo dos governos e dos reguladores em um trabalho de diálogo, conscientização e transparência. Em Nova York, por exemplo, um ano após serem aprovadas, as regulamentações sem precedentes de aluguel por temporada não cumpriram a promessa de combater a crise habitacional”, disse em nota enviada à reportagem.

Segundo a empresa, o efeito com a Lei Local 18 na megalópole norte-americana causou justamente o contrário. Os preços estão maiores tanto em aluguéis regulares quanto de curto prazo, o que também é explicado pelo Airbnb em outro contexto.

“Como a maioria dos hotéis de Nova York está concentrada no centro de Manhattan, as restrições reduziram significativamente a quantidade de acomodações disponíveis nos bairros mais afastados, concentrando os viajantes, limitando os locais onde eles ficam e onde e como gastam. As acomodações disponibilizadas via Airbnb em grande parte da cidade atendiam áreas sem opções de hotéis”, salientou.

Voltando ao Brasil

Sobre o mercado brasileiro, o crescimento por aqui é notável, com 1,6 milhão de hóspedes realizando a primeira reserva no aplicativo em 2023. Neste contexto, a empresa vê capacidade no país e entende a missão de oferecer variedade para os viajantes, seja em rotas menos óbvias para turismo ou acomodações não tradicionais e mais baratas.

“O Airbnb acredita que, para criar boas políticas, precisa estar próximo dos governos e dos reguladores em um trabalho de diálogo, conscientização e transparência”, complementou em comunicado.

(*) Crédito da capa: Freepik

(**) Crédito da foto: Arquivo pessoal