domingo, 22/setembro
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Saiba o que é Legal Design e como aplicar no seu hotel

Em muitos casos, uma simples ida ao advogado já causa dores estomacais para muita gente. Ler aqueles contratos pouco inteligíveis, então… é de dar calafrios em qualquer um, certo? Por isso, um conceito relativamente novo no Direito vem ganhando espaço em diferentes setores: o Legal Design. De maneira bem simples, essa nova linha de pensamento coloca o usuário no centro da linguagem jurídica. Ou seja, é mais sobre UX (User Experience) e menos sobre juridiquês!

Advogada especialista em compliance, além de professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Carolina Hannud conta que o termo surgiu em 2001, por meio de uma pesquisa de PhD de Colette R. Brunschwig, na Universidade de Zurique. “Em seguida, o conceito foi utilizado em seguida por Helena Haapio e Stefania Passera, na Finlândia, popularizando-se de vez com a norte-americana Margaret Hagan, da Universidade de Stanford”, acrescenta Carolina, que também é sócia do Studio Mater e uma das pioneiras do Legal Design no Brasil.

Legal Design - Carolina Hannud
Carolina: Legal Design pode ser ferramenta de fidelização

“De maneira simplificada, podemos dizer que Legal Design tem como objetivo tornar a linguagem jurídica mais acessível para pessoas que não são da área e que, em muitos casos, não conseguem compreender os termos técnicos”, explica Carolina. “E pode-se fazer isso se apoiando no design, tornando, por exemplo, documentos muito mais simples de ler e entender”, completa.


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Para a advogada, que já falou ao Hotelier News sobre gestão de conflitos, a hotelaria pode se beneficiar bastante do conceito, afinal a experiência do cliente é algo perseguido pelo setor. “O Legal Design pode ajudar a garantir transparência e transmitir mais confiança para o consumidor. Além disso, o conceito se aplica justamente no sentido de agilizar os processos e, acima de tudo, criar uma reputação de respeito ao cliente, porque é a experiência satisfatória que fideliza”, complementa.

“Em uma sociedade totalmente digital, onde os contratos são firmados e assinados virtualmente, manter um apartheid entre quem entende ou não a linguagem jurídica significa criar mais conflitos. Não se trata de embelezar documentos, mas de usar o design para colocar o ser humano no centro da questão”, acredita.

Legal design: aplicação na prática

Um dos maiores grupos educacionais do país, a Ânima Educação está fazendo uso do Legal Design no dia a dia das empresas e na relação com os clientes e funcionários. Segundo Paula Starling, DPO (Data Protection Officer) da Ânima Educação, o conceito atua como uma ferramenta que facilita negociações, garantindo maior confiabilidade e segurança.

“O Legal Design nos auxiliou a chegar a um formato mais compreensível de documentos de privacidade e proteção de dados, tais como a política corporativa e o aviso externo de privacidade. Além disso, também nos permitiu que nos conectássemos aos diferentes segmentos de clientes da Ânima Educação, criando um material que, na nossa visão, pode aproximar nosso aluno do ecossistema complexo de privacidade e proteção de dados”, analisa.

Paula destacou ainda que as vantagens de utilizar o conceito são principalmente conexão e aproximação com o usuário. Segundo ela, o Legal Design, aliado a uma estratégia de storytelling potente, permite que empresas e clientes se conectem de forma mais efetiva.

“O Legal Design nos ajuda a solucionar problemas, a entender aonde estamos e queremos chegar, bem como a descobrir as melhores ferramentas para construir este caminho. Por exemplo: estamos criando um modelo de Legal Design para utilizarmos em alguns fóruns específicos de Ânima, como a Comissão de Privacidade e os Embaixadores de Privacidade. Entendemos que esses locais são, por excelência, ambientes de co-criação, em que há enorme espaço de ganho de maturidade em proteção de dados com o auxílio do Legal Design”, ressaltou.

Além disso, a executiva vê no Legal Design uma ferramenta de fidelização dos clientes. “No Programa de Governança em Privacidade e Proteção de Dados da Ânima, com o auxílio do Studio Mater, ainda estamos no início da jornada, mas já sentimos um ganho enorme quanto a isso, principalmente em relação aos nossos clientes internos neste momento. A ideia de construir um programa mais fluido e inteligível aos nossos colaboradores contribui exponencialmente para o pilar de treinamento e conscientização do programa, em torno do objetivo maior de incrementar a cultura de proteção de dados do país”, finaliza.

(*) Créditos da capa: advogadoaguilar/Pixabay

(**) Crédito da foto: arquivo pessoal