segunda-feira, 11/novembro
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BC: inadimplência chega ao maior nível desde julho de 2020

Hoje (27), o BC (Banco Central) divulgou o maior nível de inadimplência do mercado desde julho de 2020 (3,57%), segundo veiculado pelo jornal O Globo. A taxa, considerando recursos livres, chegou a 3,53% em abril deste ano.

Uma pesquisa publicada no início deste mês apontava que a quantidade de brasileiros com dívidas atrasadas nunca foi tão alta. No país, há cerca de 66,6 milhões de pessoas inadimplentes — o equivalente a 31% da população.

Vale ressaltar que os dados estão defasados por conta da greve de servidores do BC, que paralisou as divulgações recorrentes, como o relatório Focus e notas do setor externo e crédito.


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A escalada da inadimplência vem acontecendo mês a mês, desde julho de 2021, após atingir mínima durante a pandemia por conta de medidas do BC e de instituições financeiras de extensão e renegociação de pagamentos.

O crescimento foi mais forte entre pessoas físicas, saltando de 4,4% para 5% entre dezembro e abril. Contudo, a taxa também subiu entre empresas, de 1,5% para 1,7%, na mesma base de comparação.

Alta dos juros

A elevação dos juros médios cobrados no mercado é parte do problema. Em abril, a taxa média do sistema financeiro era de 38,1% ao ano, alta de 4,3 pontos percentuais no ano. Para pessoas físicas, o avanço se deu em um patamar ainda maior. A taxa média estava em 45% ao ano em dezembro de 2021 e chegou a 50,3% em abril. Já o crédito para empresas cresceu 19,7% ao ano para 22,4% no mesmo período.

As taxas cobradas no mercado são frutos da trajetória de alta da Selic — taxa básica de juros — que vem em curva ascendente desde março de 2021, em uma tentativa do BC de controlar a inflação.

A Selic subiu de 2% para 13,25% ao ano, com projeção de, no mínimo, mais uma alta na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Orçamentária) na próxima semana.

Cartão de crédito mais caro

Modalidade mais cara disponível no mercado, o cartão de crédito rotativo também subiu no ano. Em dezembro, estava em 347,4% ao ano, saltando para 364% em abril. A procura por esse tipo de crédito aumentou 59,4% nos primeiros quatro meses de 2022 frente ao mesmo período do ano passado.

Em abril, foram concedidos R$ 26,9 bilhões no cartão de crédito rotativo. No mesmo mês em 2021, o montante foi de R$ 17 bilhões. No caso do cheque especial, que tem limite estabelecido pelo BC, os juros também subiram. De 127,9% ao ano no final do ano passado para 132,7% em abril.

A modalidade de capital de giro para empresas, muito procurada por dar mais liberdade para os gastos do empréstimo, também ficou mais cara. De 20,7% em dezembro para 22,5% em abril.

As concessões de crédito não diminuíram o ritmo neste ano. Segundo as estatísticas do BC, a alta no ano foi de 29,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Só em abril foram concedidos R$ 421,1 bilhões em crédito, sendo R$ 222,7 bilhões para pessoas físicas e R$ 198,4 bilhões para empresas.

De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em abril, o número de pessoas endividadas foi recorde, atingindo 77,7% das famílias.

(*) Crédito da foto: joelfotos/Pixabay