sábado, 21/setembro
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IV Fórum Nacional da Hotelaria é aberto em SP

Foi aberto há pouco, no InterContinental São Paulo, o IV Fórum Nacional da Hotelaria, promovido pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), em parceria com o Grupo R1. O pontapé inicial do evento, que neste ano possui o tema No Time For Losers, foi dado por Orlando de Souza, presidente executivo do FOHB, Eduardo Giestas, presidente do Conselho de Administração da entidade e CEO da Atlantica Hospitality International, além de Raffaele Cecere, CEO do Grupo R1.

“A pandemia foi uma página dramática, mas já virada, da nossa história. Além disso, o hoteleiro brasileiro é, antes de tudo, um forte, otimista, aprendiz e que se reinventa a todo instante. Hoje, temos que lidar com tecnologias que sequer imaginávamos existir há 40 anos, com estratégias de preço e comercialização que mudam a cada semana”, pontuou Souza.

IV Fórum Nacional da Hotelaria - Foto_Interna
IV Fórum Nacional da Hotelaria reúne trade para debater tendências do setor

 

“Esse panorama justifica a importância do fórum, pois discute novas tendências, exigências do cliente e mudanças no comportamento do consumidor. A pandemia possibilitou a criação do G20, reunindo todas as entidades do setor de turismo. Fizemos isso porque entendemos que essa convergência era necessária para encontrar novos caminhos e soluções. Aqui, fortalecemos nossa identidade de hoteleiros, movidos por paixão, talentos, competências, conhecimentos e, acima de tudo, de propósito”, completa.


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Recuperação e desafios

Dando continuidade ao evento, Giestas foi outro a celebrar o retorno do fórum do FOHB ao formato presencial após dois anos de crise sanitária. “Isso já carrega um simbolismo positivo para o nosso setor, que bravamente enfrentou a pior crise de sua história. Vivemos um momento de grande recuperação da ocupação e tendência de valorização de diárias. Esse processo está em franca evolução, mas sabemos também que, todavia, há ainda um longo caminho à nossa frente”, destacou o CEO da Atlantica.

O executivo pontuou ainda os desafios do setor, entre eles a escassez de mão de obra qualificada para atender à alta de demanda hoteleira atual. “Continuamos muito firmes no nosso propósito, discutindo, debatendo e refletindo sobre os desafios, que passam por diversas frentes, como posicionamento de mercado e revalorização dos produtos, entre outros”, completa.

Em seguida, foi a vez de Cecere propor uma reflexão sobre o momento do mercado. “Hoje, considero-me mais hoteleiro do que uma empresa de tecnologia. Estamos no mercado para servir nessas duas frente de atuação. Estamos felizes por proporcionar um evento como esse de grande qualidade. Foram anos difíceis e conseguimos chegar aqui mais fortes do que quando entramos na pandemia, quando rapidamente reinventamos nosso negócio”, afirmou o CEO do Grupo R1, ressaltando o retorno da demanda. “Só no mês passado fizemos 1,6 mil eventos”, completou.

O futuro do turismo no Brasil

Na sequência da programação do IV Fórum Nacional de Hotelaria, Alexandre Sampaio, presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) e do Cetur (Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), falou sobre integração de propostas e união de instituições para fomentar iniciativas no setor. Neste cenário, surge o Programa Vai Turismo, ideia que inclui entidades representativas e sindicatos, como ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) e FBHA. Ao todo, são 29 entidades nacionais, federações do comércio estaduais.

O executivo pontuou ainda que sempre se fez necessária uma construção conjunta entre todas essas entidades para desenvolver a atividade turística. “O resultado disso foram 28 documentos com propostas e recomendações de políticas públicas de turismo, que foram entregues ao presidente da República e também a representantes estaduais”, ressalta.

A campanha publicitária do Vai Turismo deverá ser lançada após as eleições. “Os representantes políticos demonstraram grande interesse com a iniciativa, concordando que o turismo merece reconhecimento por sua capacidade de geração de empregos, entre outros fatores. Temos grande capacidade de inserir o turismo de vez na cadeia de consumo do brasileiro”, finaliza.

Precificação

Logo na sequência foi realizado o primeiro painel do evento, intitulado Em um mundo tão dinâmico, a tarifa fixa ainda faz sentido?. O debate contou com participação de Gabriela Otto, CEO da GO Consultoria e presidente da HSMAI Brasil; Fabio Mader, CEO do Grupo Leceres; Marcel Frigeira, gestor de Viagens para a América Latina da IBM; Cesar Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management; e David Pressler, diretor Comercial da IHG Hotels & Resorts.

Dando início ao painel, Gabriela falou sobre a história da precificação dinâmica na hotelaria, rememorando todo esse longo processo. Em 2003, por exemplo, o mercado aceitou o conceito de paridade tarifária. No mesmo ano, a Marriott passou a aplicar preços dinâmicos, movimento seguido por Hilton e IHG (InterContinental Hotel Group) no ano seguinte. “Em 2006, acontece a introdução das tarifas reembolsáveis e pré-pagas nos sites dos hotéis, entre outras iniciativas que ganharam corpo em todo o setor”, explicou.

IV Fórum Nacional da Hotelaria - Primeiro_painel
Painel reúne especialistas do setor hoteleiro para discutir estratégias de pricing

 

“Até hoje, muitos hoteleiros confundem precificação dinâmica com precificação real time. E, neste cenário, a tecnologia teve papel fundamental, trazendo pricing solutions para toda a cadeia”, acrescentou Gabriela.

Em seguida, Frigeira destacou que ainda há dúvidas entre os gestores de viagens a respeito da precificação. “É uma categoria bastante diversificada, que lida com perfis diversos de clientes e, consequentemente, de consumo. Por isso, é necessário oferecer mais informações para auxiliar o mercado a entender essas demandas e, a partir disso, instituir as tarifas”, completa.

Pressler, por sua vez, destacou que, quando o mercado pensa em tarifas fixas, consequentemente associa-se isso à demanda corporativa. “O fato de a pandemia ter atingido os hotéis, ajudou-nos a ter mais tarifas dinâmicas, proporcionando cada vez mais conscientização para os gestores de viagens também, que estão conectadas às OTAs”, avalia.

Dando continuidade ao debate, Nunes reforça que há grande discrepância entre as tarifas públicas e corporativas. “Estamos passando por um momento dentro da hotelaria no qual temos necessidade de rentabilizar melhor. A tarifa dinâmica consegue acompanhar o movimento inflacionário. A fixa, não. Além disso, há maior qualificação da comercialização hoteleira. Não adianta concentrarmos nossos esforços apenas na operação”, diz. “O mercado entendeu que há necessidade de re-precificar, melhorar as margens e, com isso, ter mudanças no segmento corporativo.”

Em sua fala, Mader complementa o raciocínio dos demais participantes, afirmando que a tarifa fixa possui “data de validade”. “Todos nós, seja agente de viagens, hoteleiros ou companhias aéreas, passamos a pandemia no modo sobrevivência. Agora, o momento é de recomposição, de caixa e de ativos. Não existe outro modelo a não ser a tarifa flexível, porque é a mais justa para os dois lados, tanto para o da empresa, quanto para o cliente”, analisa.

Retomando sua explanação, Pressler afirmou que, neste ano, é impossível não incrementar as tarifas fixas, devido à falta de alteração na precificação nos últimos dois anos.

Abordando o tema do ponto de vista da tecnologia, Nunes reforçou a importância das soluções tecnológicas nas estratégias de precificação. “O momento é muito propício para isso. Temos pressão por recuperar resultados, mas também dispomos das ferramentas certas para isso. O momento não poderia ser melhor”, conclui.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa e Peter Kutuchian/Hotelier News