O Ford T é a joia da coroa do acervo do museu
Localizado a 271 quilômetros de São Paulo, Bariri ganhou recentemente um tesouro cultural que pouca gente conhece. A pacata cidade de 34 mil habitantes abriu, em julho, o Museu Mário Fava, uma homenagem a seu cidadão mais ilustre. A instituição ocupa uma casa construída há mais de 90 anos e preserva a aventura que Fava fez pelas Américas no início do século passado.
Em companhia de Francisco Lopes da Cruz e Leônidas Borges de Oliveira, Fava percorreu mais de 27 mil quilômetros para mapear a Estrada Pan-americana. A bordo de um Ford T e de uma caminhonete Ford, o trio atravessou a estrada – que corta as Américas – ao longo de 10 anos. No total, os três aventureiros passaram por 15 países, de 1928 a 1938.
A viagem teve início no Rio de janeiro e acabou em Washington, nos Estados Unidos, passando por campos, florestas, montanhas, pântanos e rios. Na capital americana, Fava, Cruz e Oliveira foram recebidos pelo presidente Franklin Roosevelt e por Henry Ford na Casa Branca. Empolgado com o feito dos brasileiros, o empresário tentou comprar os veículos, assim que constatou a sua originalidade. A proposta foi recusada pelo trio. Ao voltar ao Brasil, os aventureiros foram recebidos pelo então presidente Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Museu ocupa um prédio construído há mais de 90 anos
Bariri: o museu
Patrimônio histórico de Bariri, o prédio que abriga o museu já foi sede da Sociedade Italiana de Beneficência 4 de Novembro. A construção tem mais de 90 anos e reunia italianos que moravam em Bariri para a realização de festas e acolhimento de novos imigrantes. Com o passar do tempo, o prédio foi doado para a Santa Casa e abandonado depois de anos. Com a instalação do museu, todas as dependências foram restauradas, preservando a arquitetura original.
No local, é possível encontrar fotos dos três desbravadores, documentos, registros, jornais da época e mapas de viagem. Na sala principal está o Ford T, fabricado em 1918. O carro centenário foi todo restaurado para ficar em exposição. “O objetivo do museu é reunir essa história de pioneirismo e mostrar parte dos desafios enfrentados pelo trio há mais de 80 anos”, conta o curador e um dos fundadores do museu, José Augusto Barboza Cava.
Segundo Cava, a viagem para desbravar a Pan-americana foi organizada por Oliveira. À época, ele recebeu do então presidente Washington Luís um documento que dava fé e apoio do governo brasileiro à empreitada. “Esse registro também contribuiu para que os viajantes pudessem angariar apoio no custeio da viagem nos países por onde passavam, conforme a viagem fosse avançando”, explica o curador.
(*) Crédito das fotos: Divulgação/Museu Mário Fava