sexta-feira, 15/novembro
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“Sempre amei hotelaria porque fez parte da minha história e infância”, descreve Bárbara Ronchi


Bárbara Ronchi, proprietária do Vila d'este (RJ)
(fotos: divulgação / Vila d'Este)

Não raro a sensação de pertencimento a um lugar surge como resultado da primeira identificação com o espaço. Um cheiro familiar, uma lembrança antes inacessível, ou até mesmo por meio da descoberta de que lá reside algo que até então nunca faltara. Bárbara Ronchi, proprietária da pousada Villa d’este, morou na Argentina até seus doze anos, numa cidade de grande vocação turística, chamada San Carlos de Bariloche – que lhe foi apresentada como seu lar, e assim foi durante parte de sua infância.

Ainda na adolescência mudou-se para Búzios com seus pais, e encontrou, numa península rodeada de natureza e praias, um novo sentimento de pertencimento. A mudança me tirou da zona de conforto. Foi difícil mas abriu minha mente, meus horizontes e me permitiu conhecer um país maravilhoso, diferente, aberto a bem receber os estrangeiros, e composto por pessoas de estilo alegre. País que finalmente foi adotado por toda nossa família como lar”, conta.


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Também inerente à sua história, a hotelaria se fez presente em sua vida desde quando era criança, uma vez que seus pais atuavam no ramo. Com curiosidade e paixão, Bárbara via no seu estilo de vida a possibilidade, quase que hereditária, de também trabalhar na área.

Com contato permanente com práticas hoteleiras, a jovem optou por cursar outro campo de conhecimento que também prestigiava, escolhendo o curso de Letras, motivada, principalmente, pela ideia de obter uma formação mais geral sobre as coisas.

Sempre amei hotelaria porque fez parte da minha história e infância, sendo meu pai gerente residente de diversos meios de hospedagem, moramos em muitos hotéis e sempre gostei dos bastidores. Minha mãe é excelente anfitriã, ambos tinham um senso estético apurado e muito prazer em receber . É na verdade uma história de família.”

Contar a história do Vila d’este é também contar a história de Bárbara, que intimamente imprimiu em cada aspecto da pousada as sensações, as vivências e a experiência que compartilhou com o município fluminense desde sua chegada.

Por Giulia Ebohon


Os cômodos e a decoração da pousada, prezam pela simplicidade e comforto

Hôtelier News: Desde quando era mais nova, Búzios significou muita coisa para você. Como narraria o dia em que conheceu o destino, e o que a região despertou em você e na sua família?
Bárbara Ronchi: Meus pais vieram a Búzios pela primeira vez em 1969 quando ainda morávamos em Bariloche, convidados por um casal de cariocas que conheceram no hotel no qual meu pai era gerente. Nessa época ficaram fascinados pelas paisagens da península e pela aldeia de pescadores. Para eles foi uma descoberta mágica. Já morando no rio em 1979, fomos para Búzios para a casa dos mesmos amigos, Jorge e Arletta Pinheiro, eles, à época, tinham uma casa na rua das Pedras, que começava a ser calçada, eu devia ter uns 12 ou 13 anos e me lembro muito claramente da minha sensação de felicidade, de alegria e encantamento.

Amei búzios desde o primeiro momento. Foram dias quase de êxtase nesse lugar de verdes e azuis radiantes. É difícil de descrever, a energia local é vital, forte e muito sedutora, eu sinto isso até hoje. Nesse momento eu compreendi tudo que meus pais tinham contado e passei a compartilhar desse amor. Foi amor à primeira vista literalmente e todos passamos a frequentar de forma regular sempre que podíamos.

HN: Depois desses primeiros contatos com a cidade, o que levou ao surgimento da pousada Vila d’Este?
Bárbara: Após alguns anos de Brasil e sendo já um empresário bem sucedido, meu pai, Ângelo Ronchi, começou a realizar seu sonho. Ele sempre dizia que se pudesse compraria toda a península para que ficasse preservada e sempre linda. Ele começou comprando as pousadas dos Ossos e La Chimere, no Bairro dos Ossos, e não parou mais. Minha mãe foi presenteada com a casa da famosa bailarina Tatiana Leskova, chamada Azeda Boutique Hotel e a Vila d’este foi dada a mim. Na época era uma pousada simples com vista deslumbrante e, engraçado, ele comprou de um argentino que a tinha dado de presente a sua filha, mas ela não se interessou.

HN: A hotelaria era a carreira de seu pai, você já tinha pensado em seguir uma trajetória profissional semelhante?
Bárbara: Não. Aconteceu de forma natural. Eu trabalhava e trabalho até hoje com turismo receptivo, profissão que também aprendi com meu pai. Acho que fui apenas seguindo meus instintos, adoro preparar tudo para que as pessoas se sintam bem e felizes, desfruto quando posso proporcionar beleza, alegria e bem estar.


A hotelaria sempre esteve presente na vida de Bárbara

HN: Diante dos destinos que já conheceu, o que você considera um diferencial de Búzios?
Bárbara: Conheço vários lugares da costa brasileira, mas Búzios foi precursor no que hoje chamamos de lifestyle. Sempre teve personalidade própria, com uma sociedade local diversificada composta por 'gringos' vindos de todas as partes do mundo em busca de um projeto de vida feliz num lugar lindo. Isso garantiu ao destino um caráter eclético, internacional e irreverente.  Até hoje a península preserva seus encantos naturais, o charme e a boêmia, o lado romântico e sempre a forte energia que parece nos recarregar.

HN: De que modo as ferramentas que conquistou ao longo de sua vida acadêmica te auxiliaram na administração do hotel?
Bárbara: 
Minha formação é muito mais pratica do que teórica, comecei a trabalhar cedo – com 13 anos – e sempre gostei de ser independente. Me formei trabalhando e com dedicação. Adoro trabalhar!

HN: Como foi desenvolvida a identidade visual da unidade? E qual é a importância dessas escolhas?
Bárbara: A identidade visual foi acontecendo também de forma natural e intuitiva. É como minha casa, só compro o que gosto, como se fosse para mim. Gosto de garimpar, é algo que faço de forma permanente e em qualquer lugar onde estiver. A importância disso é alta porque é amor traduzido, e garante personalidade e essências únicas ao produto, tornando-o uma marca registrada. Eu pretendo ali resgatar as emoções que senti ao conhecer Búzios, numa casa cheia de detalhes e mimos com uma equipe que se sinta orgulhosa em oferecer bons serviços e felicidade, um lugar onde as pessoas que nos escolhem se sintam valorizadas e realmente bem-vindas.

HN: Como descreveria aquilo que mais aprecia em um hotel?
Bárbara: Ordem, cuidado, detalhes, delicadeza, beleza, prazer em atender, ambientes íntimos e que reflitam a essência do local em que se encontram.

HN: De que maneira acha que o Vila d'este reflete um pouco de você?
Bárbara: Em tudo. É como se fosse minha casa e meu coração aberto para bem receber. Adoro proporcionar bons momentos, me sinto realizada com o bem estar das pessoas.

HN: O que considera imprescindível sendo proprietária de um hotel?
Bárbara: Muito trabalho, dedicação permanente, e buscar ser melhor sempre. Ter uma equipe que compreenda e viva esse conceito, para poder oferecê-lo ao hóspede.


O conceito do hotel é mais intimista, o que é apontado como diferencial pela profissional

HN: Quais são os desafios que destacaria na sua carreira?
Bárbara: Não perder a essência, não me tornar mais um fazendo as coisas de forma apenas automática. Romper meus limites, enfrentar as dificuldades e sair da minha zona de conforto para ser melhor naquilo que amo. Aliás, o amor é um valor agregado não mensurável em qualquer atividade, e o cliente ganha com isso.

HN: Búzios é um destino que vem abrigando um público cada vez maior. Como manter um diferencial em relação aos outros meios de hospedagem?
Bárbara: Mantendo minha filosofia de trabalho artesanal e esse Búzios original que conheci. Nunca teremos dezenas de apartamentos nem um perfil moderno, nem de luxo. Aqui o luxo é a simplicidade e o verdadeiro prazer em receber e compartilhar nosso lindo jardim secreto.

HN: O Vila d'este atende sobretudo casais e possui uma restrição de idade para maiores de 14 anos. Como o limite de idade influencia no perfil dos hóspedes?
Bárbara: O produto é pequeno e não tem o perfil para crianças, é para casais em busca de momentos românticos e relaxantes para quem quer descansar, não fazer nada. Tudo em frente ao mar.


 como se fosse minha casa e meu coração aberto para bem receber", reforça Bárbara.

HN: Em outras entrevistas você salienta que o perfil do empreendimento não se encaixa na categoria de luxo. De que maneira definiria o Vila d'este ?
Bárbara: Detesto a palavra luxo e o que ela significa. A Vila é simples e bonita nessa simplicidade, muito charmosa e aconchegante, é como uma bela e feliz casa de praia onde podemos receber os amigos.

HN: O que considera fundamental para manter um bom relacionamento com os colaboradores? De que modo isso impacta na satisfação do hóspede?
Bárbara: Se a proposta da casa é oferecer o handmade hospitality, ele tem que ser desenvolvido e praticado pela equipe e entre a equipe. Para cuidar bem dos hóspedes antes de temos cuidar bem do nosso time, da prata da casa.  Treinar, incentivar e reconhecer; trabalhar ombro a ombro com cada um deles. Eu pratico e gosto, faço de tudo junto com eles. Eles são a maior riqueza, temos um belo grupo de pessoas que acreditam e se dedicam.

Serviço
www.viladeste.eco.br