segunda-feira, 11/novembro
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Abel Castro: a história de desenvolvimento do CDO da Accor

Assim como na hotelaria, a vida é feita de projetos. Fazemos planos e expandimos nossos horizontes e conhecimentos para alcançar novos objetivos. No caso de Abel Castro, o desenvolvimento de sua carreira anda lado a lado com o nascimento de empreendimentos hoteleiros – que ele considera sua maior alegria profissional.

CDO (Chief Development Officer) da Accor para as Américas, o executivo do alto escalão da gigante francesa assumiu sua nova posição recentemente, após construir bases sólidas dentro da empresa que colocou 22 novas unidades na região em operação apenas no ano passado. E um dos protagonistas desse resultado foi o até então vice-presidente de Desenvolvimento para a América do Sul.

Há 16 anos na Accor, Castro tornou-se referência dentro e fora da rede. Não apenas por seu excelente trabalho à frente da expansão de novos mercados, mas pelo visível amor e comprometimento com a abertura de hotéis e suas futuras histórias.


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“Encantei-me pelos planejamentos, visitas a terrenos e por imaginar que tipo de hotel poderia ser construído ali. Acho fantástica a dinâmica do dia a dia de pensar espaços para criar. Mesmo após tantos anos atuando nesse meio, quando entro em uma propriedade recém-inaugurada, observo as pessoas trabalhando e as famílias chegando, acho que é uma das sensações mais prazeirosas do meu trabalho”, conta o executivo. “A magia não se perdeu com o tempo. Pelo contrário, ela só cresceu”.

Hoje, aos 47 anos, Castro se enxerga como um profissional realizado com suas próprias escolhas. Casado há 19 anos e pai de três filhos, que ele considera seus maiores e melhores desenvolvimentos, o executivo entra em 2023 com muitos planos para o setor hoteleiro.

“Recebi a promoção com muita alegria. Trabalhar com Desenvolvimento é uma escolha que fiz há mais de 20 anos. Atuar na Accor, uma empresa líder de mercado, faz-me muito feliz. Lembro quando cheguei na rede, quando nosso portfólio tinha pouco mais de 100 hotéis na região e, hoje, contamos com 400 em operação e outros 100 em pipeline”, recorda.

Com uma trajetória de sucesso, Castro não se esquece da força de sua equipe que faz todos os novos projetos serem possíveis. “Eles tocam o dia a dia da expansão frente aos investidores. Tudo que conquistei ao longo da minha carreira devo muito as pessoas que trabalharam comigo”, acrescenta.

Abel castro - BSH
Marcelo Picka, Ana Maria Biselli, Abel Castro e Lilian Ferarreti na BSH, em 2000

O homem por trás dos projetos

Castro nasceu e cresceu em Florianópolis. Como um bom manezinho da ilha, curtia pegar onda com os amigos e cultivava uma vasta cabeleira. O tempo passou e o surfe ficou para trás, dando lugar para a música. Para quem não sabe, o executivo toca bateria nas horas vagas e considera a prática um de seus hobbies favoritos.

Aos 17 anos, prestou vestibular para estudar Agronomia na Universidade Federal de Santa Catarina. A escolha foi motivada pela fazenda em Araxá (MG), herdada do pai. “Era um curso que viajava muito, algo que sempre adorei. Gostava de visitar as fazendas e escolas no interior do estado, mas acabei saindo”, conta.

E foi em Araxá que o CDO da Accor se encantou pela primeira vez por um empreendimento hoteleiro. O clássico Grande Hotel Termas de Araxá — veja In Loco recém-lançado — é considerado pelo executivo um dos mais bonitos do país. “Ia todos os anos para Minas Gerais visitar minha avó paterna e sempre fui encantado por esse hotel”.

Por sugestão de uma amiga, Castro foi estudar Turismo e Hotelaria em Balneário Camboriú (SC). No início, o executivo tinha o sonho de trabalhar no setor público. “Adorava a Embratur e as Secretarias de Turismo”, explica.

Seu primeiro contato com as operações hoteleiras foi no Hotel Marambaia, ainda como estagiário. Porém, o curso foi temporariamente interrompido quando o profissional viajou para Sydney, na Austrália. Do outro lado do globo, Castro atuou no segmento de restaurantes, começando como chapeiro até chegar à subgerência.

De volta ao Brasil, o executivo descobriu o universo do desenvolvimento e planejamento de hotéis nos últimos semestres da faculdade. “Achei o máximo. Fui buscar informações sobre empresas e profissionais que exerciam a atividade, até que consegui um estágio não remunerado na BSH em São Paulo”.

Castro fez estudos de mercado e permaneceu na empresa por cinco anos, onde galgou cargos como analista e gerente.

bateria
Tocar bateria é um dos hobbies favoritos do CDO

Do FOHB a Accor

Com 20 anos de atuação no mercado, Castro viu uma das principais entidades da hotelaria nascer. O FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) estava sendo criado quando o profissional foi indicado para ocupar o posto de diretor executivo. Na época, Roland Bonadona respondia tanto como presidente da associação, quanto da Accor.

“Ele me perguntou o que queria fazer e respondi que meu sonho era atuar com expansão e desenvolvimento. Fui diretor do FOHB por quase dois anos, quando Bonadona me convidou para integrar o time da Accor. Entrei como gerente responsável pelo Sul e, em seguida, assumi outras regiões”, relembra o CDO.

Castro ainda não sabia, mas o ex-CEO da Accor viria a ser uma de suas principais referências profissionais. “Foi uma pessoa muito importante para a minha carreira. Falo que trabalhar com ele foi um privilégio. É um profissional que me inspira muito até hoje, assim como o Jorge Duarte na época de BSH”.

Olhando para trás, o executivo da Accor se mostra orgulhoso de sua trajetória no FOHB e da relevância que a entidade conquistou perante o mercado hoteleiro. “Mostra que tomamos boas decisões. Eu sabia que o FOHB ia longe, pois os empresários dedicam tempo para fomentar ideias”.

Um dos maiores legados do CDO para a associação é, sem dúvidas, a criação do InFOHB – relatório que traz informações e dados de indicadores da hotelaria nacional — muito utilizado como base para os conteúdos do Hotelier News. “O mercado não trabalhava com esse tipo de informação. Então, criamos o relatório com o Senac como parceiro de divulgação. Fiz a apresentação no meu próprio Power Point e, hoje, ver a imprensa usando esses dados como fonte me dá muito orgulho”.

Além da formação em Hotelaria, Castro possui MBA em Marketing pela ESPM. O êxito de sua carreira na área de Desenvolvimento também o levou para as salas de aula como docente no Senac e Anhembi Morumbi. “Fui professor de Desenvolvimento, uma experiência fantástica. Falava do meu dia a dia com os alunos, o que considero uma fase muito gratificante da minha trajetória profissional. Infelizmente, a rotina e as viagens não me permitiram continuar, mas participei como professor convidado em cursos da FGV e pós-graduação em Santa Catarina”.

Em seu currículo acadêmico, o CDO ainda possui formação na The Wharton School em General Management Program and Business Administration.

roadtrip em familia
Castro e família durante roadtrip pelos EUA

O que mudou

De 1995 – quando entrou para a universidade – até os dias atuais, muita coisa mudou. Para Castro, o mercado hoteleiro atual é muito mais maduro e bem explorado para um bom desenvolvimento de carreira no setor.

“É um mercado em expansão, que cresce ano a ano, mesmo com a pandemia. Fiz o que escolhi e o que queria fazer. Por uma série de fatores, hoje ocupo um cargo que nunca imaginei, em uma função ainda maior que meu sonho. Então, o que posso dizer é: o foco é importante”, avalia o CDO.

Desde que entrou para o setor hoteleiro, o executivo acompanhou muitas mudanças e momentos da indústria de diferentes perspectivas. Dentre as principais transformações do segmento, ele destaca a priorização de conversões no lugar de projetos greenfield.

“De certa forma, as empresas mudaram o foco. Mesmo na Accor, metade dos contratos que assinamos em 2022 foram de conversões. Os investidores estão mais criteriosos e o mercado nacional está com muita dificuldade de funding. Vamos seguir onde as oportunidades aparecem, com a projeção de abrir entre 23 e 25 hotéis por ano, com estratégias no Caribe, México e EUA”, analisa o CDO.

“Para um desenvolvedor, quando temos novos mercados, atuar com novas marcas é nosso maior sonho. Hoje, contamos com 45 bandeiras em todas as categorias. São cases de sucesso com potencial para expandir”, complementa o executivo.

Destinos preferidos

Como um bom hoteleiro, Castro não recusa pegar a estrada também ao lado da família. Em janeiro, o profissional realizou uma roadtrip com a esposa e os filhos. No total, foram cinco estados, 17 hotéis e 5 mil quilômetros rodados.

Com mais de 50 países visitados em seu currículo, a Austrália e o Havaí estão entre seus destinos preferidos. “Até batizamos nosso cachorrinho de Maui, uma das ilhas havaianas. Ainda incluo na lista as Ilhas Maldivas, um local que oferece belos hotéis”.

(*) Crédito das fotos: Divulgação e arquivo pessoal