De acordo com uma análise da Reuters, baseada em dados da AirDNA, em Ipanema, há um anúncio do Airbnb para cada sete residências. Desde 2019, o bairro, conhecido mundialmente pelo clássico da bossa nova “Garota de Ipanema”, teve crescimento de 24% no número de anúncios. Copacabana, seu vizinho igualmente famoso, experimentou aumento semelhante, refletindo uma transformação notável no mercado de short-term rentals na Zona Sul da cidade, aponta a Folha de São Paulo.
Esse crescimento rápido está gerando uma série de impactos. A convivência nos condomínios tem se tornado mais complexa, e os hotéis enfrentam maior concorrência. Ao mesmo tempo, o fenômeno abriu oportunidades para novos empreendedores, que hoje cobram taxas entre 20% e 30% para administrar imóveis deste segmento.
Além de utilizar plataformas como o Airbnb, empresários do setor desenvolvem seus próprios sites e oferecem serviços complementares, como o depósito de bagagens antes do check-in. As empresas contratam equipes para cuidar de diversos aspectos das propriedades, incluindo limpeza, decoração e fotografia, e até cobrem os custos de pequenos reparos, que são descontados da receita futura dos proprietários.
Outra perspectiva
Entretanto, o setor de short-term rentals não é isento de críticas. Em cidades como a Cidade do México, popular entre turistas e nômades digitais, moradores têm reclamado que a presença crescente do Airbnb elevou os preços dos aluguéis tradicionais, levando o governo local a implementar restrições mais severas. Especialistas acreditam que, no Rio de Janeiro, uma regulamentação mais rígida também pode ser uma questão de tempo, assim como aconteceu em outras grandes cidades globais, como Nova York, Los Angeles e Montreal.
Segundo Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi-Rio, embora a reação no Brasil seja mais lenta, é quase certo que o governo eventualmente intervirá. Para ele, a introdução de restrições legais sobre os aluguéis de curto prazo é uma possibilidade real. No entanto, Schneider acredita que uma abordagem inicial será a tributação das empresas que gerenciam esses aluguéis, dado que elas competem diretamente com a rede hoteleira tradicional.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Airbnb