Época de suma importância para a saúde financeira do turismo, a alta temporada de 2024/2025 promete dar ainda mais fôlego para o setor. De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o período entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025 deverá movimentar R$ 157,74 bilhões, alta de 1,7% frente à temporada anterior.
O período concentra a maior movimentação do setor e representa cerca de 44% da receita anual. Segmento altamente impactado pela pandemia, o turismo mostra sinais claros de recuperação. Após uma retração de 36,7% em 2020, a indústria apresentou crescimento de 22,2% e 39,9% nos anos seguintes.
Segundo o Índice de Atividades Turísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o faturamento real já supera em 6,9% os níveis pré-pandemia. São Paulo (R$ 51,4 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 19,0 bilhões) e Minas Gerais (R$ 17,2 bilhões) concentram 55,5% das receitas projetadas.
“O crescimento projetado para o turismo reflete a resposta positiva do mercado aos avanços econômicos recentes. A alta temporada beneficia múltiplos setores, gera empregos e impulsiona o consumo, elementos essenciais para o equilíbrio macroeconômico do país”, observa José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
Potencial de viagens e oferta aérea
Com o crescimento do número de passageiros, tanto em voos nacionais quanto internacionais, a CNC prevê que os turistas destinem boa parte de seus gastos a bares e restaurantes (R$ 70,67 bilhões) e transporte rodoviário (R$ 37,55 bilhões).
O transporte aéreo e a hospedagem também prometem bom desempenho, impulsionados pela queda recente de 21,1% nos preços das passagens, contrastando com o aumento superior a 50% nos anos anteriores. De acordo com a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), a oferta de voos na alta temporada deste ano deve subir 12% em relação à temporada anterior. Ao todo, estão previstas 184 mil operações entre 15 de dezembro e 28 de fevereiro.
A presença recorde de turistas estrangeiros é outro fator de impulso. Dados do Ministério do Turismo e da Embratur indicam que 5,9 milhões de estrangeiros visitaram o Brasil entre janeiro e setembro, com destaque para argentinos (1,4 milhão), norte-americanos (464 mil) e chilenos (420 mil), que juntos representam 51% dos visitantes internacionais. Até setembro, os gastos de estrangeiros somaram US$ 3,7 bilhões, um aumento de 14,8% em relação ao ano anterior.
Geração recorde de vagas temporárias
Diante da expectativa de aumento da receita, o setor turístico deverá demandar mais mão de obra formal entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. A CNC projeta a criação de 76,5 mil vagas temporárias, o maior número desde 2015, quando foram criadas 85,2 mil oportunidades. Atualmente, o setor emprega 3,51 milhões de trabalhadores formais, um crescimento de 7,9% em comparação ao período pré-pandemia.
Segundo o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, o setor mantém trajetória ascendente. “As projeções indicam um impacto positivo contínuo do turismo na economia. As contratações nos setores de alimentação, transportes e hospedagem refletem essa recuperação e o crescimento sólido que vem se consolidando, além de melhorias salariais que elevam as condições de trabalho”, afirma Bentes.
Espera-se que o segmento de alimentação lidere as contratações, com 54,2 mil vagas, seguido pelo setor de transportes (10,6 mil) e hospedagem (8,4 mil). O salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1.842, representando um aumento real de 1,9% frente ao mesmo período do ano passado.
(*) Crédito da foto: Arquivo/MTur