sexta-feira, 15/novembro
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Apesar dos bons resultados, hotelaria vive incertezas com nova onda

O fim de 2021 foi de otimismo para a hotelaria brasileira. Com bons resultados, os empreendimentos se beneficiaram das demandas do verão, o que parecia ser a consolidação da retomada do setor. Mas a recuperação parece ter sido colocada em xeque com o surgimento da variante Ômicron e a explosão de casos de Influenza por todo o país.

A alta de casos de Covid-19 vem sendo responsável pelo cancelamentos de voos devido à infecção de tripulantes, além de ter resultado em mais um ano sem Carnaval. Hoje (12), o governo de São Paulo também voltou a recomendar lotação máxima de 70% em eventos como shows e jogos de futebol como forma de frear as contaminações.

Para a hotelaria, os impactos ainda não são claros, mas ao que tudo indica, eles devem chegar mais cedo ou mais tarde. Segundo dados da BLTA (Brazil Luxury Travel Association), a ocupação de resorts e hotéis de luxo ficou em torno de 80% e 90% em dezembro. Já o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) apontou resultados parecidos entre seus associados, com 80% de ocupação em cidades com atrativos turísticos. No caso de destinos de negócios, muitos quartos ainda estão vazios.


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Em entrevista ao Estadão, Orlando Souza, presidente do FOHB, explica que a demanda reprimida de lazer impulsionou os resultados ao final de 2021. “Muitas famílias ficaram reservadas por um tempão e estavam desesperadas para viajar. O avanço da vacinação e a queda nos dados de mortes e internações por coronavírus também animaram”.

O turismo doméstico se tornou a única opção de viagens para os brasileiros, pelo menos enquanto o turismo internacional estiver menos acessível por conta de restrições e desvalorização do real.

“O último trimestre foi super positivo e ficou até acima do que esperávamos”, comemora Paulo Michel, CEO da Louvre Hotels Group – Brazil, também em entrevista ao Estadão. Em destinos como o Rio de Janeiro, a ocupação chegou a 100%, enquanto a média da rede ficou em 63%, visto que empreendimentos voltados ao segmento de negócios puxaram o indicador para baixo.

Mudança de cenário

Passadas as festividades de fim de ano, os resultados das aglomerações começaram a aparecer. A alta de casos de Covid-19 e surtos de gripe voltaram a preocupar o setor ainda em plena temporada de verão. Outro problema é a infecção de profissionais e a dificuldade das empresas em manter o atendimento.

De acordo com Simone Scorsato, presidente da BLTA, a nova onda de contágios ainda não afetou de forma expressiva as demandas nos hotéis e resorts de luxo, mas pondera que os cancelamentos no setor aéreo são um problema, já que muitos destinos só são acessíveis de avião.

Ela ressalta que a falta de colaboradores por licença médica vem impactando as operações hoteleiras. Em casos mais extremos, empreendimentos estão recusando reservas para não comprometer o atendimento.

Simone acrescenta que o turismo doméstico voltará a competir com destinos internacionais assim que outros países flexibilizarem as medidas restritivas. “O ano de 2022 vai ser bem difícil”, prevê a presidente em entrevista ao Estadão.

Para o FOHB, a recuperação da hotelaria pode ser comprometida pela nova onda de coronavírus. “Este deveria ser o ano da retomada, mas com essa história da Ômicron há dúvida sobre como vai ficar o comportamento das pessoas”, diz Souza.

O presidente do FOHB destaca que para 2022 o maior desafio dos hotéis será subir o valor das tarifas. Segundo a entidade, a diária média da hotelaria no acumulado até novembro foi de R$ 211, queda de 4% frente ao mesmo período em 2020. Já para o mês de novembro isoladamente, o indicador chegou a R$ 284, alta de 41%.

“Adotamos a estratégia de manter a tarifa até aqui, e agora esperamos recuperar pelo menos a inflação”, explica Michel. “Mas ainda não podemos dizer o que vai acontecer em 2022. Se for positivo, podemos voltar a ter a mesma ocupação de 2019”.

(*) Crédito da foto: Pixabay