As assinaturas de hospitalidade estão ganhando atenção, oferecendo uma alternativa aos tradicionais programas de fidelidade. Empresas como Ennismore, CitizenM e Inspirato lançaram iniciativas desta natureza nos últimos anos, buscando capitalizar a demanda por experiências de viagem personalizadas e benefícios recorrentes. No Brasil, o segmento tem potencial, visto que 84% dos consumidores são atraídos por esse tipo de benefício.
Mike Putman, CEO da Custom Travel Solutions, afirma para o Phocuswire que o mercado de fidelidade paga em viagens ainda é pequeno, representando menos de 1% das vendas globais, mas prevê um crescimento significativo. “O futuro parece positivo, impulsionado por uma demanda maior por experiências de viagem personalizadas e pela conveniência de ter acesso a benefícios recorrentes”.
David Feldman, fundador da Catchit Loyalty, concorda que há interesse crescente, mas observa que ainda não se traduziu em um aumento significativo de assinaturas ativas. Ele enfatiza a importância do valor vitalício dos clientes de programas de assinatura, que tendem a ser mais fiéis e geram receita estável.
Modelos de assinatura em destaque
O programa MycitizenM+ da CitizenM, lançado em 2022, elimina a complexidade dos níveis de fidelidade, oferecendo um desconto de 15% nas tarifas públicas mais baixas, quartos garantidos e check-out tardio por uma taxa anual de US$ 120. “Durante a pandemia, a equipe falou com centenas de hóspedes sobre o que consideram valioso ao viajar”, diz Robin Chadha, diretor de Marca da empresa.
O programa Dis-loyalty da Ennismore, lançado em 2023, incentiva os viajantes a explorar novos destinos entre suas 14 marcas, oferecendo descontos e vantagens em hotéis e gastronomia. “Queríamos transformar a hospitalidade da mesma forma que a Netflix mudou a TV”, afirma Martina Luger, diretora de Marca e Cultura da Ennismore.
Criar programas de assinatura eficientes não é tarefa fácil. Feldman aponta que muitas empresas de hospitalidade enfrentam limitações tecnológicas e precisam lidar com a demanda imprevisível por viagens. Além disso, a competição com programas de fidelidade gratuitos é intensa. “A proposta de valor e a confiabilidade dos benefícios se tornaram tão diluídas que esses programas estão enfrentando desafios significativos quando se trata de ‘fidelidade’ do hóspede”, explica.
Para superar esses desafios, os programas de assinatura precisam oferecer recompensas atraentes que justifiquem o custo para os clientes, minimizando o impacto financeiro para os provedores.
O futuro das assinaturas de hospitalidade
O futuro das assinaturas de hospitalidade é promissor, com a expectativa de que mais empresas adotem esse modelo. Jose Luis Vilar, diretor de Tecnologia de Produtos da Caravelo, prevê que “todas as empresas de viagens” possam ter uma oferta transacional e uma de assinatura no futuro, operando de forma complementar.
Martina acredita que o setor evoluirá para oferecer opções mais personalizadas e flexíveis, atendendo a viajantes frequentes, trabalhadores remotos e aqueles em busca de experiências únicas. A tecnologia e as parcerias entre marcas de hospitalidade também devem avançar.
Os impactos da pandemia da Covid-19 podem influenciar esse crescimento, com um possível aumento no modelo de “trabalho no hotel”. A CitizenM já está explorando essa área, adicionando benefícios de coworking ao programa mycitizenM+.
Enquanto o futuro exato ainda é incerto, especialistas acreditam que há uma janela de oportunidade para as empresas de hospitalidade interessadas em se estabelecer no mercado de assinaturas. “Estamos nos aproximando do fim do início da economia de assinaturas de viagens agora, e qualquer um que esteja realmente interessado em se tornar um participante deve agir rápido para não perder essa oportunidade”, conclui Putman.
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