domingo, 22/setembro
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BC mantém taxa Selic em 13,75%

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) manteve ontem (1º) a taxa Selic em 13,75% ao ano, pela quarta reunião consecutiva, a primeira deste que Lula (PT) tomou posse, aponta a Folha de S Paulo. No comunicado, o colegiado do órgão também fez alertas sobre as incertezas fiscais e piora nas expectativas de inflação, que vem subindo há sete semanas seguidas, atingindo 5,74% para este ano e 3,90% para 2024, segundo o boletim Focus. Este cenário tem impacto direto nos investimentos em desenvolvimento do setor hoteleiro.

“O Comitê reforça que irá preservar a Selic até que se consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que têm mostrado deterioração em prazos mais longos desde a última reunião”, dizia um trecho do comunicado do BC.

A decisão veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa unânime entre os analistas consultados. Apesar da manutenção da taxa, o anúncio ocorre em meio a um ambiente de juros altos e incertezas relacionadas à questão fiscal. Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, destaca que, considerando o cenário atual, ainda não é o momento certo para cortar juros. “Pelo menos não neste ano”, diz.


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Cenário

Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, também ressalta o tom mais duro do Copom em seu comunicado e a preocupação do BC com a piora nas expectativas, trazendo maior custo para o processo de desinflação. Para ela, o colegiado dá um recado indireto para o governo do impacto da redução da credibilidade na combinação das políticas fiscal e monetária sobre os juros.

Luiz Felipe Bazzo, CEO da Transferbank, também considera que o ciclo de corte de juros poderia ser antecipado. As incertezas no âmbito fiscal decorrem da possibilidade de reoneração de tributos federais sobre combustíveis a partir de março e do desenho da nova regra que substituirá o teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas públicas à inflação registrada no ano anterior.

A aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que autorizou a ampliação de despesas neste ano também é apontada pelo mercado como uma sinalização de que o governo pode estar predisposto a uma política fiscal mais expansionista. No cenário de referência do Copom, que parte da premissa do boletim Focus de corte de juros no segundo semestre, a taxa Selic deve fechar 2023 em 12,5%.

O BC inclui ainda um cenário alternativo, no qual o indicador é mantido constante ao longo de todo seu período de atuação, que inclui hoje os anos de 2023 e, em maior grau, de 2024, com projeções de inflação de 5,5% para este ano, 3,1% para o terceiro trimestre de 2024 e 2,8% para o fim do ano que vem.

O colegiado volta a se reunir nos dias 21 e 22 de março para recalibrar o patamar da taxa básica. O ciclo da alta de juros foi interrompido em setembro de 2022 pelo Copom depois do mais agressivo choque desde a adoção do sistema de metas para a inflação, em 1999. Foram 12 aumentos consecutivos, com elevação de 11,75 pontos percentuais, de março de 2021, quando a taxa básica saiu de seu piso histórico (2%), em agosto do ano passado.

(*) Crédito da capa: Pedro Ladeira/Folhapress