domingo, 22/setembro
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Campos Neto diz que inflação segue persistente para os próximos anos

Durante participação, ontem (22), em seminário promovido pela Folha de São Paulo, Roberto Campos Neto disse que o recuo recente na previsão de inflação para este ano tem explicação. Segundo o presidente do BC (Banco Central), a queda está relacionada à redução dos preços dos combustíveis, anunciada pela Petrobras na semana passada.

Também ontem, o boletim Focus (do próprio BC) apontou que a estimativa de inflação cedeu de 6,03% para 5,80%. Referência no mercado financeiro, o relatório é divulgada todas as segundas-feiras, apresentando resultados da pesquisa de expectativas feita pela instituição com analistas de 120 bancos brasileiros a respeito de alguns indicadores da economia.

Apesar da queda na previsão de inflação no último boletim, Campos Neto observou que as projeções para os próximos anos seguem “bastante persistentes”, acima do patamar de 4%.


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Sua fala, na verdade, tem relação com o alto patamar atual da Selic, que é alvo constante de queixas do governo federal. Isso porque, para definir a taxa básica de juros e conter a alta dos preços, o BC já está mirando a meta de inflação de 2024. Analistas financeiros explicam que eventuais mudanças na Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

Atualmente, os juros brasileiros estão em 13,75% ao ano, maior nível em seis anos e meio. No evento da Folha de São Paulo, Campos Neto disse ainda que, entre as incertezas que não possibilitam uma queda mais expressiva da estimativa de inflação para os próximos anos, estão o debate sobre o regime atual de metas e sobre o nível dos gastos públicos (política fiscal), além dos “ruídos” entre o BC e o governo Lula.

Circunstâncias

Apesar da alta dos preços no Brasil ter desacelerado mais se comparado a países desenvolvidos, Campo Neto destacou no evento que o chamado “núcleo da inflação” segue bem acima da meta definida pelo BC. Índice que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando choques temporários, esse indicador está atualmente em 7,3%.

Para o próximo ano, a meta central da inflação é de 3%. O governo federal terá cumprido esse objetivo formalmente se fechar o ano com o indicador inflacionário oscilando entre 1,5% e 4,5%.

Por fim, o presidente do BC também falou sobre a possibilidade de mudar as metas de inflação dos próximos anos. Na avaliação do executivo, a medida poderia ter um efeito contrário, gerando aumento nas projeções do mercado financeiro. Ele ainda acrescentou que tal cenário tenderia a proporcionar “perda de flexibilidade” para o Banco Central reduzir a taxa de juros.

(*) Crédito da foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil