Ainda não terminou sem orçamento para 2023? Então, preste atenção porque o cenário econômico mundial será desafiador no ano que vem, segundo o jornal O Globo. Com a guerra na Ucrânia, a crise energética na Europa, os juros altos nos Estados Unidos e a desaceleração da economia China, principal parceiro comercial do Brasil, está quase certo que o mundo entrará em recessão em 2023. Portanto, hoteleiro, é importante entender o panorama geral e se preparar.
A guerra na Ucrânia eclodiu como uma rasteira na incipiente retomada da economia global no pós-pandemia. Além de trazer uma inesperada incerteza geopolítica para o cenário macroeconômico, o conflito elevou o preço do petróleo e multiplicou a pressão inflacionária global. Entre outras consequências, o confronto gerou uma grave crise energética no continente europeu, intensificando as chances de recessão dos países da União Europeia, principalmente para a Alemanha, muito dependente do gás russo.
Além de causar o racionamento e a redução na produção industrial, a inflação recorde também pressiona o Banco Central Europeu a subir os juros, contraindo ainda mais a atividade econômica. Apesar dos bons resultados no último verão do hemisfério norte, a hotelaria europeia já vem enfrentando a realidade de custos exorbitantes de serviços públicos que não parecem diminuir tão cedo enquanto a guerra na Ucrânia continuar.
Estados Unidos: inflação, juros e recessão
Outra grande repercussão da guerra na Ucrânia foi a inflação recorde registrada nos Estados Unidos. Isso pressionou o Federal Reserve (Banco Central Americano) a subir pela quinta vez consecutiva em setembro, levando a taxa ao maior patamar em 14 anos. Por conta disso, a projeção de crescimento do país desceu de 1,7% para 1,2% e, com isso, as expectativas de que a economia apenas desacelere em um “pouso suave” estão cada vez menores.
Para a economista do Bradesco, Myria Bast, essas expectativas mais otimistas vêm ficando cada vez mais irreais, levando em conta o mercado de trabalho americano ainda aquecido e a inflação de serviços elevada. “Achamos improvável ter o ‘pouso suave’ e isso ser suficiente para combater a inflação. Prevemos recessão nos Estados Unidos no ano que vem, com crescimento global abaixo dos 3%”, afirma.
De forma semelhante à Europa, o desempenho dos hotéis norte-americanos apresentou tendências sazonais e estão sendo impactados pelos altos custos de serviços públicos. Contudo, o principal desafio operacional dos hoteleiros continua sendo a escassez de mão de obra.
China: lockdown, crise imobiliária e desaceleração
Não é de hoje que falamos como os hotéis na China sofrem com a política do governo de tolerância zero contra a Covid-19. A hotelaria, no entanto, não é o único setor chinês a pagar a conta, visto que as projeções da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para 2023 oscilam entre 3,2% e 4,7% – o que, para o país que costumava carregar a economia global nas costas, com crescimento acima de 6% ao ano, é um péssimo indicador.
Além disso, a China vem enfrentando as consequências do colapso do mercado imobiliário, com grandes incorporadoras passando por dificuldades financeiras e falindo, fora a inadimplência hipotecária.
“Temos os bancos centrais americano e europeu subindo juros, com economias já desacelerando, o conflito entre Rússia e Ucrânia, que traz incertezas, e a China, com uma retomada econômica que têm se mostrado mais dura”, lista Tomás Urani. “Isso nos afeta pelos canais de comércio exterior e traz incertezas que atrapalham emergentes e pressionam o câmbio”, finaliza o economista do Santander.
(*) Crédito da foto: Ibrahim Boran/Pixabay