Pelo segundo mês consecutivo, a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) segue apresentando avanços. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o indicador subiu em fevereiro, alcançando 77,6 pontos, maior nível desde maio de 2020 (81,7). Apesar do aumento de 0,4% em relação ao mês anterior, em menor proporção que a alta de janeiro, os resultados demonstram que as incertezas para este ano estão tornando as famílias mais cautelosas ao consumir. Ainda assim, na comparação anual, o aumento é de 4,6%.
Praticamente todos os subíndices tiveram alta, com destaque para o Consumo Atual, registrando crescimento de 3,9% – mais intenso que de janeiro (0,8%). Com um ambiente de consumo mais estabilizado, a parcela de famílias que perceberam aumento do seu consumo foi de 16,0%, o maior desde abril de 2020. Apesar da inflação, sua desaceleração fez com que a Renda Atual tivesse elevação semelhante, registrando aquecimento de 2,1%. Em contrapartida, o percentual de famílias que apontaram melhora na renda foi o maior desde junho de 2021, chegando a 21,7%.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os números indicam uma percepção mais positiva dos consumidores em relação à renda, “É possível observar uma evolução do poder de compra no curto prazo. O crescimento do índice Consumo Atual dá sinais de um ambiente para compra mais estabilizado”, avalia.
O mercado de trabalho também foi um grande fator para tais resultados e deve continuar apoiando a recuperação do setor. Isso porque o percentual de famílias que avaliaram o item Perspectiva Profissional de forma negativa reduziu para 48,9%, marcando 90,8 pontos, o menor patamar desde abril de 2020, que registrou 106,3 pontos.
Juros altos x Bens duráveis
Contudo, nem todos os índices foram favoráveis. Pelo sexto mês consecutivo, o indicador Momento para Duráveis apresentou queda, recuando 7,7% em fevereiro. De acordo com Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC responsável pela pesquisa, a alta inflacionária e o aumento dos juros encareceram os bens duráveis, levando a uma maior dificuldade de compra desses itens.
Ainda assim, ela observa que as famílias apresentaram uma intenção positiva de consumo, apenas de menor intensidade. Isso ocorre, pois a elevação das taxas de juros está sendo absorvida pelas famílias, registrando avanço de 0,7% do item Acesso ao Crédito, após quatro meses de queda. “Isso mostra que, apesar de a Selic ter alcançado patamar de dois dígitos, o crédito continua sendo um importante indutor do consumo”, avalia a economista.
(*) Crédito da capa: stevepb/Pixabay
(**) Crédito do infográfico: Divulgação/CNC