As projeções de perdas para o setor de serviços em 2020 seguem em alta. De acordo com dados divulgados hoje (13) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a expectativa é de queda de 8% no segmento, reforçando a previsão de um declínio histórico da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), iniciada em 2012.
A estimativa foi baseada nas informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e está acima dos 7,6% anteriormente projetados pela entidade, consequência da lenta recuperação do setor. Diante da expectativa de crescimento econômico este ano e de uma base comparativa, a CNC prevê que os serviços voltem a crescer em 2021 (+3,7%).
“Apesar dos estímulos para a recuperação do nível de atividade econômica, os serviços ainda apresentam uma retomada distante dos níveis de outros setores, como comércio e indústria. Mas seguimos acreditando que este ano será melhor, sobretudo com o início da vacinação contra o novo coronavírus”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Segundo a PMS, o volume de receitas dos serviços cresceu 2,6%, em relação a outubro, já descontados os efeitos sazonais. Foi o sexto avanço consecutivo do setor, após acumular retração de quase 20% entre março e maio. Na comparação com novembro de 2019, houve variação negativa (-8,3%) pelo nono mês consecutivo.
CNC: perdas no turismo
Todos os grupos de atividade apresentaram crescimento em novembro. Os destaques foram os serviços prestados às famílias (+8,2%) e os serviços profissionais, administrativos e complementares (+2,5%). O transporte aéreo também avançou (+6,8%), porém segue 38% abaixo do faturamento médio do primeiro bimestre de 2020 – antes da pandemia.
“Estas defasagens do volume de receitas em relação ao início do ano passado reforçam a percepção de que o turismo é, de longe, o setor mais afetado pela queda do nível de atividade ao longo do surto de covid-19”, ressalta Fabio Bentes, economista da CNC. Mesmo tendo crescido pelo sexto mês consecutivo, as atividades do turismo ainda se encontram 30% abaixo do nível pré-pandemia. “A expectativa é que o setor não consiga recuperar as perdas antes do fim de 2022, devendo registrar queda de 36,8% em 2020”, completa.
A entidade calcula que, em 10 meses (de março a dezembro), o turismo brasileiro perdeu R$ 261,3 bilhões – o equivalente a mais de quatro meses de faturamento. Os dados de emprego do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que, de março a novembro de 2020, 437,9 mil postos formais de trabalho foram eliminados no setor, o que representa uma queda de 12,5% na força de trabalho dessas atividades. “Atualmente, o turismo brasileiro opera com 42% da sua capacidade mensal de geração de receitas”, indica Bentes.
(*) Crédito da foto: PhotoMIX-Company/Pixabay