Foram 755 empreendimentos mapeados, 128 milhões de visitantes e faturamento total de R$ 8,2 bilhões em 2023. O setor de parques e atrações vem movimentando o turismo positivamente, mostrando o poder do entretenimento como indutor de demanda e receita. A segunda edição do Panorama Setorial, apresentado no SINDEPAT Summit, revela um grande potencial a ser explorado com um recado claro para a hotelaria.
O estudo, desenvolvido pela Noctua Advisory, SINDEPAT (Sistema Integrado de Parques & Atrações Turísticas) e Adibra (Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil), é um retrato de como o turismo pode (e deve) repensar seus investimentos. De acordo com o levantamento, no ano passado, foram identificados 97 empreendimentos em desenvolvimento, que totalizam aportes na ordem dos R$ 9,5 bilhões.
A pesquisa considera a oferta de parques temáticos e de diversão, parques aquáticos, atrações turísticas, parques naturais, parques itinerantes e FECs (centros de entretenimento familiar). Os dados mostram que, em 2022, o segmento ainda não havia se recuperado dos baques da pandemia, mas 2023 mostra uma evolução positiva no entretenimento como um todo.
O crescimento de 50% em relação aos estabelecimentos mapeados na primeira versão do estudo é resultado da inclusão, especialmente, de empresas de pequeno e médio porte, além da ampliação da capilaridade do estudo.
Outro índice com crescimento destacado é o de volume de investimentos do setor, que alcançou R$ 15,5 bilhões, somando investimentos em novos projetos e reinvestimentos dos parques e atrações instalados.
“Embora saibamos que o Panorama Setorial não é um estudo censitário, ao ampliar a oferta de empreendimentos, era natural que houvesse uma majoração em todos os índices”, diz Murilo Pascoal, presidente do Conselho de Administração do SINDEPAT. “Os números mostram o dinamismo do nosso setor, com investimentos consistentes, sejam em novos estabelecimentos ou nas inovações que os parques já instalados precisam realizar continuamente para seguir atraindo seu público”, acredita.
Distribuição de oferta
Os dados mostram que os parques aquáticos de destacam no mercado brasileiro, uma tendência que dialoga com o clima tropical e assume a liderança com 23,3% do faturamento do setor.
Atualmente, cerca de 17,5% das opções de entretenimento existentes estão vinculadas a empreendimentos hoteleiros, de multipropriedade ou timeshare. A inclusão de entretenimento em projetos turístico-imobiliários é uma prática comum para aumentar a atratividade do complexo. Especificamente, ao considerarmos apenas parques de diversão e aquáticos, esse número aumenta para 41% da oferta.
Em 2023, o segmento foi responsável por empregar 180 mil pessoas, considerando contratações diretas, indiretas e terceiros. Sobre a demanda, as classes B e C, com renda entre R$ 2,9 mil e R$ 22 mil predominam nos parques e atrações turísticas, sendo majoritariamente casais com filhos, que visitam os empreendimentos principalmente em períodos de férias escolares.
Investimentos
Dos empreendimentos que responderam diretamente ao estudo, 80% têm planos concretos de reinvestimentos e ampliações, totalizando volume de R$ 5,9 bilhões. Desse montante, mais de 75% serão investidos entre este ano e 2025. Questionados sobre a manutenção dos investimentos com a extinção do Perse (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos e Turismo), 82,6% afirmaram que não manteriam os investimentos e ou reduziriam o montante.
“Grande parte do investimento alocado no entretenimento brasileiro vem do Perse. Nosso país é complexo para financiamentos, com taxas de juros elevadas e prazos curtos. É uma prática que não é comum no setor. Com o aumento de caixa beneficiado pelo programa, essa parcela de 80% conseguiu investir, o que mostra como esse incentivo fiscal é importante para o país”, diz Pedro Cypriano, managing partner da Noctua.
Cypriano ainda pontua que tais investimentos trazem maiores perspectivas de crescimento de consumo dos negócios. “Quando você apresenta uma novidade para o cliente final, muitas pessoas que não voltariam ao seu empreendimento acabam retornando. É preciso pensar a razão desse investidor não ter guardado o dinheiro do Perse no bolso para injetar nesses projetos”, acrescenta.
“Mais uma vez os resultados desse estudo ecoam vigorosamente a pujança do setor, reiterando seu contínuo crescimento. No panorama atual, os projetos mapeados revelam uma gama diversificada, abrangendo desde parques até centros de entretenimento familiar, incluindo ícones como teleféricos e rodas-gigantes”, diz Vanessa Costa, presidente da Adibra. “É digno de nota que 46% dos investimentos previstos serão realizados ainda este ano, e mais 30% ao longo de 2025.”
O que os números significam para a hotelaria?
O mercado brasileiro mostra uma tendência latente de investimentos em lazer. Muitos desses projetos estão vinculados a empreendimentos de hospitalidade, com destaque para a multipropriedade e timeshare. Para Cypriano, eles competem, em essência, com a hotelaria tradicional.
“O hóspede que poderia estar em um resort passa a ver mais vantagem na multipropriedade. Acredito que esses investimentos impulsionarão a competitividade no setor. A mensagem é que o hoteleiro precisa pensar em como e onde injetar seu dinheiro. Manter os ativos atualizados vai além de apenas reformar, mas também de seguir tendências de entretenimento”, avalia.
Outro ponto de destaque é o avanço de demanda adicional com uma coalizão de equipamentos turísticos. “Se olharmos para o número de visitantes em 2023 frente a 2022, houve um salto de 12%. Os mesmos empreendimentos estavam em funcionamento e não foi a economia que fez a demanda subir, mas sim os investimentos e novas atrações”, diz Cypriano.
Para 2024, com a manutenção do Perse, o mercado de entretenimento deve seguir em linha de crescimento — o que liga uma luz verde para o turismo do país. “Os investimentos continuarão acontecendo. Somos uma nação com dimensões continentais e muitas regiões com potencial turístico, com muitas cidades que ainda carecem de opções de entretenimento. Existe muita coisa a ser explorada neste sentido”, finaliza Cypriano.
Para conferir o estudo na íntegra, acesse o link.
(*) Crédito das imagens: Divulgação