domingo, 22/setembro
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Empresas de viagens exploram potencial do metaverso

As definições do metaverso diferem, mas uma visão que é comum é de que a existência ideal desse espaço, que garanta o máximo de interação, ainda está a anos de distância, aponta o Phocuswire. Ainda assim, algumas empresas de viagens estão começando a se interessar por plataformas que oferecem experiência virtual e interativa aos clientes.

A empresa hoteleira Leven, por exemplo, comprou sua primeira propriedade no metaverso usando moeda virtual. Localizado em Decentraland, distrito da moda do mundo virtual, o Levenverse é um espaço que não conhece as limitações do mundo real, segundo Timothy Griffin, cofundador da empresa e diretor da Wellbrook Hospitality.

“Curiosamente, existem algumas restrições às quais tivemos que aderir. Por exemplo, existem regras dentro do metaverso em torno dos direitos aéreos, como existem no mundo real. Portanto, nosso prédio tem três andares”, diz.


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Assim como em uma experiência de jogo, os usuários podem teletransportar seus avatares por Decentraland ou passear pelas áreas que desejam explorar. Os visitantes são recebidos por um avatar no lobby e podem fazer perguntas. No hotel virtual, o elevador é um dirigível. “Você espera que ele desça, então ele flutua pelo exterior do prédio e o leva até diferentes andares”, diz Griffin.

Desafios

Claramente, existem desafios quando se desenvolve este tipo de projeto. “Não há entedimento generalizado sobre o que o espaço significa para usuários e consumidores neste momento. Então, temos muitas perguntas sobre que tipo de propósito uma marca de hotel tem dentro do metaverso”, explica o executivo.

“Falando sinceramente, o metaverso ainda é bastante analógico em termos de design e experiência do usuário. Portanto, ainda há algum caminho para se desenvolver até que seja fiel às ilustrações que muitas marcas compartilham publicamente com suas visões de negócios nesses espaços”, completa Griffin.

Embora as marcas de varejo possam facilmente gerar receita com e-commerce, o executivo vê essas oportunidades como uma parte minúscula de suas ambições para o Levenverse. “Realmente queríamos criar um espaço virtual de comodidade para nossos hóspedes. Portanto, não é um exercício de geração de receita para nós, mas sim um investimento de marca”, acrescenta.

Dessa forma, a Leven está está desenvolvendo uma programação de eventos para 2023, que acontecerá tanto na propriedade física, quanto no metaverso. “Um pilar fundamental para nós é garantir que o mundo virtual reflita o real e não haja desconexão ali. Portanto, em qualquer evento que fizermos, garantiremos que haja conexão com a experiência do hotel no mundo real”, afirma Griffin, que incentiva outras marcas de hospitalidade a explorarem as oportunidades do metaverso.

Transformando as viagens

Curtis Crimmins, fundador da Roomza, diz que o que existe agora é mais como um jogo 3D de interação entre mundos, e que ainda há caminho a percorrer para chegar ao ideal de metaverso. “Acredito que muitas empresas hoteleiras estão investindo nisso como um gasto de marketing ou expressão de sua identidade de marca. Mas não sei se é um dinheiro bem gasto, visto que ninguém vai reservar um quarto no metaverso. Qual o propósito disso?”, questiona.

Apesar disso, ele acredita firmemente no futuro da ideia e está entusiasmado com as possibilidades. O metaverso Roomza está na plataforma Unity. A empresa planeja abrir seu primeiro empreendimento físico neste ano em Chicago e prevê o uso do metaverso. “Você poderá caminhar virtualmente por um de nossos hotéis com um fone de ouvido ou óculos AR/VR, negociar e reservar quartos para suas datas em um cluster de interface de usuário flutuante que é bem na frente do seu rosto”, explica.

Crimmins também prevê que o metaverso proporcionará maior possibilidade de personalização da experiência do hóspede. “Queremos usar isso para superar a quebra de confiança nas viagens. Temos que nos permitir projetar um pouco o futuro”, destaca.

E o metaverso não se limita apenas às redes hoteleiras. No ano passado, a Vueling associou-se a outras empresas para permitir a reserva de voos dentro do ambiente, segundo Jesus Maria Monzo Faubel, gestor de Estratégia de Distribuição e Alianças da empresa, que previa lançar seu metaverso neste ano, mas precisou adiar a iniciativa devido à crise econômica. Ainda assim, a empresa pretende retomar o desenvolvimento o mais rapidamente possível.

Steve Bambury, consultor da Metaverse e Web3, afirmou recentemente que agora é a hora de as marcas de viagens fazerem movimentos para criar uma presença no metaverso, ou correr o risco de ficar para trás. Por fim, o Madrid Marriott Auditorium Hotel and Conference Center fez uma parceria com a RendezVerse para desenvolver réplicas tridimensionais do empreendimento no metaverso, com o intuito de expandir a experiência.

(*) Crédito da foto: ukblacktech/Unsplash