sábado, 21/setembro
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Enchentes no RS causam prejuízo bilionário no turismo em maio

Um mês após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, o estado segue computando baixas. De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a tragédia climática pode desacelerar o turismo nacional em maio. A entidade estima uma perda diária de receitas no setor gaúcho de R$ 49,2 milhões, totalizando R$ 1,33 bilhão no mês, o que corresponde a cerca de 56,5% da receita mensal prevista.

A proximidade da alta temporada pode agravar essas perdas, já que, historicamente, as receitas do setor crescem, em média, 13% em relação à baixa temporada. Em 2023, o volume de receitas do turismo gaúcho foi de R$ 28,9 bilhões, representando 6% do total do país.

“A tendência é que, às vésperas da alta temporada de inverno, que é importante na Região Sul, o setor registre perdas em relação ao ano passado”, explica Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelas estimativas. A infraestrutura de transporte no Rio Grande do Sul foi severamente afetada e prejudicou a movimentação de viajantes, especialmente pelo fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, responsável por 91% do fluxo de passageiros nos aeroportos do estado.


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O Ministério de Portos e Aeroportos autorizou o uso da Base Aérea de Canoas como alternativa, com 35 voos semanais, equivalentes a pouco mais de 10% da capacidade operacional do aeroporto principal. Por terra, o fretamento turístico também sofreu redução significativa em maio, com queda de 39% na quantidade de passageiros transportados com destino ao Rio Grande do Sul, conforme dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O Sindetur (Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares da Região das Hortênsias) projeta um prejuízo de R$ 550 milhões no turismo de Gramado até o fim de julho. Só em maio, as perdas devem chegar a R$ 150 milhões, segundo a entidade.

Ainda que as baixas sejam inevitáveis, Celso Sabino, ministro do Turismo, aposta no setor como o catalisador da reconstrução da economia do estado nos próximos meses. Destinos como Bento Gonçalves, por exemplo, estão se mobilizando para atrair turistas com a criação de comitês de crise. Já a hotelaria se apoia em promoções com ofertas especiais e redes, como é o caso da Intercity Hotels, desenvolveram campanhas para divulgar o turismo gaúcho.

Projeções para 2024

Para 2024, a CNC revisou para cima suas projeções, estimando um aumento de 2,2% nos serviços e de 2,7% no turismo. Em abril deste ano, o volume de receitas do setor de serviços avançou 0,5% em relação ao mês anterior, conforme a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgada hoje (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Embora inferior ao crescimento de 0,7%, registrado em março, esse resultado representa a quinta alta mensal dos últimos seis meses. Comparado com abril do ano anterior, o aumento de 5,6% foi o maior desde 2021 (quando a alta foi de 20,1%), ampliando o volume de receitas do setor de serviços para 21,3% acima do nível pré-pandemia.

Atividades ligadas ao transporte, especialmente o aéreo, impulsionaram o crescimento, com uma receita real das empresas de transporte aéreo subindo 18,2% em abril. A queda significativa dos preços das passagens, que acumularam retração de 39,5% nos primeiros quatro meses do ano, contribuiu para essa alta.

No entanto, houve queda do volume dos serviços prestados às famílias (redução de 1,8%) e dos de alojamento e alimentação (diminuição de 2,3%), o que contrabalançou o desempenho positivo do setor terciário. Já o recuo no preço das passagens aéreas também favoreceu o Índice de Atividade Turística, que subiu 2,3% em relação a março, o segundo avanço consecutivo e uma alta de 4,5% em comparação ao mesmo mês de 2023. Atualmente, o nível de atividade do turismo brasileiro está 4,7% acima do nível pré-pandemia.

No acumulado de 12 meses até abril, a inflação de serviços ficou em 4,6%, acima do IPCA geral, que é de 3,7%, mas mostra uma desaceleração comparada aos 7,5% observados até abril de 2023. “A tendência de flexibilização da política monetária e a trajetória declinante dos juros contribuem para revisões positivas das expectativas de crescimento para 2024”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.

(*) Crédito da foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil