Chegamos ao terceiro ano de pandemia sem data prevista para acabar e o setor hoteleiro deve manter alguns movimentos vistos nos últimos meses. Negócios de F&A (Fusões & Aquisições) tornaram-se comuns no mercado e, com a chegada de novas variantes e mais ondas de contágios, o cenário para a hotelaria segue como um caminho incerto.
No mercado internacional, os executivos se concentraram em fontes de receita duráveis, como viagens de lazer e negócios, tanto para pequenas, quanto para médias empresas. Os credores tendem a ser menos flexíveis em termos de empréstimos, enquanto os governos não devem promulgar os estímulos ofertados nos últimos 21 meses.
Essa união de fatores por si só já seria um estímulo para transações, visto que os proprietários precisam se contentar com os níveis de demanda atuais para sobreviver. Segundo divulgado pelo Skift, analistas apontam que a flexibilidade dos credores estava restringindo parte do volume de negociações ainda no início da pandemia.
As principais transações nos quase dois anos de crise se concentram em propriedades de alto custo ou marcas menores. Las Vegas foi o lar de vendas importantes, como a de US$ 6,25 bilhões do The Venetian and Sands Expo Center ou o acordo de US$ 5,6 bilhões da Blackstone para vender o Cosmopolitan.
Na Europa, a Accor concluiu a união de forças com a Ennismore em uma entidade hoteleira voltada ao lifestyle e a tendência é que mais empresas façam jogadas desse tipo. Em 2018, a aquisição da Two Roads Hospitality da Hyatt, que incluiu marcas como Thompson Hotels, foi similar nesse sentido.
O fato de empresas como Wyndham e IHG Hotels & Resorts lançarem, cada uma, um selo boutique para seus respectivos portfólios de marcas, sinaliza que quase todos na indústria hoteleira desejam o tipo de propriedades que a Accor e o Hyatt vêm buscando.
F&A no Brasil
No Brasil, negociações de F&A também aconteceram nos últimos meses. A Atlantica Hospitality International incorporou empreendimentos da Bristol Hotels ao seu portfólio por meio de contratos de licenciamento de marcas em parceria fechada em dezembro de 2020. Mais tarde, a operadora assumiu a gestão de 24 unidades do Transamerica Hospitality Group, em outubro do ano passado.
Ainda é cedo para saber quais serão os novos rumos de F&A na hotelaria brasileira, mas é fato que a crise trouxe diferentes direcionamentos para empresas e empreendimentos fortemente impactados pela pandemia.
Uma alternativa adotada por investidores é a transição de hotéis para outros produtos imobiliários, como é o caso do Ipanema Praia Hotel, adquirido pela Bait Incorporadora. Em breve, a propriedade funcionará como um residencial de luxo. Outro exemplo é o fim das operações do Maksoud Plaza, que fechou as portas no início de dezembro por questões financeiras e administrativas, ainda sem destino definido para o ativo, muito embora se fala na transformação para um hospital.
(*) Crédito da foto: geralt/Pixabay