domingo, 22/setembro
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Focus desta semana reforça retórica a favor de queda na Selic

Divulgado hoje (10) pela manhã, o mais novo Relatório Focus manteve a mediana das projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) manteve a trajetória de queda observada nas últimas semanas. Para os demais indicadores, as estimativas dos economistas do mercado financeiro ouvidos seguiram estáveis, mas a retórica de queda na Selic ganha força à medida que a inflação vai perdendo força.

Segundo o relatório do BC (Banco Central), a mediana das projeções do IPCA em 2023 caiu de 4,98% para 4,95%. Já para 2024 e 2025, os economistas consultados mantiveram o indicador em 3,92% e 3,60%, respectivamente. Vale destacar que a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,25% em 2023, bem como de 3% em 2024 e 2025, sempre com margem de 1,5 p.p. para cima ou para baixo.

Para a taxa básica de juros (Selic), o ponto-médio das expectativas manteve-se em 12% em 2023, em 9,5% no ano seguinte e em 9% no fim de 2025. Já para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a expectativa dos economistas permaneceu em 2,19% este ano e 1,28 no ano que vem. Para 2025, por sua vez, houve ligeira queda de 1,81% para 1,80%.


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Por fim, em relação ao câmbio, o Relatório Focus desta semana mostra que as previsões para a cotação do dólar se mantiveram estáveis em R$ 5 para o final de 2023. Em relação ao ano que vem e 2025, houve ligeira queda nas estimativas: de R$ 5,08 para R$ 5,06 e de R$ 5,17 para R$ 5,15, respectivamente.

Para baixar o Relatório Focus completo, acesse o site do BC no https://bit.ly/43qTsyk.

Selic

A trajetória de mais de um mês de recuo das projeções para o IPCA na Focus dão mais força ao discurso do governo federal para baixar a Selic. Mais ainda, o mercado financeiro parece abraçar também essa retórica, vendo espaço para redução da taxa básica de juros. Soma-se a isso o alívio na percepção de risco no Brasil, o que alimenta “sonhos” de um corte de 0,5 ponto percentual já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

O mercado, de fato, já começa a embutir nos preços uma Selic mais baixa à frente. No fechamento dos negócios de sexta-feira (7), por exemplo, o mercado de opções digitais indicava 45% de chance de redução de 0,25 ponto na próxima reunião do Copom, contra 41% de possibilidade de corte de 0,5 ponto.

“Pelo fato de estarmos nos aproximando de um ciclo de cortes, o mercado está entendendo as condicionalidades da política monetária e a forma como o BC reage, o que gera esse movimento na curva”, explica Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa econômica do Santander, em entrevista ao Valor Econômico.

“O nível da Selic em 13,75% era condizente com um cenário muito negativo das expectativas de longo prazo. De repente, o nível de desancoragem caiu pela metade, com risco de ir ainda mais para baixo. Isso abre espaço para que o BC seja um pouco mais agressivo neste começo de ciclo, justamente para poder fazer frente a essa reancoragem das expectativas”, acrescenta Igor Velecico, economista-chefe da Genoa Capital.

(*) Crédito da capa: Agência Brasil