Há mais de 42 anos trabalhando como gerente no Hotel Regina, Antonio Estevez não cansa de elogiar o hotel centenário. Embora tenha nascido na província de Columbia, na Espanha, o profissional veio para o Brasil com 17 anos. Pouco tempo depois, caiu por acaso na hospitalidade e se apaixonou completamente pelas oportunidades, conexões e vivências que o ramo lhe proporcionou desde então.
“Pouco me lembro de minha infância na Espanha. Tenho algumas memórias, mas nada muito relevante. Sabia apenas que estava tudo muito ruim, era a época do Franco, logo após a guerra”, conta Estevez, que ainda guarda um charmoso sotaque espanhol, “Por conta disso, muitos espanhóis estavam saindo e indo para outros países”, continua.
“Além disso, meu avô, meu pai e um tio estiveram por aqui, então era meu destino viver no Brasil. Quando fiz 17 anos, vim para trabalhar para meu tio e acabei gostando muito daqui. É um grande e ótimo país, e o Rio de Janeiro não é conhecido como Cidade Maravilhosa por acaso”, comenta o gerente, que ressalta seu amor pelas praias da capital fluminense.
Estevez conta ainda que viveu em diferentes bairros até morar na Tijuca. A primeira casa onde morou, assim que chegou da Espanha, ficava no Flamengo, onde o Hotel Regina está localizado. Lá, viveu por quase toda sua vida, até se mudar para o centro da cidade, na Rua Riachuelo, e depois na Praça da Bandeira.
Quando perguntado quais seriam suas melhores qualidades, Estevez humildemente disse que não sabia e hesitou em responder. Com um pouco de incentivo, comentou que acreditava ser uma pessoa boa, calma e maneira, o que, na breve ocasião em que nos conhecemos, posso confirmar sem quaisquer ressalvas. Valoriza as pessoas e as trata bem, portanto admira aqueles que fazem o mesmo, traço de personalidade que o garante excelência no trabalho que ocupa.
Hotel Regina: décadas de história
Mas ora, você deve estar se perguntando: o que faz alguém ficar tanto tempo no mesmo emprego? Fora sua natureza hospitaleira, Estevez também gosta muito das oportunidades e histórias que sua função lhe proporciona, sua equipe, que compartilha do mesmo sentimento por ele, além de conhecer o hotel como a palma de sua mão.
“Entrei muito jovem aqui no Hotel Regina, o empreendimento até mudou de dono e eu continuei, por mais de 42 anos”, relembra Estevez. “Gosto muito desse ramo, pois lidamos sempre com pessoas diferentes, de todo o Brasil e mundo afora. E se tem algo que eu gosto de fazer é conversar e conhecer pessoas novas”, continua.
“Sempre me dei bem com todo mundo, tanto com os funcionários, quanto os patrões antigos e novos, e todos aqui gostam de mim com certeza”, conta o gerente, que também afirma ter se aposentado há mais de 10 anos. “Quando você trabalha com algo que gosta e se sente bem, não tem realização ou sentimento melhor”, avalia.
“Ele é fantástico”, elogia Reinaldo Chaves, recepcionista do Hotel Regina. “Tem uma expertise pras coisas que poucas pessoas tem, além de ser muito ativo, ainda mais para alguém da idade dele. Também conhece o hotel com a palma da mão e, para tudo que viermos a precisar, principalmente problemas de atendimento que pensamos não ter solução, ele sempre encontra uma”, revela.
Sua função no hotel, como parte da gerência, é basicamente a de faz-tudo. “Trabalho para a gerente geral fazendo um pouco de tudo. Eu percorro o hotel, vejo o que está certo, o que está errado, mando consertar, levar para outro lugar, etc… É assim, ninguém precisa me falar nada, pois estou sempre de olho em tudo”, brinca Estevez. “Nunca digo não, sempre que eu puder, eu ajudo”, completa.
Além disso, o profissional conta que suas várias décadas de atuação no cargo lhe garantiram a oportunidade de conhecer celebridades e autoridades reconhecidas internacionalmente. “O hotel é bom, a localização é boa e a clientela é boa. Aqui fica pertinho de tudo, praia, aeroporto, etc. Por isso, se hospedam pessoas famosas de todo tipo. Estiveram aqui muitas autoridades importantes, como o ex-presidente de Cuba, Raul Castro”, destaca.
Por fim, Estevez também conta que fica muito contente ao receber pessoas que retornaram ao hotel depois de décadas, incluindo hóspedes dos anos 1980 que o procuram no empreendimento. “Um mês atrás, chegou um cliente aqui dizendo que havia se hospedado no hotel na década de 1980, mas que parecia estar confuso. Então, confirmei que ele não estava no lugar errado, mas que estava diferente, pois o hotel passou por reformas na decoração interna”, relata o gerente.
(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News