domingo, 22/setembro
InícioNEGÓCIOSMercadoIBGE: desemprego cai para 11,2% e renda segue em queda

IBGE: desemprego cai para 11,2% e renda segue em queda

De dezembro a fevereiro, a taxa de desemprego recuou para 11,2%, menor para o período desde 2016, com variação de 0,4 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior (11,6%). No entanto, de acordo com dados divulgados hoje (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a renda média ainda revela fragilidade, apresentando queda de 8,8% em relação ao mesmo período de 2021.

O levantamento, que integra a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), registrou 12 milhões de desempregados no trimestre até fevereiro. O número, que inclui mercados formais e informais, é consideravelmente inferior ao mesmo período de 2021, com 14,9 milhões (14,6%).

“No trimestre encerrado em fevereiro, houve retração da população desempregada, o que já vinha acontecendo em trimestres anteriores”, afirma Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, em matéria veiculada pelo InfoMoney. “A diferença é que nesse trimestre não se observou um crescimento significativo da população ocupada”, completou.


LEIA TAMBÉM


O número de pessoas ocupadas foi estimado em 95,2 milhões até fevereiro. É uma leve variação de 0,3% frente ao trimestre anterior, o que é considerado estável pelo instituto. Segundo Adriana, o período analisado costuma verificar perda de fôlego na população ocupada, por conta do desligamento de trabalhadores temporários, sinalizando a volta do mercado de trabalho a padrões de sazonalidade da pré-pandemia. Na comparação anual, o índice de ocupados teve alta de 9,1% ante o período finalizado em fevereiro de 2021 (87,3 milhões).

Renda média frágil

No último trimestre até fevereiro, o rendimento médio real foi estimado em R$ 2.511, apresentando relativa estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.504). Contudo, é o menor já registrado em um trimestre encerrado em fevereiro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Na comparação anual, o rendimento caiu 8,8% frente a fevereiro de 2021. À época, a renda média era de R$ 2.752.

“A fraqueza da economia e a alta dos preços continuam respingando no rendimento médio real, que ficou em R$ 2.511, patamar muito baixo historicamente”, diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank em entrevista à Folha de São Paulo. “O desemprego em patamar elevado e a inflação em alta continuarão pressionando para baixo a renda real do trabalhador”, complementa.

Outros indicadores

Entre os dados do IBGE, se destaca a baixa no número de trabalhadores autônomos, que havia crescido ao longo da pandemia. Até fevereiro, foi estimado 25,4 milhões de pessoas nesse modelo de trabalho, baixa de 1,9% em relação ao trimestre anterior. Enquanto isso, o índice de empregados com carteira de trabalho no setor privado subiu para 34,6 milhões, alta de 1,1% na mesma base comparativa.

Segundo Adriana, essa leve movimentação de autônomos para empregos formais pode ter contribuído para a estabilidade na renda média, visto que autônomos sem CNPJ costumam ter rendimento mais enxuto.

Efeitos da inflação e juros altos

A crise sanitária foi um golpe forte no desemprego do país, que chegou à faixa dos 15 milhões no começo de 2021, segundo a Pnad. Com a reabertura da economia, o mercado de trabalho recuperou ligeiramente, causando uma queda na população desocupada nos últimos trimestres.

Todavia, de acordo com economistas, a recuperação mais consistente do emprego e da renda depende do crescimento da atividade econômica como um todo. Com as fracas previsões para o PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, sob efeito da alta inflacionária e dos juros, pode ser uma realidade distante.

(*) Crédito da foto: voltamax/Pixabay