Desde o anúncio do resultado das eleições presidenciais, no último domingo (30), que culminou na derrota de Jair Bolsonaro, o turismo tem vivido momentos de incertezas. As manifestações e bloqueios em rodovias por parte dos apoiadores do atual presidente desencadearam uma série de cancelamentos de voos, ônibus e viajantes presos nas estradas. Com o agravamento da situação às vésperas do feriado do Dia de Finados, celebrado no dia 2 de novembro, o impacto na demanda não foi sentido de maneira uniforme.
Em Santa Catarina, um dos estados mais bolsonaristas do país, o turismo percebeu certa escassez de visitantes na folga desta quarta-feira. Segundo informado pelo site Diarinho, os bloqueios nas estradas enxugaram os resultados esperados pela rede hoteleira de Balneário Camboriú e região, com impactos ainda previstos para os próximos dias.
Os principais atrativos da cidade registraram movimento abaixo do esperado, enquanto o setor hoteleiro ainda contabiliza os prejuízos causados por cancelamentos de reservas. Para Margot Rosenbrock Libório, vice-presidente do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, os bloqueios devem afetar os resultados do mês de novembro. De acordo com a executiva, hotéis que estariam perto de 100% de ocupação no feriado amargaram apenas 30% dos quartos ocupados.
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“Desde segunda-feira há muita dificuldade no deslocamento, grande fluxo de cancelamento de reservas e não há recebimento de novas reservas para essa semana. Uma situação bem complicada”, avalia Margot, que alega que os cálculos dos prejuízos só poderão ser contabilizados quando a situação voltar à normalidade.
“Porque aí conseguimos comparar o previsto com o realizado. Hoje não dá para saber onde isso vai parar. Se não termina logo, vai ser o caos”, comenta a vice-presidente da entidade. No hotel da empresária, Margot citou o caso de um grupo de 30 pessoas que ficaria no estabelecimento. Eles tiveram que interromper a viagem devido aos bloqueios.
E não foram apenas os turistas rodoviários que não chegaram aos seus destinos. A rede hoteleira de Balneário Camboriú também deixou de receber hóspedes que se deslocavam pelo aéreo, mas que perderam o embarque ou tiveram seus voos cancelados.
Além dos hotéis, Margot ressalta que toda a cadeia produtiva foi impactada por um efeito cascata. “Vai sentir o comércio, que não vai vender. Vão sentir os restaurantes, que vão ter menos clientes. Vão sentir os atrativos turísticos, porque os turistas não conseguem chegar para fazer os passeios”.
De acordo com o G1, o último ponto de bloqueio em Santa Catarina foi liberado ontem (3), em Pouso Redondo, no Vale do Itajaí, após quatro dias de atos ilegais. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, não há mais trechos obstruídos no estado.
O contraponto do Nordeste
Do outro lado do país, a situação foi diferente. Com menor adesão dos movimentos antidemocráticos, Pernambuco vivenciou um feriado de normalidade. As informações do Jornal do Comércio apontam que a ocupação hoteleira do estado não foi afetada pelos bloqueios em rodovias.
Artur Maroja, presidente da ABIH-PE (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco), afirma que o turismo não observou quedas bruscas em sua demanda. “Não sentimos nenhum movimento excepcional em decorrência desse momento de instabilidade, nada além do normal. Trabalhamos sempre com reservas sendo efetuadas e canceladas, todos os dias”.
“Claro que um período de instabilidade ocasiona menos reservas e se cancela um pouco mais, mas neste momento atual, as vendas estão aquecidas e temos um cenário de normalidade em nossa operação”, acrescenta.
Maroja pondera que a movimentação no feriado varia de destino para destino, mas ressalta que o setor não observou demanda fora da normalidade. “Finados não é um feriado gerador de fluxo turístico tanto quanto outras datas. Geralmente, a parte corporativa que fica mais retraída no período. Tivemos um feriado com boa taxa de ocupação em destinos de lazer como Porto de Galinhas, Gravatá e Fernando de Noronha”.
Após três dias, nesta quinta-feira (3), Pernambuco se tornou um dos estados que não registra mais interdições feitas por bolsonaristas em rodovias federais.
(*) Crédito da foto: andreadelima87/Pixabay
