sábado, 21/setembro
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Intenção de consumo segue avançando em maio, diz CNC

De acordo relatório da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) avançou 2,4% em maio, descontados os efeitos sazonais, e manteve a tendência de alta. O nível de consumo atual teve, no período, seu aumento mais expressivo, de 3,4%, com a combinação de inflação mais baixa e emprego mais favorável, embora o indicador ainda esteja na zona negativa, com 81,5 pontos.

Os consumidores também apontaram maior intenção de consumo de produtos duráveis, mas a alta tem relação com a base de comparação mais baixo. A avaliação de renda atual teve incremento de 2,9% e o indicador atingiu seu maior nível (115,3 pontos) desde maio de 2015. Ainda segundo a pesquisa, cerca de 36,5% dos consumidores consideram sua renda melhor do que há um ano, a maior desde março de 2020, início da pandemia de Covid-19.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, diz que diversos fatores auxiliaram a elevação da intenção de consumo. “Houve crescimento de todos os indicadores nas comparações mensal e anual, especialmente por conta das sucessivas quedas da inflação além do esperado, o que tem dado perspectiva de crescimento para o indicador”, explica.


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Para ele, como o mercado de trabalho segue apontando para alta das contratações formais, mesmo que em menor intensidade em relação ao ano passado, essa pode ser uma tendência para os próximos meses, mesmo com o endividamento em nível elevado e os juros altos, que limitam os efeitos positivos da maior renda disponível para consumo.

Inflação baixa melhora renda dos mais pobres

Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a evolução da inflação em abril mostrou desaceleração, com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,18%, em termos atuais. O dado situa-se dentro do intervalo da meta de inflação do Banco Central, que é de 4,75%, pelo segundo mês consecutivo. Além disso, a inflação dos produtos de alimentação e bebidas, itens que mais pesam no orçamento das famílias de renda menor, desacelerou, com alta de 1,52% neste ano.

Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa, diz que a maior intenção de compra nas faixas de renda mais baixas está relacionada com a melhora da avaliação da renda. Tanto no mês, quanto no ano, a percepção de que o dinheiro está comprando mais teve alta mais evidente entre os consumidores de rendas média e baixa (3,1% e 31,2%, respectivamente). “Além disso, o consumidor de baixa renda está mais seguro no emprego, o que tem levado à maior satisfação no trabalho por esse grupo”, diz.

A dinâmica de crescimento da intenção de compra entre os consumidores de menor renda fez os índices das duas faixas de rendimento se aproximarem. O número de consumidores com até dez salários mínimos que consideram a renda atual melhor do que há um ano chegou a 34,6%, maior percentual em três anos. “Mas é justamente entre esses consumidores que o endividamento e a inadimplência mais cresceram em um ano até abril”, analisa Izis.

Já no recorte por gênero, o otimismo vem crescendo entre as mulheres, o que aproximou a intenção de consumo dos dois grupos. O indicador avançou 27,1% em um ano para o público feminino, enquanto a intenção de compra teve incremento de 20% entre os homens que se mostraram mais cautelosos. “Com mais mulheres ingressando no emprego formal desde o ano passado, a percepção delas sobre a segurança no emprego e renda também tem melhorado”, conclui a economista da CNC.

(*) Crédito da capa: Tumisiu/Pixabay