sábado, 21/setembro
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O que mais motiva o profissional brasileiro? Não é dinheiro, diz estudo

Remuneração compatível com a categoria? Possibilidade de crescimento na empresa? Benefícios? O que mais motiva o profissional brasileiro no mercado de trabalho atual? Segundo uma pesquisa desenvolvida pela Talent Academy, nenhuma das alternativas anteriores. O levantamento feito com mais de 25 mil trabalhadores revela que o driver motivacional que mais leva ao engajamento e produtividade é o desafio.

Isso mesmo, você não leu errado. A pesquisa divulgada pela Bloomberg Línea pode parecer surpreendente, mas para a maioria dos profissionais o principal motivador é o desafio proposto pela empresa e cargo. E o resultado vale para diferentes gerações, gêneros, posições e escolaridade.

Para 59,3% dos homens e 50,4% das mulheres, o desafio está no topo da lista. No recorte geracional, tanto a Geração X (42 a 59 anos de idade), quanto a Geração Y ou Millennials (29 a 42 anos de idade), o motivo é prioridade para 59,2% e 58,6% dos respondentes, respectivamente.


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Para a Geração Z (13 a 28 anos), conhecida por sua quebra de padrões frente às gerações anteriores, o componente “desafio” (47,3%) aparece em destaque, quase empatado com “propósito” (47,1%).

“As pessoas com esse perfil têm a percepção de que podem alcançar qualquer coisa que desejam na vida. À medida que se desenvolvem, procuram desafios maiores, seja no campo pessoal ou profissional”, diz a startup brasileira que atua na área de RH (Recursos Humanos).

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Salário é motivador temporário, diz Moraes

Muito além da remuneração

Em entrevista à Bloomberg Línea, Renata Betti, sócia e cofundadora da Talent Academy, afirma que entender a motivação profissional ajuda a identificar e aplicar estratégias para gerir pessoas e equipes, o que reflete na produtividade. “Se uma pessoa está desmotivada no trabalho e a empresa não oferece o que é importante para ela, não funciona”, diz a executiva.

Especialista em carreira, Renata destaca que o resultado da pesquisa não listar dinheiro ou promoção no topo do ranking ainda causa surpresa nas empresas. “A questão é que essa percepção, quando se mostra equivocada diante do que é realidade, contamina outras práticas corporativas, como dar aumento salarial pensando que somente isso vai segurar o profissional”.

Para Márcio Moraes, consultor de carreira da QI Profissional, o resultado surpreende em partes. Segundo o profissional, para cargos mais elevados, é natural que o desafio se sobressaia, uma vez que estes são colaboradores que já conquistaram estabilidade financeira.

“O salário é um fator motivador temporário. Quando consigo melhores condições, a preocupação passa a ser o crescimento na carreira e onde quero chegar. É algo subjetivo que vai além das metas da empresa. A remuneração não aparece em primeiro lugar em outras pesquisas, pois os colaboradores também estão em busca de outros atrativos”, comenta em entrevista ao Hotelier News.

O consultor salienta que, para entender a pesquisa a fundo, é preciso saber quais pacotes de benefícios os respondentes possuem. “Melhoria salarial faz parte do processo, mas outros detalhes seguram mais os talentos a partir do momento que ultrapassam a barreira da remuneração”.

Recorte hoteleiro

Levando o debate para o setor hoteleiro, o cenário é diferente. Com tantos desafios, como jornadas exaustivas, escalas pouco atrativas, baixa remuneração e pouca retenção de pessoas, o desafio pode não ser o maior fator motivacional desses profissionais.

“Não podemos generalizar, pois temos hotéis e empresas que percebem a remuneração como fator motivacional. Contudo, em sua maioria, a hotelaria ainda não atingiu esse patamar. Não ultrapassou a barreira do salário para pensar em outros critérios”, avalia Moraes.

O consultor ainda provoca, questionando quais desafios a hotelaria propõe aos seus colaboradores que não sejam metas a serem batidas. “Como os hotéis alinham seus propósitos para além do lucro? De que forma o setor é referência? A indústria precisa sair desse ciclo focado apenas em receita para percorrer outros caminhos, como meio ambiente, pessoas, bem-estar, etc”, finaliza.

(*) Crédito da foto: louisehoffmann83/Pixabay