Em agosto, aproximadamente 370 hoteleiros participaram do evento Hotel Trends Orçamentos, e uma das principais dúvidas presentes nas discussões foi: chegamos ao limite de crescimento de diária média?
Primeiro, entendamos até onde chegamos
Não é novidade que os hotéis de lazer vivem o momento de maior desempenho no país. E nos destinos urbanos, os crescimentos de diária no primeiro semestre de 2023 chegaram a 34% acima da inflação em comparação com o mesmo período do ano passado.
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A discussão sobre voltar aos patamares de 2019 também finalmente terminou. No agregado dos mercados nacionais, tanto em diária, como em ocupação, estamos 12% e 2% acima, respectivamente, dos valores pré-pandemia.
E superar em 12% as diárias de 2019 é o suficiente?
A resposta é simples: não! Peguemos o caso da cidade de São Paulo, o principal mercado hoteleiro do país. Em comparação com o início de 2013, as diárias, corrigidas pelo IPCA, ainda se encontram 11% abaixo da série histórica. E nos últimos 10 anos, tanto o custo de operação como o custo de implantação dos nossos hotéis subiram muito, a exemplo do INCC (+93%). Com menos receita e mais pressão de custos, não por acaso as margens operacionais dos nossos hotéis encolheram ao menos 5 p.p. (descontado o benefício do Perse).
Como seguir com diárias em crescimento se a economia não ajudar?
De fato, o ambiente macroeconômico não é o mais fácil. Para 2024, analistas econômicos esperam evolução próxima a 1,5% do PIB e juros (Selic) ainda em dois dígitos. Logo, não se esperam aumentos significativos em demanda na média do país. Em outras palavras, o crescimento orgânico de tarifa acabou.
Por outro lado, também há oportunidades. Entre elas:
- Eventos seguem em alta e o setor continua otimista para 2024.
- As diárias corporativas pouco evoluíram até aqui e chegam a estar 50% abaixo das tarifas públicas.
- Com reformas, o potencial de receita dos hotéis pode crescer até 30%, em média.
- Ainda há potencial para melhorar as práticas de gerenciamento de receitas.
- Além de tarifa, outras fontes de receita podem ser mais bem estimuladas em nossos hotéis.
Em resumo, “não”. Ainda não atingimos o limite de crescimento de tarifa em nossos hotéis.
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Pedro Cypriano é especialista em investimentos e gestão estratégia, fundador e sócio-diretor da Noctua | Inteligência em hospitalidade e entretenimento. Ao longo dos últimos 20 anos, liderou centenas de projetos junto a consultorias globais, na Europa, no Oriente Médio, na África e na América Latina. Autor do livro Desenvolvimento Hoteleiro no Brasil, pela editora SENAC, e professor em cursos de pós-graduação e programas executivos no Brasil e no exterior.
(*) Crédito da capa: arquivo pessoal
