sábado, 21/setembro
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Por que os desenvolvedores insistem em extended stay?

É fato, o modelo extended stay está ganhando mais espaço no mercado. Cada vez que você pisca, alguma empresa anuncia uma nova marca, segundo artigo do Hospitality Investor publicado no Hotel News Resource. A categoria está na vanguarda do desenvolvimento da indústria nos EUA, e como algumas das principais redes globais são originárias de lá, é uma tendência que certamente chegará ao Brasil.

Os números confirmam. De acordo com a Future Market Insights, as projeções indicam que o mercado está preparado para manter um ritmo constante de expansão, com estimativa de crescimento anual de 11,8%, de 2023 a 2033. Esse aquecimento consistente deve impulsionar o segmento para um valor de US$ 166,58 bilhões na próxima década.

Mas por que esse boom? O retorno sobre o investimento é sempre um bom ponto de partida. Com espaços menores e a ausência de serviços de alimentação, os empreendimentos extended stay geralmente são mais baratos para construir e manter em comparação com hotéis de serviço limitado ou completo. Além disso, o modelo de estada prolongada tem eficiências operacionais inerentes. Por exemplo, os requisitos de pessoal são menores, pois a limpeza é semanal, em vez de diária, e menos check-ins e check-outs significam menos demanda na recepção.


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Segundo Matt McElhare, diretor sênior de Marcas Extended Stay na Choice Hotels International, um estabelecimento desse modelo pode operar com menos de oito funcionários em tempo integral, enquanto uma propriedade de categoria intermediária pode funcionar com uma equipe de 11. Todas essas eficiências, diz, significam que é possível aumentar o lucro operacional bruto entre 10% e 15% em relação aos serviços limitados.

Entendendo o cenário

Claro, uma oferta maior não é lucrativa sem demanda, mas a procura está presente. Ela vem em parte do aumento de trabalhadores remotos e da maior necessidade de hospedagem temporária para profissionais contratados para realizar novos projetos de infraestrutura, e em parte da necessidade de moradia em mercados onde os aluguéis de apartamentos são limitados ou muito caros.

Jamie Lane, economista-chefe da AirDNA, que analisa dados de aluguel de curto prazo, diz que o sucesso do Airbnb e seus similares forneceu uma prova de conceito. “Devido ao sucesso do Airbnb em atrair o segmento de pessoas que têm flexibilidade quanto ao local de trabalho e residência, a indústria hoteleira percebeu que não havia hotéis extended stay suficientes em relação à demanda”, afirma. “Antes da pandemia, 13% dos aluguéis de curto prazo eram para mais de 28 dias. Durante a pandemia, esse número saltou para 20%. Como resultado, durante a crise, o Airbnb se mostrou mais resiliente do que o modelo hoteleiro em geral”, complementa.

Dito isso, o segmento superou o restante da indústria hoteleira durante a pandemia. Os hotéis extended stay tiveram ocupação 50% maior em 2020 do que os convencionais durante a Covid-19, de acordo com a divisão STR do CoStar Group, que analisa dados da indústria hoteleira. O sucesso foi devidamente observado por investidores, desenvolvedores e empresas hoteleiras.

McElhare diz que o segmento “ainda está subdesenvolvido, com um desequilíbrio de oferta de dois para um que deveria sustentar um crescimento contínuo no espaço, especialmente nos pontos de preço mais baixos”. Por isso, várias empresas hoteleiras, durante e pós-pandemia, têm lançado novas marcas de estada prolongada.

Quem está fazendo o quê

A nova marca da Wyndham é o ECHO Suites, um produto de categoria intermediária inferior introduzido em 2022. A propriedade de 124 quartos, construída sob medida e totalmente nova, complementa a Hawthorn Suites, uma estada prolongada de categoria intermediária que a rede possui há 15 anos.

“Notamos que havia uma lacuna em nosso portfólio e no mercado para estadas prolongadas totalmente novas. Então, projetamos um protótipo voltado para eficiência operacional e econômica. Descobrimos que o ponto ideal era uma construção nova com 124 quartos. Quando você opera um hotel de 124 quartos em serviço completo, precisa de 23-25 funcionários em tempo integral. Com o modelo ECHO Suites, você precisa de sete e meio”, pontua Chip Olsson, diretor de Desenvolvimento da Wyndham.

A marca foi apresentada aos investidores cerca de um ano e meio atrás, e nesse período, 265 hotéis foram assinados. Vários já estão em construção e os primeiros devem abrir no primeiro trimestre de 2024.

Muitos dos projetos estão alinhados com locais impactados pela Lei de Infraestrutura e Empregos de 2021 e pela Lei de Ciência e CHIPS de 2022. A Wyndham acredita que essas legislações, que exigem o desenvolvimento de infraestrutura nos EUA, impulsionarão os negócios.

“Acreditamos fortemente no programa de infraestrutura e sabemos onde esses gastos estão em cada estado. Na verdade, temos uma pessoa dedicada exclusivamente a trabalhar onde as despesas com infraestrutura estão em cada estado. Compartilhamos essas informações com os desenvolvedores, que podem então construir nesses locais privilegiados”, acrescenta Olsson.

Choice opta por crescer no extended stay

A Choice está no ramo de extended stay desde o início dos anos 2000. Começou com o Mainstay Suites, marca de categoria intermediária construída do zero, e os Suburban Studios, uma bandeira de conversão econômica. Nos últimos cinco anos, a marca de estadas prolongadas econômicas Woodspring Suites entrou para o grupo por meio de uma aquisição, e a Everhome Suites, a mais nova bandeira da Choice, foi desenvolvida internamente.

Todo o portfólio de estadas prolongadas, abrangendo várias marcas e segmentos, tem projeção de crescimento de 15% ao ano pelos próximos cinco anos.

O grande ponto de inflexão foi em 2018, quando a rede adquiriu a Woodspring Suites, na época a estada prolongada de crescimento mais rápido do setor.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Accor