domingo, 22/setembro
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Quer receber clubes de futebol no seu hotel?

A importância da hotelaria ao futebol é muito maior do que aparenta. Partes importantes da rotina do jogador antes dos jogos, como um bom sono e alimentação regrada, ficam nas mãos de hotéis por todo o Brasil. A demanda exige entrega intensa das equipes de logística e A&B (Alimentos & Bebidas) dos empreendimentos, mas traz bons frutos aos que conseguem promover um serviço bom e nos padrões desejados pelos clubes.

E quais são as exigências para ter times de futebol no seu hotel? A reportagem do Hotelier News falou com dois players do mercado que recebem delegações. O primeiro, em São Paulo, hospeda times da série A do Campeonato Brasileiro e outros que disputam a Conmebol Libertadores: InterContinental São Paulo. De acordo com Gabriela Alves, diretor de Vendas e Marketing da unidade, os principais fatores são localização, flexibilidade com horários e alimentação.

“A localização do estádio é importante para determinar o hotel que os clubes vão se hospedar. Acho que uma das razões para recebermos esse público com frequência está relacionado a isso. Outra questão é a adaptabilidade que temos de sugerir até cinco tipos de cardápio aos times, tendo em vista as especificidades nutricionais dos jogadores”, aponta. Além disso, Gabriela também lembra que a volta de atletas para o hotel acontece tarde — a depender do horário do jogo. Por isso, preparação para servir um lanche às 1h, por exemplo, é um diferencial.


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Outro caso de empreendimento hoteleiro que recebe clubes de futebol é a Slaviero Hotéis. Com Ricardo Nielsen, gerente nacional de Vendas, à frente dessas negociações, a rede paranaense trabalha com clubes de todos os campeonatos nacionais. A estratégia usada inclui, além de contatos com operadoras responsáveis por indicar hospedagens aos clubes (Pallas Operadora), aprofundar-se neste universo e orshowganizar-se para eles.

“Não é da noite para o dia que um hotel passa a receber times de futebol. É um tipo de segmento que exige atenção especial e o máximo de estudo possível para fidelizá-los com bom atendimento. Parte de nos voltarmos a esse público se deve à pandemia, já que os clubes voltaram a competir antes da flexibilização acontecer na maioria dos municípios nos quais atuamos”, afirma.

Ambos executivos, Gabriela e Nielsen, citam que a exigência varia de acordo com o tamanho do clube. Quanto mais conhecido e consolidado, maior é o serviço esperado. Mesmo assim, todos os níveis de clubes demandam um certo nível de atendimento.

Com relação a ocupação dos hotéis, o índice é relativo ao tamanho da unidade. O que se tem de consenso entre ambos entrevistados é a média entre 20 e 30 acomodações ocupadas, além de andar privativo e serviços diferentes, como café da manhã separado ou mesas reservadas, além de sala de reuniões à disposição para a última conversa entre técnico e jogadores antes da partida.

Processos

A negociação para receber jogadores e comissões técnicas inclui uma visita estrutural para conferir alguns pontos nos empreendimentos. O check list inclui salas, número de quartos, estacionamento e dimensões do restaurante. Além disso, as já citadas proximidade do hotel ao estádio e o atendimento às necessidades de A&B dos jogadores são outros fatores decisivos na escolha para integrar a indicação de acomodações. Não existe, porém, uma obrigação ou norma para que os times se hospedem nessa ou naquela unidade, sendo a palavra final sempre do clube.

A atual baixa ocupação no mercado corporativo construiu uma narrativa pertinente para futebol e hotelaria. A retomada lenta e gradual desse público fez com que o futebol ocupasse um espaço de destaque nos resultados dos empreendimentos. Tudo depende do tamanho da delegação e até a fase do campeonato interfere nessa decisão, mas é uma parte importante atualmente.

Por fim, no que diz respeito à questão do pagamento, os executivos citam que hospedagens durante campeonatos estaduais são pagas pelo próprio clube. No caso da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, organizados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os times recebem um valor — não informado — para um número específico de quartos. A partir disso, os custos são arcados pela agremiação.

Clubes e Conmebol

Fora do país, não muda muita coisa. Segundo Fernando Macedo, gerente geral do Bourbon Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), a entidade futebolística – como a CBF – não interfere na escolha de hotéis por parte dos clubes. A única indicação feita atualmente, conforme disse o executivo, diz respeito às normas de sanitização. Isso inclui não permitir a visita de pessoas de fora, testagem de funcionários, jogadores e comissão técnica, distanciamento social, protocolo de lavanderia, apartamentos individuais, andar separado e outras formas de evitar contaminação.

“Dos 168 apartamentos que temos, aproximadamente 60 ficam para o futebol. A negociação ocorre diretamente com o clube e o pagamento também. A interferência da entidade só diz respeito às normas da pandemia”, complementa Macedo. O empreendimento, administrado pela Bourbon Hotéis, é propriedade da Conmebol, mas o gerente garante que não existe indicação para receber times de futebol. Apesar disso, o número de agremiações – mais de 380 – recebidos até hoje é alto e comprova a familiaridade, além do nome com o esporte.

Aparentemente, então, é um mercado que opera com técnicas e, mais que tudo, estrutura. As necessidades, claro, variam muito do time e nada impede que um hotel menor receba clubes de futebol. No entanto, pensar em formas de se especializar no recebimento de delegações ajuda a captar mais clientes assim. O Bourbon Conmebol, por exemplo possui campo para que sejam realizados treinos durante a estada.

Se o seu hotel não tem isso, seja criativo. Uma sala de reunião inutilizada pode ser transformada em “campo” para treinamento de goleiro ou simples ‘bobinhos’. O contato com operadoras é importante, mas o diferencial está no que é feito para receber esse público.

(*) Crédito da foto: Lucas Figueiredo/CBF