domingo, 22/setembro
InícioMercadoSetor de serviços bate recorde em 2022, diz IBGE

Setor de serviços bate recorde em 2022, diz IBGE

Após apresentar estabilidade em novembro frente a outubro, o setor de serviços encerrou 2022 com alta de 8,3%, fechando o ano com o maior nível da série histórica, iniciada em 2011. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o recorde veio com a retomada do segmento em dezembro, quando o indicador cresceu 3,1%.

Detentor de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, o setor de serviços atingiu o maior patamar da série histórica em setembro, seguido por quedas em outubro (-0,7%) e novembro (-0,4%), retomando sua força no último mês de 2022.

O desempenho positivo também amplia o distanciamento dos resultados frente aos níveis pré-pandêmicos, chegando ao patamar 14,4% acima do volume registrado em fevereiro de 2020 — último mês livre de restrições do coronavírus.


LEIA TAMBÉM


Já a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima crescimento de 2,5% no setor de serviços este ano.

Atividades

Para o analista da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) Luiz Almeida, a recuperação de serviços presenciais após o período de isolamento e distanciamento social de 2020 e 2021 ajuda a explicar a expansão do segmento no ano passado, com altas dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,3%).

“O setor de transportes cresce desde 2020, mas com dinâmica diferente: inicialmente, por causa da área de logística, com alta nos serviços de entrega, em substituição às compras presenciais. Já em 2022, há a manutenção da influência do transporte de carga, puxado pela produção agrícola, mas também pela reabertura e a retomada das atividades turísticas, o que impactou o índice no transporte de passageiro”, explica Almeida.

O volume de transporte de passageiros no Brasil teve alta de 7,1% em dezembro, na comparação com novembro, e fechou 2022 com alta de 29,2%, patamar 5,4% acima do nível pré-pandemia, mas ainda 18,2% abaixo do apurado em fevereiro de 2014, mês que corresponde ao ponto mais alto da série histórica.

Já a área de transportes de cargas cresceu 1,4% em dezembro, com alta de 15% em 2022. O setor está 0,6% abaixo do maior ponto de sua série, alcançado em agosto de 2022, e 33,4% acima do nível de fevereiro de 2020.

Os serviços profissionais, administrativos e complementares foram o segundo setor com maior impacto no resultado positivo, com expansão de 7,7%. Nesse caso, os destaques partiram dos ramos que envolvem empresas de locação de automóveis, serviços de engenharia, soluções de pagamentos eletrônicos e organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções.

O incremento em serviços prestados às famílias foi de 24%, puxada por segmentos como restaurantes, hotéis, bufês, catering e condicionamento físico. “Em linhas gerais, setores também ligados a atividades presenciais”, analisa Almeida. O setor de informação e comunicação cresceu 3,3% e fecha o campo das altas.

O único segmento a apresentar retração no ano de 2022 foi o setor de outros serviços (-2,1%), sob a influência de serviços financeiros auxiliares, como corretoras de títulos e valores mobiliários, administração de Bolsas e mercados de balcão organizado e administração de fundos por contrato ou comissão.

Segundo Almeida, o movimento também está relacionado à retomada dos serviços presenciais, mas de maneira inversa. “Durante o período de isolamento mais severo, as famílias de maior renda, que participam mais desse segmento, realocaram o gasto para esse setor. Com a retomada pós-isolamento, a leitura é que a distribuição de investimentos mudou, com uma realocação dos gastos familiares”.

(*) Crédito da foto: Tomaz Silva/Agência Brasil