sábado, 21/setembro
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Tecnologia redefine gerenciamento de receitas no setor hoteleiro

O avanço da tecnologia transformou profundamente o RM (Revenue Management), permitindo que gestores utilizem softwares especializados para previsões, distribuição de inventário e ajustes de tarifas de maneira eficiente e ágil. Segundo Ira Vouk, consultor de hospitalidade e membro do Hitec Advisory Council, esta prática está se tornando ainda mais central na estratégia dos hotéis. “Se falarmos sobre o futuro do RM, devemos começar com o fato de que ele não deve mais ser chamado de ‘gerenciamento de receitas’,” afirma. Para ele, o termo deveria ser substituído por “otimização de receita e lucro”, e métricas mais amplas precisam ser consideradas, além do tradicional RevPar. “Precisamos pensar em métricas de lucro e não apenas em receita”, completa o consultor.

À medida que os hotéis buscam maximizar o lucro, a convergência de dados tem se tornado essencial, aponta o Hotel News Resource. Enzo Aita, criador do FunnelTV e vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da HyperGuest, enfatiza a importância de dados de qualidade para impulsionar o sucesso comercial. “Dados confiáveis e de alta qualidade são essenciais para produzir resultados ótimos”, afirma. Ele também destaca que a IA (Inteligência Artificial) e o machine learning melhorarão as recomendações dos sistemas de gestão de receita. “Esses sistemas poderão adotar estratégias de precificação abertas, ajustando preços com base em demanda, concorrência, reputação e dados históricos, desde que tenham dados suficientes para processar”, explica Aita.

Sistemas integrados


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Com as constantes mudanças no setor hoteleiro, a integração entre sistemas se torna uma necessidade crítica. Ryan Tuckerman, diretor de Vendas e Distribuição da Ovolo Hotels, aponta que a conectividade entre plataformas será um fator decisivo no futuro próximo. “Nos próximos cinco anos, os avanços tecnológicos definitivamente influenciarão a prática, especialmente porque estamos vendo uma mudança na maneira como esses sistemas se conectam”, comenta. No entanto, Aita ressalta que ainda há desafios significativos em relação à fragmentação dos sistemas, principalmente na integração entre RMSs e PMSs. “Ainda enfrentamos barreiras técnicas e comerciais. É como se algumas plataformas quisessem manter seus clientes isolados em seus próprios sistemas”, salienta.

A integração tecnológica será particularmente benéfica para pequenos hotéis e propriedades independentes, que frequentemente não têm acesso a ferramentas de gestão de receitas tão sofisticadas quanto as grandes redes. Vouk acredita que essas propriedades podem se beneficiar enormemente de sistemas automatizados e integrados. “A inteligência artificial, especificamente o machine learning, será fundamental para agregar dados de diversas fontes, calcular previsões e enviar essas informações diretamente para os PMSs”, ressalta.

O papel do gerente de RM no futuro

O avanço da IA no setor hoteleiro também levanta questões sobre o futuro dos gestores de receita. Para Diego De Ponga, CEO da Port Hotels e ex-diretor de Gestão de Receita do Palladium Hotel Group, a IA não substituirá os gerentes de receita que souberem se adaptar às mudanças. “Quem trabalha com gerenciamento de receitas precisa entender todo o funcionamento do hotel, incorporar estratégias de distribuição e custo nas receitas e entender como o lucro é gerado. Se fizer isso, a IA não substituirá seus empregos”, afirma. Ele alerta, no entanto, que gestores que focam apenas na comparação de preços e concorrência podem estar ameaçados. “Se seu trabalho for apenas verificar concorrentes e ajustar preços, você não terá um emprego em dois anos”, completa.

Tuckerman também compartilha dessa visão, observando que o papel dos gerentes de receita se expandirá para além da precificação. “Já se foram os dias em que os gerentes de receita gastavam 80% do tempo gerando relatórios”, reforça. “Agora, ser um gerente de receita significa influenciar toda a estratégia de negócios, analisar dados, formar insights e agir sobre eles.”

Além disso, o executivo ressalta a necessidade de integração entre departamentos, especialmente os orientados para o negócio. “Um gerente de receita de cinco a dez anos atrás poderia se esconder atrás de uma planilha, mas agora precisa se conectar com outros departamentos e alavancar parcerias internas”, conclui, enfatizando que essa visão integrada será fundamental para o sucesso futuro.

(*) Crédito da foto: Pixabay