Corintiano, amante incondicional de música, marido, pai e avô. Caso fosse preciso, essas cinco características seriam suficientes para descrever minimamente José Ernesto Marino Neto. E o CEO da BSH International, quase como se defendesse a própria empresa, fala com orgulho do time do coração. “Sou sócio remido benfeitor do Corinthians desde o dia do meu nascimento”, afirma. Quanto a isso, também frisa que os dois filhos e o único neto são, igualmente, integrantes do “bando de loucos”, como é chamada a torcida do time da capital paulista.
O fato é que, além de tudo isso, o empresário pode se considerar casado duas vezes. Prestes a completar 30 anos de casado, Marino já comemora 32 anos e três meses à frente da BSH International, o que pode-se contar como outra relação importante em sua trajetória de vida.
No restante de seu tempo livre, além de torcer e aproveitar a família, o executivo escreve sobre política em seu blog pessoal e lê, principalmente, sobre história. Para acompanhar tudo isso, muita música, em especial grupos de rock e jazz.
Três perguntas para: José Ernesto Marino
Hotelier News: Como é mudar de lado, indo de consultor para investidor? O que te chama atenção neste lado da moeda agora?
José Ernesto Marino: Nós não mudamos de lado. Sempre estivemos ao lado do investidor trabalhando para que os projetos fossem sustentáveis (bom para o investidor, para o cliente, para o colaborador e para a comunidade). Nosso DNA sempre foi de asset manager, ou seja, de quem conceitua o negócio, convida investidores a comprarem o plano de negócios, gerencia a execução do plano e entrega resultados.
Introduzi os serviços de asset management hoteleiro no Brasil ao firmar, em 2000, o primeiro contrato com 33 fundos de pensão, trabalhando diretamente com o Dr. Ozires Silva no WTC-SP. Criei os principais modelos de governança para gestão de condo-hotéis. Primeiro com o Dr. Sérgio Teves, lá atrás na década de 1980, quando ele ainda trabalhava na NHT Hotelaria e Turismo S.A., atualmente conhecida por Accor Brasil, e fizemos a primeira SCP Hoteleira. Depois com a Dra. Juliana Brandt, na Accor, ao planejar o Sofitel Brasília para a Agenco e João Fortes, que nunca saiu do papel, montamos o modelo que introduz o Asset Manager como procurador (Mandatário) dos investidores em regime de arrendamento. E, mais recentemente, com o modelo batizado de Condo-Hotel BSH, adotado no NH Curitiba The Five e que está sendo utilizado para reestruturar algumas outras operações hoteleiras.
Esse modelo é muito equilibrado e cria boas relações entre investidores e operador hoteleiro com a participação ativa do asset manager como “dono”. Sem falar na coordenação do regramento do condo-hotel pela CVM, apoiado na minha teses de doutorado, coincidentemente aprovada em dezembro de 2013, mesmo momento no qual a CVM publicou o primeiro alerta ao mercado.
Durante mais de trinta anos de BSH, percebi que a maioria dos incorporadores imobiliários desejam que consultores validem seus sonhos a serem realizados com capitais de terceiros. Cansei de dar murro em ponta de faca, ainda que alguns desenvolvedores mereçam reconhecimento, como a Tecnisa, pela preocupação com o resultado a todos os players. Considerei que era o momento de juntar todo o nosso know-how e utilizá-lo diretamente de forma mais lucrativa. São mais de 30 anos de dedicação ao investimento hoteleiro com graduação em Direito, Marketing Turístico, mestrado em Administração e doutorado em Administração de Negócios. Então, somos asset managers puros, colocando nosso capital em risco também.
HN: Por que apostar em multipropriedade?
JEM: Nós não estamos investindo apenas em multipropriedade, ainda que já tenhamos projetos que somam mais de R$ 2 bi de VGV. Nosso foco na multipropriedade é no segmento de luxo. Há tempos que avião, helicóptero e barcos são objetos de fracionamento. Chegou o momento de termos propriedades de luxo, de segunda residência ou de terceira residência, fracionadas. Não estamos inventando a roda. Apenas estamos fazendo a coisa certa com produto, marca, operador, governança e regras certas. O sucesso não está apenas no produto físico, mas em toda estruturação jurídica, incluindo governança e players capazes de entregar o planejado.
HN: Quais outros tipos de projetos são do seu interesse no setor hoteleiro?
JEM:O Grupo BSH está hoje estruturado em várias empresas. A InnCorp vai permanecer como investidora. Ela detém 30% do Laje de Pedra (que se tornará um resort 6 estrelas), por exemplo. A StoneCliff é o braço de gestão em real estate. É nossa joint-venture com a MaxCap. Nós investimos no NH Curitiba e estamos em fase de estruturação de um Fundo Imobiliário de Hotéis com vários ativos. O investimento hoteleiro tem várias faces e para se obter sucesso com ele é necessário entender de riscos, de estruturas e de ciclos.
A BSH permanece como asset manager. É sua vocação desde o início. BSH é sigla de Brasil Service & Holding. BSH foi fundada com o foco de entrar nos negócios com serviços e se beneficiar do valor adicionado com participação no negócio. Basicamente, nosso futuro está traçado em replicar estruturas do Condo-Hotel BSH com a BSH, bem como em fundos imobiliários. Provavelmente a BSH deverá também ficar com o asset management das propriedades fracionadas que planejamos. A InnCorp detém participações em várias empresas e está negociando a aquisição de 10% de um hotel importante e em operação. Em breve poderemos falar disso.
(*) Crédito da foto: divulgação/BSH International