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Três perguntas para: Leonardo Freitas

Leonardo Freitas se considera uma pessoa extremamente positiva, buscando estimular as pessoas a acreditarem nos seus sonhos e ideais. Mineiro, o COO do Costão do Santinho (SC), diz que é necessário focar no bem comum, não apenas no crescimento pessoal. O executivo, pai de dois filhos, gosta de aproveitar a família nas horas vagas, e sempre acha uma brecha para praticar o catolicismo.

Freitas é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Minas e é o convidado do Hotelier News na sessão de hoje (25) do Três perguntas para. No bate-papo, diversas considerações importantes sobre as estratégias e metas do empreendimento. Confira!

Três perguntas para: Leonardo Freitas

Hotelier News: O lazer viveu um ano extremamente positivo, com elevadas ocupações e aumento das diárias. Na sua visão, será possível manter esse cenário em 2023? Ou, apesar de seguir crescendo, o mercado vai desacelerar? O que te faz pensar isso?


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Leonardo Freitas: Entendemos que há um pouco de resíduo do lazer por conta da pandemia, com a demanda crescendo. É um comportamento que provavelmente permaneça, devido ao cenário econômico, considerando fatores como o preço do dólar. Por outro lado, vejo uma responsabilidade muito maior dos players de buscar essa demanda de lazer, porque a forma como os eventos corporativos estão se desenhando é de segurar ao máximo a decisão de fechar com o destino, e quando conseguem fechar, as datas já estão ocupadas pelo lazer.

Isso me faz acreditar que teremos um 2023 forte no segmento, que terá o desafio de administrar a boa ocupação o ano todo. Por essa razão, é preciso que os eventos antecipem suas necessidades para garantir as datas desejadas.

HN: Estão previstas melhorias no resort para serem feitas ao longo do ano que vem? O que poderia destacar?

LF: Fizemos um planejamento em 2019 para nos posicionarmos de forma diferente no mercado. Não é um fato novo a mínima quantidade de resorts no Sul do Brasil, ainda mais os de praia, pela dificuldade da sazonalidade. Quando percebemos isso, tomamos a decisão de criar um masterplan voltado para gerar mais experiência ao cliente, também no período de baixas temperaturas, já que não temos frio suficiente para sermos considerados um produto de inverno nem verão o ano todo para explorar a praia como um grande equipamento.

A pandemia atrasou um pouco esse planejamento, porém seguimos com algumas obras em 2020 em 2021, como a revitalização de acessos da área social. Criamos pontos de alimentação, restaurantes e bares novos. Neste ano, voltamos fortes com o plano de investimento, com grandes empresas do Brasil de equipamentos aquáticos, integrando um parque único com piscina aquecida e brinquedos.

Para 2023, faremos investimentos significativos em espaços infantis indoor, sem deixar de explorar a natureza, que temos como poucos destinos no Brasil. Uma das nossas grandes metas é trabalhar o ano que vem buscando nos distanciar de ser uma comodity hoteleira, gerando experiências 360 e atendendo a um público variado, com know how de atender bem, da gastronomia e entretenimento. Imaginamos que para 2023 e 2024, concluiremos a reforma dos apartamentos e, junto com isso, a revitalização de áreas importantes.

HN: O setor de resorts brasileiro vem crescendo, mas essa expansão se dá, sobretudo, por meio de projetos de multipropriedade. O que você pensa desse modelo e da sua sustentabilidade? Investir nele é uma possibilidade para ampliar empreendimentos?

LF: A multipropriedade é, sem sombra de dúvida, um nicho de mercado muito interessante. No caso do Costao do Santinho, que opera no modelo condo-hotel, não há possibilidade de ampliarmos dessa forma. Mas é inegável que se trata de um negócio interessante para ser estudado no futuro.

Dentro de destinos significativos, a multipropriedade tem o papel de garantir maior relevância e atrair público, além de criar um conjunto de produto habitacional e hospedagem. Vemos Olímpia (SP) e Gramado (RS) atuando muito forte neste sentido.

Por outro lado, algumas empresas têm vendido a multipropriedade com o conceito de geração de férias, sem atrelar a entrega de um produto hoteleiro significativo. E isso é um cenário preocupante, porque alguns cases já mostram que priorizar apenas a venda do ativo imobiliário não é uma escolha tão interessante. É necessário envelopar como um produto hoteleiro, gerando experiência, senão se torna um “elefante branco”, com as pessoas querendo se desfazer da cota por não ver um produto de experiência agregado.

Entendo que é um bom negócio, mas que precisa ser estruturado, priorizando a experiência acima de tudo, porque com isso, cria-se clientes que irão potencializar novos projetos. Acredito no modelo de multipropriedade, mas ao mesmo tempo acredito que ele precisa passar por uma remodelagem.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News
(**) Notícia alterada em 28/11/22 às 16h30